Jaqueline 12/03/2011Se no livro anterior (“Desculpa se te chamo de amor”, livro também publicado pela editora Planeta) nós acompanhamos todo o desabrochar do amor entre os protagonistas Alex e Niki, nesta continuação temos a relação se desenvolvendo em um cotidiano cheio de dificuldades. O embate entre os percalços do dia-a-dia e o amor “romântico” é o grande tema de “Desculpa, quero me casar contigo”, que prima pela verossimilhança. Novas amizades, faculdade, trabalho: tudo isso parece formar um conjunto de inimigos para os dois amantes, mas a maneira como Federico Moccia aborda isto em seu livro é delicada, esperançosa e extremamente realista. A conexão que isto cria com o leitor é mágica, e por diversos momentos pude identificar situações semelhantes à vida real nas (muitas) páginas do livro.
O livro segue o formato de um roteiro, com diálogos expressos. Isso concede uma dinâmica especial a narrativa, que se torna muito ágil – às vezes até mesmo vertiginosa e um pouco cansativa. O texto se foca muito mais nos pensamentos dos personagens do que em suas falas, o que nos dá um bom insight sobre a personalidade e as intenções de cada um, assim como na dificuldade que é colocar na fala tudo aquilo que pensamos. São muitas as citações de frases, filmes e, principalmente, letras de músicas em italiano, que ganham tradução no rodapé das páginas. Isso me irritou de quando em quando, mas passei a relevar depois que vi como os versos transcritos para o livro são perfeitamente pertinentes aos momentos em que se apresentam.
Contudo, posso dizer que encantei pela história! Graças aos personagens secundários, que são muitíssimo bem trabalhados por Federico Moccia, a história não cai no óbvio “e viveram felizes para sempre”. Após dois anos de relacionamento, nosso appassionato Alex decide propor casamento a Niki. Não é preciso ir muito longe para saber o que acontece em seguida, não é? Ela aceita, e isso não é spoiler para qualquer pessoa versada em romances, rs. A partir daí a história engrena, pois a relação do casal entra em paralelo com as trajetórias amorosas de Pietro, Flavio e Enrico,os amigos casados de Alex, e de Dilleta, Olly e Erica, as amigas de Niki que, juntas, formam as Ondas (Onde, em italiano, é a junção dos nomes das meninas).
Após passarem férias na Ilha Blu, onde viveram dias paradisíacos, Alex está ainda mais romântico e encantador nesta continuação, de modo que praticamente inverte os papeis com Niki em comparação ao primeiro livro. De volta à realidade, ela fica surpresa e receosa com o pedido de seu amado, entrando em um turbilhão de dúvidas sobre seu futuro – e tudo isso misturado aos preparativos do casório e a sua nova vida na faculdade. O temor pelo futuro do casal torna-se uma constante e surge uma pergunta: o amor pode durar para sempre? Mais do que a conquista e o encantamento inicial, é interessante observar o esforço que é manter a chama do amor acesa em meio ao corre-corre diário, missão que “Desculpe, quero me casar contigo” cumpre com louvor!
Pessoalmente achei este segundo livro muito mais bem trabalhado e maduro. É até mesmo tocante ver os atritos de relacionamentos em um livro após tantos e tantos finais felizes ilusórios. Sabe quando o amor ainda perdura, mas as coisas bobas do cotidiano lhe cansam mais do que tudo? Ou então quando as tentações parecem falar mais alto do que a nossa vontade de manter um relacionamento “na linha”? Ou quando o ciúme mais parece um monstro que devora nossa paz? Pois isso tudo está nas páginas de “Desculpa, quero me casar contigo”. Nesse sentido, os gestos e momentos de amor e carinho são como tentativas de mostrar a outra pessoa que você se importa, que você ama e está comprometido - e isto vale desde um relacionamento amoroso até a amizade, como o livro bem mostra.
O livro também aborda o medo de crescer, de abrir mão da liberdade e do frescor da juventude, como tão bem nos mostram Pietro, o amigo mais cara de pau de Alex, e Diletta, amiga que Niki que se depara com uma escolha das mais importantes. Mostrando que a vida não é uma maratona e que as intenções valem muito, Moccia abandona as fórmulas feitas e consegue, de modo surpreendente, reacender nossa esperança neste sentimento que parece cada vez mais difícil de se encontrar por aí, o tal do amor...
>> Resenha previamente postada no site www.up-brasil.com