Vida à venda

Vida à venda Yukio Mishima




Resenhas - Vida à Venda


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Diego Rodrigues 09/12/2022

"Vendo minha vida. Use-a como quiser."
Nascido em Tóquio, em 1925, Yukio Mishima é um dos principais nomes da literatura japonesa do século XX. Além de romancista, atuou também como poeta, crítico, ensaísta, dramaturgo e ator. Sua obra explora temas como a sexualidade, a morte e a solidão, além de tecer diversas críticas a sociedade japonesa. Concorreu ao Nobel de Literatura e travou amizade com Yasunari Kawabata (há até um livro que reúne a troca de correspondência entre os dois escritores). Opositor fervoroso da ocidentalização do Japão no pós-guerra, tentou incitar um golpe militar a favor do Imperador em 1970, quando invadiu um quartel com seu grupo paramilitar Tatenokai. Sem apoio, acabou cometendo o seppuku, tradicional ritual suicida dos samurais.

Publicado originalmente em 1968, "Vida à Venda" foi um de seus últimos romances. A obra retrata a vida (ou a não vida) de Hanio Yamada, um publicitário que, acometido por um tédio mordaz, decide se matar. A tentativa de suicídio é malsucedida, mas Hanio não consegue se libertar do vazio e do desprezo que sente pela vida. É então que ele decide anunciá-la em um jornal: "Vendo minha vida. Use-a como quiser." E esse estranho "comércio" acaba atraindo uma pá de personagens peculiares: o marido que quer se livrar da esposa infiel, uma bibliotecária na posse de um livro misterioso, um estudante em busca de ajuda para a mãe enferma e por aí vai...

Ao contrário do que se imagina, a obra não é de toda sufocante e nem desprovida de humor, embora tenha um tom fatalista. Através das andanças do nosso protagonista, o autor investiga as complexidades da vida e traz à tona a seguinte questão: qual é o sentido da vida? O conflito "indivíduo vs sociedade" também entra em cena com o nosso protagonista sofrendo da mais completa inadequação. Não sei até que ponto foi uma influência direta, mas é possível encontrar alguns traços da chamada "literatura do absurdo", com o personagem passando a maior parte do romance preso a uma espécie de labirinto psicológico (Kafka) e demonstrando uma total indiferença a tudo e a todos (Camus).

Que os japoneses são donos de uma sensibilidade ímpar, isso não é novidade pra ninguém. Mas Mishima, sem dúvida, está entre os mais sensíveis que já li. A melancolia vira arte em suas mãos e como resultado temos aqui uma obra poética, irônica, com um leve toque de realismo mágico e que mergulha no âmago da condição humana. Sim, é um livro triste e pessimista (obviamente, possui gatilhos), mas é também uma obra de arte!

site: https://discolivro.blogspot.com/
@quixotandocomadani 12/12/2022minha estante
Acredito que a grande parte da graça do livro esteja nesses personagens peculiares. Que somos nós... No nosso dia a dia né... Maravilhosa a resenha e os temas a abordados, interessantíssimos!.


Diego Rodrigues 12/12/2022minha estante
Os japoneses têm uma visão muito diferenciada do cotidiano, parece que prestam a atenção naquilo que está bem diante dos nossos olhos mas que poucos percebem.. E eu adoro isso neles!




SteLar1 28/09/2021

Reflexivo
Apesar de se tratar de um tema pesado, não me senti incomodada em nenhuma parte do livro.
O personagem, depois de uma tentativa de suicídio falha, decide colocar sua vida à venda e estar a disposição de outras pessoas.

As experiências que esse personagem passa são bizarras, coisas que à primeira vista parecem impossíveis de acontecer mas que no fundo sabemos que não são tão impossíveis assim. Esses acontecimentos vão nos deixando cada vez mais presos na leitura, a narrativa é extremamente envolvente.

O final fica confuso apenas para aqueles que não prestam atenção na mudança do personagem ao decorrer do livro. Fiquei refletindo sobre ele um bom tempo.

Vida à venda fica ainda mais interessante quando lemos sobre a história de Mishima.

Por tratar do desejo de cometer tal ato de forma mais leve e descontraída, se você tem algum gatilho quanto à isso ou passou por uma situação semelhante recentemente acho melhor não ler antes de pedir a opinião de seu psicólogo/psiquiatra.
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Nathalie.Murcia 28/02/2021

Irreverente e muito interessante
Hanio tinha uma vida estável e sem sobressaltos. Em determinado dia, ao ler as notícias do jornal, as letras se tornaram baratas e ele decidiu se suicidar, na estação de trem. A tentativa malogrou e, sem coragem de fazer uma nova investida, ele publica um anúncio vendendo a sua vida, deixando-a à inteira disposição do comprador.

A partir daí, clientes insólitos, com estranhas propostas o procuram, e uma sucessão de acontecimentos bizarros ocorrem. Leitura irreverente e imprevisível. Dei boas risadas e amei a leitura. Hanio, com toda sua apatia pela vida, é um personagem muito interessante e caricato.

site: www.instagram.com/nathaliemurcia/
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Ronan 14/01/2023

"Seja como for, como era vazia essa nova vida! Vazia feito um quarto despido de mobília."

Essa leitura foi uma espiral de loucura aonde eu amei cada segundo dessa loucura!!!
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Marina.Cyrillo 07/05/2021

Vida a venda
A leitura corre rápida porque não há muito trabalho na construção da narrativa. Entendo o contexto da época em que o livro foi escrito, mas o narrador adora objetificar as mulheres ?solteirona?, ?gordona?, ?cinquentona? além de afirmações bem machistas. Na página 100 uma crítica aos professores em tom facista já me fez julgar o narrador e autor. Depois aparece mulher vampiresca, espinho transceptor na coxa, caderno com câmera, decodificador de cenouras e um fim muito idiota. Céus! Se fosse filme nem pra sessão da tarde. Se você leu, gostou e entendeu, por favor me ajude! De um título maravilhoso, obra muito mal entalhada!
Renata 24/01/2022minha estante
Ainda não terminei de ler, mas seu comentário sobre haver um trecho fascista no livro foi hilário!
Essa aversão ao comunismo nada tem a ver com o fascismo, mas com o tradicionalismo (o Japão como império) e aversão ao capitalismo e tudo que diz respeito ao mundo ocidental.
Assim como o machismo, tudo isso faz parte da cultura do Japão e é o que se reflete em muitos livros escrito por autores japoneses. Bom para lembrar que o mundo não é feito só do que a gente conhece - pode ser melhor ou (nesse caso) pior.


Marina.Cyrillo 25/04/2022minha estante
Tens razão Renata, olhar por esse contexto é mais justo.




clarice 26/12/2021

maravilhoso
queria que tivesse durado ainda mais pq toda vez mesmo eu SABENDO que ele conseguiria sobreviver eu queria ver em quantas mais situações ele passaria e perceberia que queria realmente viver eu amei tudo a única parte que fiquei meio ablaubaksbsl das ideia foi na vampira tipo muita droga muita. mas eu amo o conceito do capitalismo estragando tudo e isso tem em toda literatura oriental pq os ícones são mt mais avançados
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Carol 16/04/2021

Frustração
A leitura veio acompanhada de alta carga de expectativa, tendo em vista que a obra foi fortemente recomendada por Itamar Vieira Jr. em um episódio do podcast da revista 451. E justamente aí residiu o problema: confesso que pelo peso da indicação, criei uma expectativa exacerbada e acabei me frustrando com a leitura.

Não se trata em absoluto de classificar a experiência como desagradável. Ao contrário, assumo minha imaturidade enquanto leitora que lê por puro prazer, e reconheço que essa crueza pode ter sido um empecilho para compreender a essência e as entrelinhas da história. É sempre conveniente lembrar que a literatura japonesa mais tradicional tem essa característica: contar as histórias por meio de silêncios e metáforas.

Não me arrependo de ter prosseguido com a leitura até o final. O enredo é inusitado - um homem que fracassa em sua tentativa de suicídio decide colocar sua vida à venda - e proporciona boas reflexões e umas tantas risadas ao leitor.

Talvez eu tente reler o livro dentro de algum tempo, na busca por absorver melhor o que a obra tem a oferecer.
Marina.Cyrillo 29/05/2021minha estante
Tive uma percepção parecida...


Carol 29/05/2021minha estante
Sério Marina? Fico mais tranquila em saber que compartilhamos a opinião. Eu admito que não foi uma leitura fácil, em alguns pontos ela não fluía tão bem.




Carlos 29/07/2021

A vida à venda e os preços da indiferença
Segundo livro do Mishima que leio. Assim, me sinto obrigado a fazer uma advertência. Vida à venda não segue a estrutura narrativa que outras obras suas se tornaram notórias. O presente livro tem um estilo que se aproxima de um realismo fantástico; com situações "impossíveis" que deixam o leitor na dúvida se algo transcorreu como narrado de fato, ou se é só figurativo. Acho que isso pode causar estranheza à alguns leitores.
No mais, gostei muito do livro com traços kafkianos e existencialistas, possui um humor meio ácido, mas muito divertido. Mishima, como outros autores japoneses de seu tempo, está ciente das rupturas advindas da modernidade, parece rir e nos provocar com essa obra, sobretudo, com esse título. Numa época como a nossa em que mais do que nunca, a vida parece estar à venda, o tempo todo e a propaganda avança cada vez mais o espaço particular. Faz pensar em não ser atoa o personagem principal dessa obra ser um marqueteiro, que continua a exercer sua profissão, só que de formas diferentes, no submundo do mundo, nos lugares em que antes ele apenas via pelo noticiário do jornal. Mesmo jornal que o precipita direto ao precipício, ao constatar sua indiferença com o mundo. Mas sua nova forma de vender a vida lhe faz colidir com outros personagens que o fazem ser cada vez menos indiferente.
Enfim... o livro dá numa boa travessia, um Mishima, mesmo sendo um Mishima diferente do que esperava.
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Kayron.Kaic 15/08/2024

Vendo a minha vida. Use-a como quiser
Eu adoro histórias que me surpreendem e essa obra aqui, sem sombra de dúvidas. É construída para surpreender.

O texto do Mishima é autêntico e criativo. Do nada aparece uma vampira. Do nada uma personagem com medo de enlouquecer por acreditar que pegou uma DST, mesmo sendo virgem. Mosquitos espiões. Livro-câmera fotográfica e várias outras particularidades que conferem à história um caráter muito particular.

Uma das leituras mais diferentes deste ano.
Wash2 17/08/2024minha estante
Muito interessante. Coloquei na minha lista ?




Sheilla Darlen 11/11/2021

Extremamente bem humorado. Risos altos foram tirados de mim por dezenas de vezes. Mishima consegue tratar de um tema polêmico, o suicídio, com uma naturalidade que deve assustar a muitos, ao mesmo tempo que nos diverte com esse humor que, com certeza, deve causar estranheza na grande maioria, essa que, aliás, para o protagonista são apenas baratas neste mundo. Decadência da sociedade em todos os aspectos, suicídio por pontos de vistas que fogem um pouco do policamente correto. Amei!!!!
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NANA.3 18/05/2023

Não há moral nessa fábula.
Sinceramente eu comprei esse livro pensando que ia ser um aprendizado para a vida, que ele tivesse alguma moral, como os outros livros do Mishima. Mas acompanhar o ?comércio? de Hanio não surgiu efeito nenhum sobre mim.
Claro que em alguns momentos fiquei apavorada. Confesso que nunca li nada igual a esse livro.
Embora esse livro não tenha me afetado da forma que eu pensei que iria me afetar, Mishima foi muito inteligente ao escrever essa história.
Por que eu amo a literatura japonesa.
Hanio, espero de coração que você não tenha comprado um gato.
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Giovanebla9997k 08/08/2023

Vida a venda - Yukio Mishima
Início está resenha recomendando essa maravilhosa obra de Yukio Mishima, e assim vos pergunto "O que é realmente viver?, se não tem por quê viver você está vivendo ou apenas existindo?, quanto a moral e os objetivos sociais idealizados afetam a sua vida?". É um livro leve de linguagem estranha a geração dos anos 2000 em diante além do choque cultural afinal o autor é japonês e teve uma vida diferente da maioria de nós brasileiros.
A forma com que descreve tudo no livro é muito imersiva, trazendo ao máximo o público a cada cena como se fosse um filme lido, em suma gostei muito do livro e recomendo para pessoas que não gosta de livros com histórias padrões de drama simples, mas de histórias diversas bem construídas.
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marconevb 31/12/2022

Que leitura surpreendente! Daqueles livros que compramos pela capa/título e que nos impactam profundamente.
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Leila 24/09/2022

Vida à venda é o 5º livro do Yukio Mishima que leio esse ano (será que eu gostei do autor, sim ou com certeza?) e de todos é o mais fluido e comercial deles, mas isso não interfere em nada na qualidade da obra, o livro é delicioso de ler, tem umas tiradas irônicas geniais e cativa o leitor do início ao fim (pelo menos aconteceu isso comigo)!
Hanio, o personagem é daqueles que você tem vontade de dar uns tapas na cara para acordar pra vida no início do livro, porque afinal o cara tá dando bobeira e não valorizando a vida, tenta se suicidar e não dá certo...a partir daí começa uma sucessão de histórias surreais (como diz minha amiga Letícia, algo com pitadinhas de Murakami ou quase) até culminar nessa criatura ingrata e revoltada com a superficialidade da sociedade enfimmm ACORDANDO ?será?. O final é tipo: oi? mas é legal, você tem que parar um cadinho e pensar mesmo, mas dá tudo certo, rsrs
Amei o livro e super indico, pode ser uma boa porta de entrada para as obras do autor para quem ainda não o conhece, como também pode ser uma boa pedida para quem está aí precisando de um alívio de leituras densas mas que mesmo "leve" tenha conteúdo. Sacou?!
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