Em alguma parte alguma

Em alguma parte alguma Ferreira Gullar




Resenhas - Em alguma parte alguma


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MK 19/10/2010

"O" livro
Poesia não costuma me seduzir. Acho que nem lembro a última vez (se houve) que comprei um livro de poesia para mim, mas há poucos dias resolvi comprar o livro do Desassossego na Amazon e li uma matéria sobre esse último livro do Ferreira Gullar na revista da cultura, então...
Bom, afundei na vertigem dessas parte alguma. Nada de perpçexidades melífluas. É um mergulho agudo mas sem acidez no intrincado emaranho de viver e morrer de todo dia.
concisão, rigor, profundidade e clareza, lembrando a música de Vitor Ramil que talvez nem combine diretamente com o solar dessas cenas impregnadas na lucidez de Gullar.
jkdornelles 20/10/2010minha estante
Opa, Ferreira Gullar do Poema Sujo, Dentro da Noite Veloz, Luta Corporal, etc. é um dos the best da nossa poesia em português.

Me interessou essa tua resenha sobre ele.




Paola 10/12/2010

Resenha aqui:
http://uma-leitora.blogspot.com/2010/12/em-alguma-parte-alguma.html
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Gideon 24/11/2010

No Trem Parador com Ferreira Gullar
Comprei o livro "Em alguma parte alguma" na livraria da Travessa, dentro do CCBB da Rua Primeiro de Março, no Centro do Rio de Janeiro. Deu vontade entrar no CCBB, pois quando passo perto de lá sinto uma transformação acontecer em minha mente. Os pensamentos sobre negócio, trabalho etc, são empurrados prá escanteio, e um sentimento de Arte me invade.

Subi as escadas pelo lado da Candelária pois dá aquela impressão de uma entrada "triunfal" no CCBB, uma entrada mais imponente.. ou seja.. parece que a gente mergulha mesmo em um ambiente aromatizado pela Arte...

A livraria da Travessa fica ali, bem na entrada do CCBB. Como para mim é impossível entrar em uma livraria e sair de mãos abanando, comprei "Em alguma parte alguma", livro recém publicado de Ferreira Gullar. Na verdade, deixa eu explicar, não comprei este livro por comprar. De fato, já me envergonhava de jamais ter lido uma obra completa de Ferreira Gullar. Já o vi inúmeras vezes em entrevistas na TV e sabia que ele era um cara importante, que certamente teria coisas boas para eu conhecer.

Li o livro em 2 dias. Impossível parar de lê-lo. Fui mastigando cada poesia, poema, sei lá o que, pois o Ferreira Gullar não declama, não enfeita. Ele simplesmente relata. Isto mesmo, eu diria que é um relato poético do que vê, sente, lembra, deseja, pensa, ri, chora e se impressiona. Enfim, é tudo de bom. O estilo é genial e rebelde. Não está nem aí para o pudor ou para o que os "outros" pensem sobre ele. Foi esta a impressão que fiquei.

"o poema / antes de escrito / não é em mim / mais que um aflito/ silêncio/ ante a página em branco."
"ou melhor/ um rumor / branco / ou um grito / que estanco / já que / o poeta / que grita / erra / e como se sabe / bom poeta (ou cabrito) / não berra" continua....

Este fragmento de "FICA O NÃO DITO POR DITO" que inaugura as páginas de seu delicioso livro, foi logo me mostrando o que eu encontraria. Tudo escrito em minúsculo e no rítmo de uma música contemporânea atonal, sem compassos e com clusters harmônicos...

Dei uma pausa em três outros livros que eu estava lendo ao mesmo tempo para abrir caminho para este.

No segundo dia continuei a leitura no trem parador do subúrbio do Rio de Janeiro, indo de Bangu para a Central do Brasil (aliás tenho um poema sobre estas minhas instigantes viagens "O Trem da Central" publicado no Recanto das Letras). Deparei com relatos poéticos que me emocionaram, sem exageros. Tive de disfarçar pois borrei as lentes de meus óculos com lágrimas de meu choro avexado... Tirei os óculos, enxuguei-os e continuei a leitura.

Acreditem, Ferreira Gullar dialoga consigo mesmo sobre o osso de sua perna em "REFLEXÃO SOBRE O OSSO DA MINHA PERNA". Simples, sincero e genial. Eu não esperava, confesso mais uma vez, encontrar um Ferreira Gullar assim, tão humano, tão pessoa, tão "eu", você, nós. Pensava encontrar um catedrático com poesias chatas e repletas de palavras do idioma dos acadêmicos. Ao contrário, encontrei um "cara legal". Um homem que faz questão, talvez, de pisar duas vezes no mesmo local para experimentar a textura do lugar.. enfim...

"O JASMIM" revela um cara singelo e sensível, que se incomoda com cheiro de uma flor "... assim de muito perto / esse aroma é um oculto verde/ (quase fedor) / que me lesiona/ as narinas ...". Li este poema três vezes. Mais à frente ele retorna a este poema, em uma desordem genial de pensamentos e sequência, e continua o seu relato sobre o jasmim.

Funguei umas duas vezes para disfarçar as lágrimas. Olha que não estou enfeitando o meu relato com frases de efeito! De fato chorei no Trem Parador que ia de Bangu para a Central do Brasil. À medida em que vai aproximando de seu destino, mais passageiros vão entrando no Trem Parador que vai de Bangu para a Central do Brasil. Cá eu saboreando os relatos poéticos de Ferreira Gullar e tendo que desviar a orelha de seu livro amarelo de uma barriga feminina que insistia em amassá-lo.

"BANANAS PODRES 3" me presenteia com as lembranças da infância do poeta, lá em São Luiz do Maranhão. Com tão poucas palavras, mas carregadas de inteligência e completeza, ele não se furta em declarar nomes completos de personagens de sua infância, que carregou durante todo este tempo em sua memória. Fui apaixonando-me pelos detalhes íntimos do dia-a-dia de Ferreira Gullar, que nem um inseto ele deixa passar. Em "INSETO" e "UMA ARANHA" ele, praticamente, berra para nós, os felizardos leitores, que tudo, exatamente tudo pode ser fonte de reflexão para um homem tão sensível às coisas vivas.

Claro que a astronomia, mesmo que de forma leiga, é assunto dos homens cultos. Ferreira Gullar poetiza sobre o universo e fecha a parte um do livro com "UMA PEDRA É UMA PEDRA" para entrar na segunda parte literalmente caminhado sobre o universo com "UNIVERSO", "A LUZ", "A ÁGUA", "O SOM", "A ESTRELA", "O ESPAÇO" e o genial "DENTRO" que reproduzo aqui:

"estamos dentro de um dentro
que não tem fora

e não tem fora porque
o dentro é tudo o que há

e por ser tudo
é o todo:
tem tudo dentro de si

até mesmo o fora se,
por hipótese
se admitisse existir


E por aí vai relatando Ferreira Gullar sobre as coisas que vê, sente, lembra e gosta.

O QUE SE FOI SE FOI

"O que se foi se foi
Se algo ainda perdura
é só a amarga marca
na paisagem escura."

"Se o que se foi regressa,
traz um erro fatal:
falta-lhe simplesmente
ser real"

"Portanto, o que se foi
se volta, é feito morte."

"Então por que me faz
o coração bater tão forte?"

Este poema tem um comportamento raro dentre os demais publicados neste livro. Inteligente e genial mostra a profundidade poética de Ferreira Gullar.

O meu Trem Parador, que vai de Bangu até a Central do Brasil, enfim chegou na estação final. Fechei o livro e o guardei em minha mochila de couro. Desci para o Metrô da Central e fui para o meu trabalho transbordando poesias. Sempre passo pelo "Arco dos Teles" antes de chegar ao meu destino árduo...

Livro obrigatório para quem curte cultura!
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robertablo 04/03/2011

Um belo livro de poesias.
Admito que sou leiga em poesias e nunca tive muita vontade em mudar isso, mas ganhei o livro de presente e me surpreendi!

Gostei dos temas e dos jogos de palavras, mas acho que a melhor parte é a simplicidade! A boa simplicidade, tão difícil de alcançar, que só alguém tão experiente como o Gullar poderia alcançar.
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Aguinaldo 31/01/2011

Em alguma parte alguma
Ferreira Gullar é um sujeito de seus oitenta anos que ainda "inventa o que dizer", que compreende que a vida provisoriamente permite que ele encontre poesias dentro de si. Este "Em alguma parte alguma" é seu mais recente livro de poemas publicado (o livro saiu um par de meses depois do comunicado de que ele vencera o prêmio Camões neste ano, o ano de seus oitenta anos, cousa boa). A edição é muito bem cuidada. O livro inclui uma bibliografia completa de sua obra e dois textos assinados por especialistas em Gullar: Alfredo Bosi e Antonio Carlos Secchin. Os poemas são variados, na forma e na extensão. Há temas recorrentes: a gênese mesma da poesia, a desordem, os sentidos, a natureza, gatos, ossos, memória, a rua duvivier, a podridão e os ossos, a pedra. Uma série longa, com onze poemas, fala do universo e da ciência, das escalas das coisas no mundo. Uma outra, menor, com seis poemas, fala de artistas plásticos e outros poetas. Um poeta forte sempre fala de outros poetas, mesmo quando não explicita a conversa. Alfredo Bosi cita em seu prefácio como Gullar se reinventa de tempos em tempos, como se inquieta e não repete fórmulas em seu ofício, mas, ao mesmo tempo, cita como estes dois temas, que ele chama de "visão cósmica" e "evocação dos mortos", são de longa data temas caros à Gullar. A memória da poesia é algo que se deve construir desde pequeno, não é fácil formá-la se já não vemos o mundo com os olhos de menino. Paciência. O livro tem vários poemas que me tocaram, que reli gaiato, coisas realmente poderosas, que fazem um sujeito pensar na vida, com calma, sem açodamentos, como sempre deve ser. Em algum ponto ele nos lembra que "de tais espantos somos feitos." Que espanto? Cada leitor vai encontrar o seu. Gullar encerra o livro com dois poemas mais longos, que falam também da morte: um sobre Rainer Maria Rilke, um passeio do poeta e da morte pela Alemanha de Rilke; um outro sobre uma viagem de volta a Santiago do Chile, lugar de lembranças boas e lembranças bem amargas, cruéis, que termina com algo que lembra uma frase latina que eu gosto muito (nec spe, nec metu). Um assombro. Muito bom mesmo. Por fim, como se não fizesse parte do livro, encontramos um poema manuscrito ("uma corola" se chama o pequeno). Dele se tirou, se desabrochou, o nome do livro inteiro: em alguma parte alguma. Um poema de onde se pode inferir que sempre haverá vida desabrochando sem pudor em algum lugar, um poema onde se diz que a potência de vida fulge sempre em algum lugar. Ulalá. Que grande livro. [início 03/11/2010 - fim 30/11/2010]
"Em alguma parte alguma", Ferreira Gullar, editora José Olympio, 1a. edição (2010), brochura 13,5x21 cm, 142 págs. ISBN: 978-85-03-01095-5
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@pacotedetextos 05/08/2015

Gullar e o fazer poético
Muitos poemas deste EM ALGUMA PARTE ALGUMA remetem a episódios da vida de Gullar.

Os jasmins, os gatos, sua São Luís querida, até mesmo seus anos de exílio são expostos nestes textos; entretanto, os poemas que mais me emocionaram foram aqueles relativos ao ser-existência e ao fazer poético.

Destaco os seguintes:

- Fica o não dito por dito
- Desordem
- Off price
- O duplo
- Perplexidades
- O que se foi
- Inseto
- Toada à toa
- Reencontro
- Dois poetas na praia
- A morte
- A propósito do nada
- Uma pedra é uma pedra
- Universo
- O espaço
- Registro
- O louva-deus
- Os fios de Weissmann
- Volta a Santiago do Chile

Para encerrar, faço minhas as palavras de Alfredo Bosi, na apresentação desta edição: "quem disse que materialismo e metafísica não podem conviver em amorosa tensão?".

site: http://pacotedetextos.wordpress.com
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Daniel 16/11/2016

A Paratopia Na Poesia de Gullar
Em Alguma Parte Alguma é o último livro de poemas lançado pelo poeta maranhense. Com sua poesia reflexiva, Ferreira Gullar nos apresenta a consagração de sua poética, mesmo que distante das vertentes socialista e política. As memórias de sua infância, as reflexões sobre o universo, bem como as coisas simples e pueris do cotiano permeiam a poesia de Gullar, que, como bem explica o título de seu livro lançado em 2010, está presente ao mesmo tempo em alguma parte e em parte alguma, ou seja, sua poesia está em todos os lugares e em lugar nenhum. Seus poemas ainda trazem a impressão da poesia espacial e a força de suas metáforas, que marcam a intensidade e a importância da poesia de Ferreira Gullar para a literatura brasileira.
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Nilton 20/10/2020

Família Judaica
A irmã de Clarice Lispector narra neste romance autobiográfico a saída de sua família da Rússia, no início do século passado.
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Juliana Amaro 02/04/2021

Ótimo livro
Ferreira Gullar (Ferreira Gullar), dez anos após a publicação de sua última coletânea de poemas, Muitas Vozes, agora traz o livro ao público em lugar nenhum, onde dá continuidade ao pensamento Poético. Isso é diferente do livro anterior no desenvolvimento de novos temas, e o mais importante são as questões que levanta na criação de poesia. É ele mesmo (o autor) que costuma apontar que, como característica de sua criação poética, o fato de que, sem buscar deliberadamente, cada um de seus poemas é diferente um do outro, mais do que costuma acontecer com o mesmo autor. mais. Ele ressaltou que não planejou sua própria coleção de poemas, portanto, este é o resultado de sua própria exploração poética e reflexão sobre a vida e a vida como poeta.
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Marco 12/01/2023

Gullar em algumas partes
A poesia de Gullar, desde Dentro da Noite Veloz é arte por excelência, técnica e politicamente. As questões existenciais e sociais são destrinchadas nas suas contradições. As frutas apodrecem longe do nosso olhar, como nós padecemos sob a nossa própria exploração. O invisível acontece e se repete indefinidamente mesmo que ninguém preste atenção.
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dudalfreire14 13/01/2023

Definitivamente Ferreira Gullar escreve por si mesmo
Muitos poemas eram quase incompreensíveis sem a visão crítica do autor que os escreveu e por que motivo os escreveu naquele momento

mas existiram poemas que tocaram a alma, conversaram com o universo, com a grandiosa tediosidade do mundo e grandiosidade da vida, com os sons e a visão, com bananas podres e estrelas, ele conversou tão perfeitamente bem nessas horas que dá pra compreender a complexidade da existência, mesmo que infimamente e de forma bem rápida
ele me fez sentir a vida algumas vezes, de forma como nunca senti
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Felipe 03/11/2023

Ferreira Gullar escreve sobre a morte, a velhice, a infinitude do universo (e a insignificância e perplexidade humanas diante dele), e sobre coisas pequenas. É um livro tocante em sua simplicidade e honestidade.
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Igorclxt 26/01/2024

é que só o que não se sabe é poesia.
"a parte mais efêmera
de mim
é esta consciência de que existo
e todo o existir consiste nisto [...]"

Não existem palavras suficientes para definir essa obra-prima de Ferreira Gullar, nosso poeta de múltiplas vozes. E todas essas vozes não estão somente nos diversos formatos de seus poemas, mas também na variedade de reflexões que o poeta traz sobre muitos temas, até aqueles considerados mais peculiares ou banais. Neste livro, de maneira marcante e filosófica, Gullar perpassa pela linguagem, pela vida, pela morte, por reflexões sobre a solidão do cosmos, pela natureza e, até, por altas reflexões extraídas de coisas comuns e miúdas, como o apodrecimento de bananas em uma quitanda. Em alguma parte alguma mostra, explicitamente, o olhar reflexivo e filosófico de Gullar sobre as coisas: um olhar poético que é, ao mesmo tempo, telescópico e microscópico. Citando o grande Alfredo Bosi no texto de abertura do livro: "[...] ao entrar em si mesmo, o poeta constata a fragilidade da consciência, que 'dura menos que um fio de meu cabelo'. No entanto, essa parte mais efêmera do eu ao menos lhe abre por instantes a visão do 'infinito universo constelado / de quatrilhões e quatrilhões de estrelas. [...] Algo se move na escrita inquieta de Gullar e o faz juntar dimensões à primeira vista incompatíveis: a maravilha pelos bilhões de anos das estrelas, algumas mortas, mas ainda visíveis em sua última luz, e a angústia da vida breve, do fruto que apodrece, da morte certa em hora incerta" (BOSI, 2013, p.13).

"[...] Vi pouco do universo: afora a asa
de luz e pó da Via Láctea, o que conheço
são as manhãs que invadem minha casa."
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