Criação

Criação Gore Vidal




Resenhas - Criação


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Daniel Teles 22/01/2023

O Livro da Vida
É impressionante como algumas histórias ficam com a gente. A primeira vez que li este livro foi a mais de 20 anos, e odiei a experiência. O livro era longo, confuso, com um monte de termos, pessoas e lugares, e saia da história principal pra falar de outras coisas a todo momento, um saco. Eu parava de ler e voltava várias vezes pra esta história e demorei um ano pra terminá-lo.
E mesmo depois de tudo, este livro não saia da minha cabeça, pois o que ele tem de bom, é muito bom.
Vinte anos depois, decidi dar uma outra chance para ele, e agora bem mais velho, tive uma outra percepção. Criação é simplesmente incrível.
Esta releitura me ensinou que para alguns livros é preciso ter certas vivências pra conseguir perceber o que ele tem de bom a oferecer.
Quase todos os problemas que tive na primeira leitura, não foram problema nesta segunda, com exceção do fato de que é um livro longo. As duas leituras eu terminei exausto.
E agora, dois anos depois da segunda leitura, eu ainda penso nesta obra.
Portanto, mesmo sendo meu livro da vida, quero deixar a nota que eu dei pra ele na primeira leitura pra eu sempre me lembrar, de que nós estamos em constante mudança.
Criação de Gore Vidal, meu livro da vida, tem a nota de 2,5 estrelas no meu Skoob e é sobre isso.
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Augusto Stürmer Caye 01/05/2022

Uma Aula
Esse livro é perfeito. É impressionante como Gore Vidal sempre consegue ser detalhista, preciso e envolvente em suas obras e romances históricos. Já tinha sentido esse grau de precisão em Lincoln e Juliano, mas em Criação foi ainda melhor por deixarmos de lado essa perspectiva do mundo ocidental para se focar em culturas e linhas de pensamento que conhecemos só de ouvir falar, mas não com a precisão devida.

Ciro Espitama, o embaixador persa, é um personagem fictício neto do profeta Zoroastro, que viaja em nome de Dario, Xerxes e Artaxerxes, os sucessivos reis do império Persa, para a Índia, Catai (China) e a Grécia. Ele convive com Buda, Bimbisara, Ajatasatru, Confúcio, Pericles, Sócrates, dentre outros inúmeros.

Ciro Espitama é o personagem-símbolo deste livro: apesar de neto do profeta Zoroastro, não é tão profundamente convicto de sua religião; apesar de próximo da corte, não é nobre. E assim, sem ser nem um nem outro, o embaixador explorará tanto a política quanto a cultura e religião destes reinos do oriente tão esquecidos e relegados pelo ocidente. Assim, Ciro explorará tanto o desenvolvimento das linhas de raciocínio de Buda, de Zoroastro e de Confúcio, quanto as intrigas, guerras e conflitos de cada região.

Recomendo muito para quem se interesse por livros e romances históricos e seja curioso por outras culturas.
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Valéria Ribeiro 05/03/2021

Uma epopeia
Uma viagem pela antiguidade sob omponto de vista de um narrador persa. A história é fantástica.
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regifreitas 14/01/2021

CRIAÇÃO (Criation, 1981), de Gore Vidal; tradução Newton Goldman.

O romance de Gore Vidal é ambicioso ao ter como pano de fundo um período relativamente extenso e importante da história da humanidade, mais precisamente o século V a.C. Foi uma época na qual figuras relevantes foram praticamente contemporâneas: Dario, Xerxes, Péricles, Sócrates, Heródoto, Zoroastro e Buda, só para ficar nos nomes mais conhecidos.

O protagonista é o neto de Zoroastro, Ciro Espítama, que ocupou funções de prestígio dentro do império persa à época, além de ser amigo pessoal de Xerxes. Foi embaixador do império em Atenas e realizou viagens em missões diplomáticas e comerciais à Índia e ao Catai (atual China), travando contato com civilizações totalmente diferentes da sua, na tentativa de estabelecer novas rotas comerciais e ampliar a influência dos persas na região. Ciro também tinha grande curiosidade em conhecer as diversas teorias sobre a criação do universo nas culturas que visitava, o que o fez travar diálogos com místicos indianos, com o Buda e até com Confúcio. É o próprio Ciro, já bastante idoso e cego, vivendo em Atenas, quem dita suas aventuras para um sobrinho, Demócrito, responsável por trazer essas memórias futuramente à luz.

Foi uma boa leitura, mas que não chegou a empolgar em nenhum momento. A obra se estende demais, ficando cansativa depois de um tempo. E temos aqui novamente a eterna problemática do protagonista: Ciro Espítama destila mordacidade e ironia em muitos momentos, o que é muito bom, contudo, não consegui me conectar com seus pensamentos, suas emoções e motivações. Não tem jeito: quando o protagonista não atiça minha curiosidade sobre ele, é muito difícil eu conseguir me envolver com a obra.
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Luciano Ventura 30/12/2017

Uma visão crítica da clássica cultura grega
Nossa civilização ocidental se erigiu sob uma herança grega tão intensa que, mesmo depois de vinte e cinco séculos, sentimos a necessidade de revisitá-la para compormos uma compreensão de nós mesmos. E, como conseqüência de tal necessidade, muito se tem estudado e publicado com relação ao pensamento grego antigo e, do pouco que já pudemos ler, normalmente nos é apresentada uma concepção que, embora crítica, quase sempre nos aponta o lado favorável do legado grego à posteridade.

Em “Criação” (1981), Gore Vidal, entre outros temas periféricos, apresenta-nos uma visão da cultura e da sociedade clássicas diferente daquela a qual estamos acostumados. Para tanto, Vidal constrói uma personagem que nos conduzirá ao longo de toda a obra, confundindo a vida dela com os eventos políticos gregos, com o diferencial de que nosso anfitrião é um persa e crítico feroz de tudo que seja helênico. Seu nome é Ciro Espítama e, como primeiro fator interessante, Vidal o introduz no romance como sendo neto de Zoroastro, o profeta persa que vivera no século VII a.C., também conhecido por Zaratustra. Tal parentesco, dentro da trama, irá render-lhe acesso à corte persa, possibilitando-lhe o convívio com os quatro grandes reis: quando criança, conheceu Ciro e suas histórias sobre a expansão do Império; em sua juventude, serviu e admirou Dário; quando adolescente e jovem adulto, desfrutou da amizade de Xerxes; já na velhice, representou Artaxerxes junto aos atenienses, sendo seu embaixador.

O autor utiliza, ainda, outro laço de sangue para construir a narrativa e nos transportar para o pujante século V a.C.: Ciro Espítama narra a história de sua vida, que resulta no próprio livro, a um sobrinho que tinha por conta de sua ascendência materna grega, sendo este ninguém menos que Demócrito de Abdera (460 - 370 a.C.), o filósofo pré-socrático entusiasta da teoria atômica.

Após ouvir por mais de seis horas o discurso de “[...] um pretenso historiador [...]” chamado Heródoto de Halicarnasso (485? - 420 a.C) sobre o conflito “[...] a que os gregos costumam chamar de ‘Guerras Persas’ [...]”, Ciro, já velho e cego e, sobretudo, irritado pela versão que acabara de ouvir, inicia ao seu sobrinho, que atentamente toma nota, o relato da faceta persa dos acontecimentos aos quais chamou de “[...] as guerras gregas [...]”. (p. 15). E essa será a atividade construtora da leitura que nos é oferecida pelo romance: o sobrinho Demócrito anotando as memórias de um persa que, invariavelmente, afronta a versão grega sobre fatos históricos dos quais participou ou pode presenciar.

Além de podermos apreciar, pela versão oriental, a história político-militar que opôs gregos a persas, o tema condutor da obra e, consequentemente, da vida de Ciro Espítama é o desejo do protagonista de conhecer as hipóteses dadas por diversas culturas sobre a criação. Divulgador do pensamento monoteísta do Sábio Senhor zoroastriano, Ciro era “[...] um crente, claro. Mas não [...] um fanático [...]”, e sendo possuidor de mente aberta ao que lhe fosse externo, ele percorre uma boa parte do Oriente antigo a serviço dos reis persas, absorvendo, entre o trabalho de promover o comércio com os povos locais, a cultura que se lhe fosse apresentada pelas pessoas que ia conhecendo. (Cf. p. 56). Assim, Vidal, por meio de seu personagem principal, faz-nos conhecer os princípios básicos do Hinduísmo, quando da passagem de Ciro pelos reinos independentes que hoje compõem a Índia. De forma análoga, o autor nos apresenta as filosofias de vida budista e taoísta, ao colocar o neto de Zoroastro em contato com os povos do Cathai, atual China. Interessante, também, é ler as linhas que descrevem o encontro, e o relacionamento que se sucede a ele, entre Ciro e o mestre Confúcio (551 a.C – 479 a.C), além dos fragmentos de ideias de outros pensadores relevantes da época.
Em determinado momento da narrativa, abordando o assunto da criação, Demócrito chega a perguntar ao seu tio “[...] qual das teorias foi a mais curiosa [...]” por ele ouvida. Como resposta, Ciro afirma-lhe uma que dizia “[...] que nunca houve criação, que nós não existimos, que tudo isto é um sonho [...]”, sendo o sonhador “[...] aquele que desperta e lembra [...]”. (p. 212)

O livro mostra-nos, também, como um olhar externo a uma dada cultura pode desvelar a arte da manutenção de privilégios tidos como condição natural por quem nela está imerso, como nos parágrafos em que o jovem protagonista, na companhia do então príncipe Xerxes, visita os templos da Babilônia, que à época era uma satrapia do Império, e desmascara a prática dos sacerdotes que, ao se fazerem passar por encarnações de deuses em rituais ditos sagrados, aproveitavam para desvirginar jovens nos templos em honra a estes. Xerxes, acompanhado por Ciro, curioso por se inteirar da cultura local, mas mantendo o olhar crítico do estrangeiro, afirma ao administrador do templo de Bel-Marduk, em meio aos olhares perplexos dos guardiões, que naquela noite iria “[...] realizar essa tarefa por um de seus sacerdotes [...]”. Quando o administrador lhe nega o direito dizendo que ele não era um sacerdote, que somente por um sacerdote o deus poderia se fazer presente, o príncipe persa afirma que “[...] posso fazer de conta que sou Bel-Marduk tão bem quanto qualquer sacerdote [...]” e que, ao se considerar que ele era o herdeiro do reino, o costume facultaria uma exceção. (Cf. p. 137). Evidenciam-se nesta passagem, a força dos costumes, mas, também, a sua flexibilidade perante os interesses do poder político ao qual servem.

Aproveitando-se da grande extensão territorial na qual se constituía o Império Persa no século V a.C., e, por conseqüência, da diversidade cultural que ele mantinha sobre seu julgo, Gore Vidal nos apresenta um pouco dos costumes dos vários povos que deviam obediência aos reis persas. Ao exemplo da personagem principal, que compara tudo o que lhe seja novo a sua crença interior, Criação nos inspira à prática deste olhar crítico, sugerindo-nos que tenhamos a nós mesmos por objeto primeiro desta análise singular. Visitar as quase oitocentas páginas que compõem a obra, buscando a cada instante distinguir os fatos históricos dos excessos poéticos presentes na narrativa é um exercício tão intelectualmente profícuo quanto prazeroso.
Danilo.Jones 30/12/2018minha estante
Ótima resenha, amigo! Certamente será de grande ajuda para um futuro leitor que queira aventurar-se nessa belíssima obra.


Joexis 10/04/2022minha estante
Muito bom, ótima resenha, para mim que estou iniciando a leitura do livro.




Gláucia 18/05/2016

Criação - Gore Vidal
Romance histórico onde na maioria das vezes é difícil distinguir ficção e realidade.
Relatado em primeira por Ciro Epístama, neto de Zoroastro, filho de pai persa e mãe grega, é uma espécie de embaixador do reino persa. A ação se passa no século aV e Ciro é contemporâneo de figuras como Sócrates, Buda, Xerxes, Confúcio.
Dario, o grande rei persa o envia em missão diplomática, primeiro à Índia e depois à China, com fins mais sondatórios visando a economia que outra coisa, a fim de que ele conhece bem o país e seus mandantes. Ciro é um grande interessado em conhecer novas culturas, suas filosofias e religiões e é com esse olhar que vai nos apresentando essa grandes figuras da História, que são aqui personagens.
O livro é grandioso pela proposta mas não é leitura fácil, principalmente para mim que não conhecia esses fatos históricos, apenas muito superficialmente. Para se tirar maior proveito da leitura vale a pena fazer uma breve pesquisa sobre os fatos abordados.
O que mais chama a atenção é o sarcasmo afiadíssimo do autor, ele parece destilar veneno em cada parágrafo, sem exceção. Muitas vezes Ciro parece estar escrevendo para uma revista de fofoca, colocando esses grandes personagens históricos em situações muito divertidas que tiram aquela aura de seres inatingíveis e universais. Isso torna ainda mais difícil conseguir distinguir ficção da realidade. Livros assim sempre nos fazem questionar a forma com que a História nos é ensinada na escola.
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Titânia 24/05/2013

A viagem
Li esse livro há mais de 20 anos e ele nunca me esqueceu. Infelizmente o emprestei para uma colega de república e nunca mais o vi! O personagem principal é "os olhos e ouvidos do Rei" da Pérsia. Apesar de fictício ele transita entre personagens históricos, como o Rei Dario, Xerxes e Artaxerxes. Além da Pérsia, o livro mostra também
Catai, atual China, a Babilônia e a Índia. Enfim, o livro nos leva a viagem maravilhosa pelas mãos do extraordinário Gore Vidal.
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Fábio 26/08/2011

Uma Grande Obra.
Um do melhores livros que já tive a oportunidade de ler.

Pra quem gosta de história, personagens cativantes e bem trabalhados, prosa fluente que te faz querer não parar de ler, fora que Gore Vidal conseguiu ser erudito sem ser chato e ousado sem parecer abusado com uma história que junta grandes personalidades históricas em um contesto totalmente coeso.

Mais do que recomendado.
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Jumpin J. Flash 13/05/2011

Ótimo livro!
Esse interessantíssimo livro narra a vida de Ciro Espítama, neto de Zoroastro, cortesão e embaixador do rei persa Dario. Esse fictício personagem teria sido contemporâneo de grandes nomes da História como Sócrates, Dario, Ciro, Zoroastro, Mardônio, Mahavira, Buda, Ajatashatru, mestre Kung e outros, com quem Ciro Espítama tem contato por força de suas atribuições como embaixador persa. Embora o personagem central seja fictício, o contexto e boa parte dos dados históricos que ele descreve são verdadeiros. Frederik Forsyth já disse que os melhores romances são aqueles em que se mistura ficção e realidade na medida certa, de modo que ao fim fica difícil saber qual é qual. Gore Vidal consegue fazer essa mistura com maestria.
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Kil 10/05/2010

Sistemas de crença
Este é um livro ótimo para quem quer saber a diferença entre as grandes religiões do mundo. Conta a estória de Ciro, neto de Zoroastro, um profeta de uma religião oriental que convive com estadistas importantes em seu tempo. E como Marco Polo, viaja ao oriente: índia e China, onde essas religiões como o Budismo, Induísmo, Xintoísmo, surgiram... Através da estória, é possível compreender as diferenças sutis e as não tão sutis entre todas as filosofias de vida que as pessoas seguem.
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Leostuepp 05/04/2010

Impressionante
É impressionante a quantidade de conhecimentos que Gore Vidal nos apresenta em sua obra.
Sou fascinado por história e este período do quinto século antes de Cristo é dos mais importantes.
O protagonista Ciro Espítama tem o privilégio de obter conhecimentos diretamente de diversas fontes e discutir sobre temas que eu gosto muito de falar, mas dificilmente consigo quem fale comigo.
Leitura recomendada sem dúvida.
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Sonia Amaro 10/04/2009

Fantástico
Foi um dos melhores livros que li , gostei muito.
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Jumpin J. Flash 12/01/2010minha estante
Sonia, se você gostou do livro, aumente a cotação dele. Você não deu nenhuma estrelinha sequer!




Monocromatico 06/02/2009

Um pouco menos que genial
Gore Vidal escolheu uma época crítica para o pensamento humano e para o desenvolvimento do mundo ocidental: o final do século VI e o início do século V a.C. Foi a época de uma expansão jamais vista da Pérsia Aquemênida, e do seu atrito com o mundo helênico, culminando com a invasão de Xerxes em 483 a.C. Seu personagem, Ciro Espítama, é neto de Zoroastro, e viaja o mundo, entrando em contato com os pilares do pensamento oriental (Mahavira, Buda, Lao Tse, Confúcio), que viveram mais ou menos à mesma época (ele também encontra Sócrates, mas, para o personagem, ele ainda não passa de um jovem pedreiro incompetente... e o seu neto, que faz as suas anotações, é Demócrito de Abdera). Ele reúne, num só personagem, os princípios que norteariam quase metade da população mundial pelos 2 milênios e meio seguintes, narrando tudo de forma muito leve, com humor e sarcasmo; Brilhante.
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Sonia Amaro 10/04/2009minha estante
Eu adorei esse livro , achei fantástico.




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