Ana Carolina Salinas 05/10/2020
A escrita de Charles Dickens é algo fora do comum, simples, mas ao mesmo tempo poética, te prende na leitura e te envolve de uma forma que não sei explicar. Tem uma frase dele muito famosa sobre como contar histórias: "Faça-os rir, faça-os chorar, faça-os esperar", e é exatamente isso. Durante a leitura, ri, chorei, me irritei, senti o incômodo de algumas situações, senti medo pelos personagens... A parte do "esperar" também é real, porque é um livro enoorme e sim, tem capítulos que são mais arrastados, então é um livro que exige atenção e paciência do leitor, e vale muito a pena.
Esse é um romance de formação, escrito através de memórias, ou seja, o David mais velho está escrevendo a história da vida dele, e a gente acompanha tudo, ele narra até o dia do nascimento dele, e é genial. Nesse livro tem um capítulo famoso, chamado Tempestade, que é considerado um dos mais bem construídos da literatura. Nele, você acompanha essa tempestade se formando, ao mesmo tempo em que os sentimentos dos personagens ficam mais intensos, e tudo te deixa muito tenso junto com eles, sem contar a ambientação incrível e a aura de sonho que ele tem.
Ao ler esse livro, a gente entende também um pouco do contexto da época. Esse era um livro popular, lido por várias camadas da sociedade, em folhetim. As pessoas esperavam para ler o próximo capítulo, como uma novela mesmo. E a sociedade da Inglaterra vitoriana, século XIX, tinha uma série de tabus, então, tem assuntos nesse livro que são tradados de um jeito tão sutil e poético que se você não estiver prestando atenção, pode ser que nem perceba, como aborto e prostituição, por exemplo. A gente consegue ver também o que era esperado da mulher nessa sociedade, e como era difícil a vida de uma mulher que fosse contra isso.
É um livro maravilhoso, que vale muito a pena ser lido, e depois dele quero ler tudo o que esse homem já escreveu haha