seufuviu 25/04/2009
Pelo fim das obras primas
A excelente publicação da L&PM – in pocket – sobre Antonin Artaud, nos traz alguns de seus melhores excertos, são fragmentos de suas cartas, sua visão do teatro, sua crítica ferrenha ao texto escrito, isto é, a palavra e sua colocação prioritária no modelo teatral ocidental. Artaud nos deixou várias teses que se migraram para a semiótica, psicanálise etc.
Vale a pena ler este pequeno livreto & conhecer este fabuloso iconoclasta do início do século XX, que morreu num hospício na França em 1948.
Acabar com as Obras-Primas
“... Devemos acabar com essa superstição de textos e poesia escrita. A poesia escrita vale por uma vez e que seja destruída em seguida. Que os poetas mortos deixem seu lugar para os outros. E é fácil perceber que nossa veneração diante do que já foi feito, por mais válido e belo que seja, nos petrifica, nos estabiliza e nos impede de tomar contato com a força que está acima, que chamemos de energia pensante, força vital, determinismo das trocas, menstruações lunares ou qualquer outra coisa. Sob a poesia dos textos existe uma poesia pura e simplesmente, sem forma e sem texto. Assim como se esgota a eficácia das máscaras que servem para as operações de magia de certos povos – e então tais máscaras só servem para ficarem jogadas nos museus – também se esgota a eficácia poética de um texto, sendo que a poesia e a eficácia do teatro se esgotam menos rapidamente por permitirem a ação do que se gesticula e se pronuncia e que nunca se repete duas vezes...”
(Antonin Artaud )