Resenhas - A Campanha de 1812 na Rússia

Hudson 28/04/2012


A campanha de 1812 não é um livro dos mais simples, porém é preciso estar acostumado ao modo de "escrita" do autor tanto em "Da Guerra" como neste livro, um conhecimento pouco profundo de ciências militares pode deixar toda a obra do autor,vista parcialmente portanto é preciso um pouco de paciência e dedicação para se extrair o máximo que é oferecido.


Aqui é importante ressaltar que está focado muito do que será escrito e apontado como " a filosofia militar Clausewitiziana" embora segundo consta o autor já iniciou suas anotações antes, porém é observando o modus operandi de napoleão que irá se inciar muito do que se é falado em da guerra, especialmente no conceito de defesa dado ao livro 6. vale apena comparar os escritos.


Passa-se muito tempo mostrando a disposição tática e os movimentos e vários dados estatísticos o que faz com que o livro talvez seja "enfadonho" dá vontade de largar certas horas, porém no fim vale o esforço mapas, números, manobras são uma constante certas horas porém necessárias para o entendimento "real" da campanha.


Abordado em várias dimensões militares, políticas e humanas há pontos em que o livro chega até a emocionar, quando Clausewitz fala sobre os flagelos que passam as tropas, o incêndio de moscou sem dó pelos cossacos, enfim todos os lados foram de certa forma vítimas das consequências.


No fim, chega-se a conclusão de que por vários motivos Napoleão não pode triunfar, e que venceu quem conhecia melhor as posições do terreno e sabia utilizar isso a seu favor, Clausewitz dedica um livro somente a isso em da guerra, após a experiência vivida.


Mostra também o quanto eram frágeis as relações entre estados e como a política da Rússia era "fraca" em vários momentos não era um estável notadamente, forte politicamente e o mais interessante era que quase tudo militarmente após o Gen Surovov foi importado do estado prussiano, no fim eram quase alemães contra alemães em grande parte.


e um livro de leitura aconselhável, para desmistificar muito do que os "professores" de história falam em sala, aprende-se errado nas escolas e até mesmo nas universidades muitas vezes, porém o livro está ai para mostrar o que foi, e escrito por quem viveu toda a situação, com uma visão, militar diplomática, técnica e até humana muitas vezes.

Lucas 01/07/2011

Mais política do que guerra, mais relato do que narração
Se esta obra fosse um automóvel, diria que o design é conservador, o acabamento interno impressiona a primeira vista, mas é só girar a chave para sentir que o ronco não é tão forte quanto se esperava, basta colocar o carro em uma subida para ver que o motor é subdimensionado para o seu porte.
Assim é a obra de Carl von Clausewitz, começa com uma descrição profunda dos generais e dos problemas políticos entre Rússia, Prússia e França, inesperado, dada a proposta do livro em falar sobre a guerra propriamente, mas a surpresa é muito bem vinda, mostrando que a obra não vai ficar ficar limitada a descrição de movimentos e contabilizando exércitos e baixas.
Entretanto, começada a campanha, uma enxurrada de nomes confunde o leitor. Infinitos generais, contingentes e lugares são citados, fazendo o leitor confundir de que front se está a falar, será russo, prussiano ou francês? Na obra existe até uma tabela para orientar o leitor com os nomes e um mapa, que são de valor inestimável para se entender o que o autor está descrevendo.
As intervenções de Clausewitz na narração dos fatos, mostrando os erros dos generais envolvidos nos conflitos, é muito interessante, mostrando um conhecimento profundo, mas, algumas vezes, soa uma ode ao óbvio ou, muitas vezes, as intervenções não deixam claro qual seria a saída paras determinadas situações, fazendo-se críticas mas nada sugerindo. Destaque para a profunda descrição da batalha de Borodino e para os eventos políticos que marcaram os bastidores da campanha de 1812!
O livro é uma verdadeira campanha. Se o leitor já leu sobre o tema, a leitura será mais agradável. É curioso como as descrições de Clausewitz, algumas vezes, não coincide com as de Leon Tolstói (Guerra e Paz), principalmente quanto ao polêmico incêndio de Moscou, analisado por ambos os autores.
A leitura vale a pena.