O morse desse corpo

O morse desse corpo Ricardo Domeneck




Resenhas - O morse desse corpo


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Peleteiro 19/10/2024

Comprei O morse desse corpo, de Ricardo Domeneck, após pela leitura do poema A Timidez do Linho, que, na minha opinião, é o melhor do livro. A expectativa era alta, e logo percebi que Domeneck é um mestre da técnica e possui um vocabulário riquíssimo. Porém, ao avançar pela leitura, senti que o livro, em grande parte, não me tocou da maneira que esperava. Muitos dos poemas parecem fissurados em experimentações formais e questões técnicas que certamente impressionam estetas e acadêmicos, mas que, para mim, acabam criando um distanciamento emocional.

Apesar disso, adorei os poemas finais, especialmente aqueles em diálogo com a senhora enfermeira. Estes textos, junto aos mais curtos e pessoais que compõem o livro, como Coordenação Motora, A Progressão dos Sentidos, Notícias de Mim Mesmo, e, claro, A Timidez do Linho, me conectaram de maneira mais imediata, justamente por se afastarem da preocupação excessiva com a forma. Nesses momentos, a poesia de Domeneck ganha uma sensibilidade mais direta, mais íntima, e foi aí que realmente me encontrei no livro.

No geral, reconheço o valor da obra e a habilidade técnica de Domeneck e saio da leitura torcendo por uma antologia que reúna os poemas da vasta obra dele escritos nesse tom que menciono.
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jhdep 28/01/2023

Criptografia do corpo-comum
Conhecer a poética de Ricardo foi uma experiência deleitosa, inspiradora. O que me parece ser o fio condutor dos poemas que compõem essa obra é a tentativa de relatar, investigar, decodificar a experiência do corpo-comum: aquele que estrutura a vida, em todas as suas formas. A angústia de que essa coletividade tenha se perdido pela desunião, pelo egoísmo, pelo individualismo, também aparecem aqui. Não se trata de uma poesia social, apesar de consciente das urgências de seu tempo: é uma poesia de urgência que transcende um ativismo ou ideologia, mas que urge pelo comum.

Narra a via-crucis de corpos que passam pela solidão, pelo abandono, pelo amor, pela desconexão com a natureza, por doenças e pandemias, por tempos incertos, por formações imprecisas e caóticas; tudo isso através de um labor com as palavras que envolve uma escolha minuciosa, uma organização metódica: um cuidado primoroso com a linguagem a fim de criar um texto límpido, que transmita o máximo de imagens com o mínimo de floreios e signos desnecessários. Viva Domeneck e o morse indecifrável do corpo!
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