O Retrato

O Retrato Erico Verissimo




Resenhas - O Tempo e o Vento: O Retrato - Vol. 2


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Mayane25 04/01/2017

Até agora é o volume que menos gostei. Chegar nesse ponto da história é sentir saudade de personagens fortes como Ana Terra e Bibiana. Além de ter, a todo momento, a sensação de que falta alguma coisa que havia nos dois volumes de O Continente e o primeiro de O Retrato: algo que o faça valer a pena.

A minha leitura desse livro foi bem lenta, quase 6 meses enrolando esse término (fato que surpreende a mim mesma, já que praticamente devorei os outros volumes da saga com tamanha empolgação). Porém, continuo a dizer que O Tempo e O Vento foi a minha maior/melhor descoberta literária. Acredito, até, que a lentidão tenha sido também por "saudade antecipada", já que agora chego à última parte da história da família Terra Cambará.

Decepção pequena que não foi o suficiente para me impedir de criar milhões de expectativas quanto aos livros d'O Arquipélago. A leitura desses também será bem lenta, mas de propósito: vai ser difícil largar o Veríssimo.
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Natalie Lagedo 10/05/2016

No primeiro volume de O Retrato, vimos que por motivos políticos, Rodrigo adiou o início de sua atividade médica. Neste segundo tomo, ele coloca em prática esse desejo e inclusive faz um esboço de hospital nos fundos da farmácia, auxiliado por um casal de italianos, os Carbone.

O protagonista, como já ficou bastante claro, é amante da modernidade e de tudo o que o conforto pode trazer. É neste ponto que percebemos a grande diferença entre Licurgo e seu filho, pois aquele acredita que qualquer coisa além do essencial é vaidade e feminilidade.

Com o despontar da Primeira Guerra Mundial, o livro mostra as formas como ela impactou a vida no Brasil. A esmagadora maioria do país apoiava os Aliados; as colônias alemãs e italianas, por sua vez, ficaram do lado de seus países de origem, denotando que por mais que permanecessem em solo brasileiro, ainda possuíam forte carinho pela pátria. Tanto é que Veríssimo sempre afirma que não abandonaram a cultura nem o idioma de origem.

O sergipano Tenente Rubim, em discussão sobre o espírito guerreiro do brasileiro disse algo que eu, como nordestina, gostaria de ressaltar: “Não tivemos vizinhos castelhanos com quem brigar, mas tivemos e ainda temos um inimigo que nunca nos deu tréguas: a terra, o clima. E o pior, ou o melhor, é que apesar de tudo nós amamos esse inimigo.”

Os elementos fixos do texto, como o punhal de prata de Pedro, a tesoura enferrujada de Ana Terra e a figueira da praça desaparecem da história, demonstrando as mudanças do século XX e o desapego com a tradição.

Por fim, Veríssimo faz um corte no tempo e passa para a fase em que os filhos do casal Rodrigo e Flora já são adultos. Floriano, o primogênito, é um escritor de romances desinteressado pela política e de caráter prudente. Graduou-se nos Estados Unidos e reflete sobre a situação da humanidade após a Segunda Guerra Mundial. Conclui que o pavor de ter outra disputa desse porte foi o ponto que mais favoreceu à instauração dos regimes totalitários na Europa. Chama de Horror Moderno a canalização e industrialização do medo por meio do Estado, Nacionalismo, adulteração da História, Antropologia, Biologia e afins para adequá-las ao Regime, e de Horror Atômico a bomba, que dizimou populações inteiras. E é no contexto da Guerra Fria que encerra-se O Retrato.
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Newton Nitro 29/04/2015

E continua a saga dos terra-cambará!
No segundo volume se completa a trajetória do Dr. Rodrigo Cambará, em uma das melhores explorações de personagens que já li. Veríssimo expõe completamente a alma do Dr. Rodrigo, com todas suas contradições, oferecendo questionamentos e evitando explicações, como em toda grande literatura.

Técnica narrativa impecável, e com direito a arroubos de fluxo de consciência à moda Joyciana (amei essa parte), personagens muito bem construídos e imprevisíveis, e um retrato explícito do patriarcalismo tradicional imerso na nossa história, é de chocar ver os processos mentais de Rodrigo a partir do contexto atual das relações entre homens e mulheres, e o que mais horroriza é ver que muitos dos preconceitos da época em relação à mulher continuam fortes e vivos nos dias de hoje.

Essa segunda parte mergulha mais a fundo nas discussões filosóficas que parecem ser um dos pontos centrais de "O Retrato, como se fosse um "retrato" das correntes de pensamento do início do século XX. Facismo, anarquismo, comunismo, liberalismo, mentalidade pequeno-burguês, caudilhismo, são abordados e muitas vezes "encarnados" em diversos personagens".

E mais uma vez, o cuidado com a linguagem, a lapidação frase a frase, tudo isso faz de "O Retrato" um clássico da literatura. É uma pena que a maioria dos leitores de Tempo e o Vento parem no primeiro volume, O Continente. O Retrato é um livro muito diferente do Continente, mas é fantástico, merece ser lido e redescoberto. E para quem curte escrever, O Retrato é uma aula impressionante de como mergulhar e narrar as nuances da alma de um personagem contraditório e "vivo".

E agora vamos para Arquipélago, o último volume de O Tempo e o Vento e o último livro de ficção de Érico Veríssimo.

ANOTAÇÕES FEITAS DURANTE A LEITURA (CUIDADO, PODE CONTER SPOILERS!)

relação entre licurgo e rodrigo, relação católica entre o homem e o deus patriarca

machismo e orgulho, Rodrigo trata as mulheres como objetos para saciar seus desejos

personagens com vida interior intensa, pensamentos, emoções, dúvidas, vem e vão, como o vento dentro da alma, emoções complexas, justificações, racionalizações, egoísmo, e os momento dw confiança absoluta intercalados por dúvidas profundas.

Rodrigo é o Chantecler, da peça francesa, e Dorian Gray de Oscar Wilde.

Rodrigo se revolta quando descobre que o universo não gira em torno dele.

Rodrigo, o macho da elite no auge dos seus poderes em um contexto machista.

como é bom estar vivo - frase que se repete, o lema dos Rodrigos de Érico Veríssimo.

discussões sobre a morte, livro mais filosófico, grandw trabalho de carpintaria

Rubinho, a encarnação do nascente pensamento fascista

rodrigo cambará do romance o retrato é a reencarnação o capitão rodrigo do romance o continente o homem que ama a vida sem limites sensualismo sedutor energético mas em um contexto diferente ou seja o que aconteceria se o capitão rodrigo tivesse nascido dentro do contexto de rodrigo cambará a força do sangue a força da ancestralidade talvez uma metáfora para o espírito do rio grande do sul

o nascimento so facismo nas conversas dos amigos de rodrigo

morte de fandango, morte do sul tradicional

momentos pontuais de onisciencia, por meio de recortes

Pepe, o pintor anarquista : mais um estrangeiro em Santa Fé que não gosta do lugar mas que não sabe porque fica, como Carl Winters no vol. 1 de Tempo e o Vento

Mudança no estilo: narrador em terceira pessoa próxima subjetiva, refletindo as mudanças no estilo contemporâneo de narrativa. A narrativa é focada em Rodrigo apenas, quase sem mudança de ponto de vista narrativo.

rodrigo justifica sua infidelidade constantemente, de cima de sua posição poderosa de homem de elite

conflitos entre vida familiar amante é a mulher esposa problemas sexuais

técnica narrativa transição temporal em uma frase usando o ponto de vista profundo

tema: o ego masculino sempre leva a tragédia pessoal


técnica narrativa, ao fazer exposição, use uma metáfora para unificar a exposição inteira, fica elegante e de fácil entendimento para o leitor
metáfora do leite para descrever a hieraquia social da cidade de santa fé
rodrigo e o símbolo do cometa rodrigo como cometa

o livro explora a alma masculina ante aos avanços sociais do século XX

construção coletiva da verdade sobre uma pessoa

Cidadão Kane e O Retrato de Dorian Gray, referências.

a vinda apocalíptica do cometa marcando o novo século, junto com a volta de Rodrigo para Santa Fé.

o vento como símbolo novamente " a culpa é do vento"

começa pela hora da morte, como em Cidadão Kane

desgraça nunca vem só

"Calúnia é calúnia, sempre deixa sua marca"

conflito da roça com a cidade
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Lili 13/02/2015

O Retrato - parte 2
Foi difícil para mim dar uma nota a este livro. Resolvi dar a nota máxima, mas tenho que deixar claro que achei "O Retrato" como um todo bem inferior a "O Continente". O primeiro livro é mais profundo, envolvente, completo... Este é um pouco mais raso. Mas não deixa de ser parte da melhor obra de literatura nacional que já li.

"O Retrato" se trata quase que exclusivamente de Rodrigo Terra Cambará. Existem muitos outros personagens importantes no livro, mas tudo gira em torno dele, e não o perdemos de vista por nem um instante. E, como na vida real, quando se conhece alguém tão a fundo, seus defeitos também se tornam bem aparentes. Não dá para enxergar somente as qualidades.

O personagem é de uma infantilidade e uma volubilidade que irritam a todo momento. Mas assim como todas as pessoas que o cercam no livro, o leitor também se sente encantado e atraído por seu jeito simpático, impetuoso e apaixonado. Ele conseguiu errar mais que seu bisavô homônimo (isso não é pouco!), mas ainda assim ficamos com ele até o final.

Acredito que "O Arquipélago" virá completar lacunas da história contada em "O Retrato", pois aqui vimos dois tempos totalmente diferentes (1910-1915 e 1945), com esse grande hiato sem explicações. Portanto, vamos à parte final da trilogia!
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Laura Bernardes 22/02/2014

O Tempo e o Vento - O Retrato Vol. 2 - Erico Verissimo (Companhia das Letras)
Nem sei mais o que dizer sobre O Tempo e o Vento. Cada vez me prende mais. Erico Verissimo tem um jeito maravilhoso, inteligente e cativante de escrever, e consegue misturar harmoniosamente política e romance, os dramas de uma família e os dramas de um governo. Principalmente em O Retrato, em que a história não me era conhecida, me surpreendo com todo o enredo criado. O Tempo e o Vento é um clássico, e não poderia ser diferente.
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Beto 21/12/2013

O tempo e o vento. O retrato vol. 2
O Retrato vol. 2, nos apresenta um Dr. Rodrigo Cambará, refinado, médico, preocupado com os pobres, mas vaidoso, que nos lembra a atualidade, homens vaidosos e machos, na concepção da palavra, o refino cultural, abrandou as truculências do passado, do Capitão Rodrigo, o Erico Verissimo foi mais uma vez brilhante na composição e exposição dos personagens.

” – Tinhas o mapa do Rio Grande na cabeça e no coração. Por onde quer que andasses, até os passarinhos te conheciam e estimavam. Foste um sábio e um santo à tua maneira, um rapsodo desta terra e desta gente, o melhor contador de causos que conheci. E neste momento, do outro lado da vida, montando num dos teus muitos pingos de estimação que morreram antes de ti, imagino-te cruzando num trote faceiro as invernadas da eternidade: “Ó de casa!”. E vejo são Pedro olhar para fora e dizer aos seus anjos: ” Abram a porta, meninos, é o Fandango. Entre, compadre, sente e tome um mate, faz de conta que a casa é sua” . Fandango, amigo velho, até por lá!

O caixão foi descido à cova. Licurgo agachou-se, apanhou um punhado de terra e atirou-o sobre ele. Outros o imitaram. O negro Antero tomou da pá e começou a entupir a cova. Aos poucos o grupo se foi dispersando.

Ao descerem para a casa, Licurgo resmungou, taciturno:

- Não carecia o senhor fazer discurso. O Fandango não era homem dessas coisas…

Rodrigo, que imaginava o pai orgulhoso de sua oração, ficou desapontado. Sentiu-se, porém, um pouco consolado quando Bio, tomando-lhe afetuosamente o braço cochichou:

- Me fizeste chorar, filho da mãe.

- Eu também chorei…

- Somos duas vacas.
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Ronan.Azarias 03/09/2012

Excelente
Dividir o livro em 2 volumes foi uma jogada legal da companhia das letras, mas é difícil fazer uma resenha do volume 1 somente. Até porque fica na cara ao final do primeiro volume que falta muita coisa pra acontecer.

Em um exame profundo cada personagem exprime um pensamento da época. E Rodrigo é o catalisador da mistura. Sempre as voltas com intrigas políticas das quais não tem nenhum controle e levando ao extremos seus sentimentos, este personagem dúbio vive em guerras internas entre sua personalidade egoísta e seu intelecto solidário.

Quis se casar com Flora para salvar o pai da mesma e ao mesmo tempo mostrar a sociedade que era um homem bom e direito, digno de respeito. Porém vive às voltas com suas "pandegas" com os amigos e aventuras amorosas, mostrando, neste momento que o sangue dos Cambarás fala mais alto. Bem como a sua predileção por brigas, ainda que na esfera intelectual e política.

Em suma um livro delicioso de se ler em vários aspectos, tanto para viver a história política do país quanto para se aventurar nos rolos de Rodrigo.
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Gláucia 05/07/2011

O Retrato Vol.2 - Erico Verissimo
Segundo volume da segunda parte da série O Tempo e o Vento, aqui se encerra a saga da familia Terra-Cambará, narrada sob a visão de Rodrigo Cambará que nos descreve todo o panorama histórico da década de 1940.
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Wallas Felippe 23/07/2009

Dedicado à obra!
Tempo...

Às vezes o tempo é nosso maior inimigo,
Outras vezes é nosso maior aliado.
Nada melhor do que dar tempo ao tempo,
Pois tempo é remédio para tudo

A única coisa que sinto nesse momento é o vento lá fora.
O vento sopra e o tempo passa...
O tempo e o vento...

É noite,
Só encontro você em meus pensamentos.
Meus únicos companheiros são:
O tempo e o vento...

Tudo passa,
A morte chega quando você menos espera.
Só restarão duas coisas:
O Tempo e o Vento...

(Wallas Felippe)
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zette 16/06/2009

Dando continuidade a história de "O continente", surgem novas personagens em "O Retrato".
Bibiana Terra Cambará, casa seu filho Bolivar Terra Cambará, com uma moça doente para reaver as terras que foram tomadas de seu pai pelo pai adotivo da moça. Desta união nasce Licurgo Terra Cambará que se casa com uma prima Alice Terra. Licurgo pouca convivencia tem com a mãe uma vez que sua avo Bibiana absorve completamente a atenção do rapaz, primeiro por não gostar de Luzia e tb por não entender a doença dela.Para isso ela mente, trapaceia segundo ela conta ao médico, uma figura singular que lhe é muito chegado. Nestes volumes,entram em cena , Rodrigo Terra Cambará, figura central do romance e seu irmão Toribio chamado por Bio que para mim é uma das figuras mais importantes do romance , persongem pitotesca, que adorava guerrear e que lembra seu bisavo, Capitão Rodrigo Cambaráe muito fiel as suas ideias politicas que dominava a tds naquele tempo.
Rodrigo se forma como médico, é querido por alguns e odiado por outros e se casa com Flora Quadros filha de Babalo Quadros uma das figuras mais ricas da história que tem ao seu credito, sua bondade, honestidade,sensibilidades e beleza moral.
Encontra-se tb neste livro muitas outras personagens ricas como Maria Valeria que recorda Bibiana, não em seus principios morais mas na fidelidade aos seus antepassados e na educação austera que recebeu.
Entre tds as figuras do livro, não poderia deixar de citar Fan dango, que é uma figura folclorica e amada pela familia Terra Cambará.
Para mim Bio é uma figura impressionante, quase humana, representante de uma raça em extinção, que dominava o Brasil, um sujeito forte, decidido , mulherengo mas que tinha um grande respeito e amor pelo irmão Rodrigo e pelos seus familiares.
Vale a pena ler esta trilogia. Parece-me que ela retrata a situação de td o Brasil durante os nebulosos anos das guerras em busca de um pais federalista. Não digo que recomendo pois não sou critica literaria para indicar nada a ninguem. mas esta trilogia ,para mim reperesenta o que ha de melhor em nossa literatura.
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