Naty__ 13/03/2020É impossível não desejar ler uma obra que foi escrita há 50 anos. Trata-se de um marco na literatura de fantasia e ficção científica. Para quem não sabe, o livro ainda ganhou o prêmio Hugo e Nebula. É realmente uma obra que precisamos ter na estante.
Pela sinopse você perceberá que Genly Ai é enviado a uma missão intergaláctica, uma organização com aproximadamente 80 planetas, que tem como objetivo compartilhar conhecimento e comércio sem fins lucrativos. Genly é enviado para persuadir os governantes do planeta Gethen a se unirem a uma comunidade universal. Entretanto, esse humano, mesmo depois de anos de estudo, percebe que está despreparado para a situação que lhe aguardava.
Ao entrar em contato com uma cultura complexa, rica, quase medieval e com outra abordagem na relação entre os gêneros, Genly perde o controle da situação. É humano demais, e, se não conseguir repensar suas concepções de feminino e masculino, correrá o risco de destruir tanto a missão quanto a si mesmo.
Uma das dificuldades do nosso personagem é se adaptar às condições climáticas. O planeta Gethen ficou conhecido como Inverno, pois, acreditem, lá é capaz de nevar ainda que esteja no verão. Mas não apenas esse obstáculo ele precisa enfrentar, ainda tem de encarar os conflitos políticos.
Confesso que o início é bem empolgante e fiquei animada para continuar. Porém, infelizmente lá na página 80 o rumo muda e me desanimei, a leitura se arrastou um pouco e depois todo o foco retomou. Por esse fator acabei demorando para finalizá-la, mas valeu a pena ter dado um tempo para voltar com todo vigor.
Posso afirmar que é um livro que eu esperava muito, então fui com muitas expectativas. A sede ao pote foi o suficiente para encontrar o copo meio cheio e meio vazio, mas isso não tira o fato de a obra ser considerada o que é. E ela é mesmo, mas talvez eu tenha embarcado na hora errada, com muita ansiedade e acabei não dando a devida atenção que ele deveria. Talvez isso se deva ao fato de que precisamos de um pouco mais de tempo e concentração.
A leitura é densa, nem tudo nos é explicado logo no início, então pode ser que você considere a narrativa um pouco arrastada, como disse anteriormente. De fato é e não é. O início me prendeu bastante, mas na metade do livro senti que estava um pouco cansada. Acredito que meu erro tenha sido querer lê-lo numa sentada só ou até mesmo sem intercalar com outras obras. Então, já vale como dica para você. Não queira ler afobado, agoniado, pensando em terminar logo. Não estamos numa leitura de suspense ou de romance policial. Às vezes o que nos impede de gostar de um livro ou de não gostar 100% é o momento que lemos, a forma como estamos… Acredito até que esse assunto dê um bom tema para a coluna Devaneando e, assim, possamos refletir o que faz com que um livro não ganhe 5 estrelas. Topam?
A obra como um todo é excelente para quem gosta de ficção científica e para quem se atrai por assuntos polêmicos e atemporais. Gênero, feminismo, alteridade, filosofia, antropologia… tudo isso encontramos em A mão esquerda da escuridão. Leiam, ainda que aos poucos, ainda que sem compromisso, ainda que sem muitas expectativas. Apenas leiam e tenho certeza que a coisa vai fluir melhor. Em 2020 pretendo relê-lo sem muita agonia e certamente será diferente. Digo por experiência própria em outros livros.
Sobre a edição:
A edição comemorativa da Aleph está belíssima e conta com uma capa dura pintada, prefácio do Neil Gaiman. As folhas são amareladas e apresentam um conforto à leitura.
site:
http://www.revelandosentimentos.com.br/2019/12/resenha-mao-esquerda-da-escuridao.html