André 01/09/2023
Aquém do potencial
De todos os da Agatha Christie que eu li até o momento, esse aqui foi certamente o mais fraquinho. A premissa é interessante, o começo é promissor e o final é bombástico, mas o desenvolvimento da trama é bem lento e cheio de voltas (e mais voltas, e mais voltas) desnecessárias. Claro, um livro deste estilo tem que dar umas voltas em torno de si, e Christie é mestra nisso (vide "E Não Sobrou Nennhum"), mas, enquanto em outros livros dela os rodeios da trama levam a narrativa pra frente, aqui eles parecem que fazem de tudo pra mantê-la no exato mesmo lugar. Não diria que isso se dá por conta do fato de que toda a história se passa no mesmo ambiente (um pequeno vilarejo no interior da Inglaterra), até porque "Assassinato no Expresso do Oriente" se passa todinho dentro de um trem e não é tedioso; mas sim porque falta um pouco de substância mesmo. Achei os personagens bem pouco cativantes (exceto a Bridget, de longe a mais interessante) e todos os eventos meios óbvios demais (exceto pelos momentos finais e da grande revelação, essa sim foi incrível - apesar de eu ter achado o motivo por trás de tudo bem mixuruca).
Os pontos positivos são a ambientação e o fato de que, mais uma vez, Agatha esconde muito bem o jogo e está sempre um passo a nossa frente quando a questão é descobrir a solução. Como sempre, o pensamento final é o de "mas como não percebi?".
Enfim, eu recomendaria o livro para quem já é fã da Agatha e deseja conhecer mais de sua obra, mas não colocaria na lista de "obrigatórios" e nem de "clássicos" da autora. Não acho que perdi meu tempo (Christie nunca é perda de tempo), mas certamente não é um livro que vou revisitar tão cedo.