R...... 28/07/2017
Adaptação em quadrinho por Marion Mousse (Salamandra, 2009)
A mais detalhada quadrinização de Frankenstein que já li, não a melhor, revezando reproduções bem elaboradas com outras que ficam a desejar. A obra não se prende apenas ao livro, vendo-se também elementos idealizados na livre interpretação do roteirista ou no aproveitamento de filme antigo, como de Bela Lugosi (1931). Outro dia vi essa pérola cult e reconheci na HQ uma cena clássica, sobre a menina que lhe dá uma flor perto do lago. Imagino que tenha outros momentos com inspiração também em filme. Soam familiares, sem ser de lembrança do livro.
Para ter ideia do detalhamento, a história passa pela infância e juventude do Dr. Frankenstein e o nascimento do monstro se dá na página 48, de um total de 142.
Gostei da reprodução de costumes do contexto de época, como as valas coletivas de destino dos menos favorecidos.
Esse fatores foram negativos:
A arte parece caricatura do início do século XX e, a meu ver, tem visual que impacta pouco nas emoções do livro. O monstro dá ideia de um ogro palermão, diferente da criatura cheia de ódio em que se transformou, com disposição psicopata de vingança.
Centraliza muito o Dr Frankenstein e o monstro fica apagado perto dele, até nas cenas mais dramáticas, que são reproduzidas sem grande emotividade. Dá para sentir que falta um toque final, pois a cena desenrola-se sem atrair muita atenção para momento tão significativo (a criação do monstro e a destruição da "monstra", por exemplo).
E finalizando, a leitura não fluiu de maneira prazerosa. Você abre a publicação e esta lhe transmite certo enfado, vendo-se quadrinhos pequenos (em paralelo às dimensões das páginas) com texto que parece excessivo.
A leitura teve momentos interessantes, sem ser um deleite do início ao fim, e a arte não seduziu olhares curiosos.
Impressões que se ressaltaram em minha leitura.