Aline 20/09/2020
Deveria ser lido por todos!
Disponível em PDF no site do Mises Brasil.
O autor foi jornalista no Wall Street Journal. A primeira edição da obra foi publicada em 1946. Em 1978 o autor a revisou e acrescentou um capítulo contendo a visão 30 anos depois. Os exemplos citados pelo autor, embora da época, são facilmente assimilados.
O livro foi escrito justamente para analisar as grandes falácias – grande parte, keynesianas – do mundo da economia. No começo o autor já afirma a necessidade do longo prazo e generalidade na visão econômica, ou seja, as políticas econômicas de curto prazo e/ou destinadas a grupos específicos jamais darão certo.
O livro começa com A Lição: “A arte da economia está em considerar não só os efeitos imediatos de qualquer ato ou política, mas, também, os mais remotos; está em descobrir as consequências dessa política, não somente pra um único grupo, mas para todos eles.”
Logo após, imitando Bastiat, o autor nos apresenta ao exemplo da Vitrina Quebrada. Se uma vitrine é quebrada, seu dono teve perda, pois terá que comprar outra. Entretanto, isto proporcionará negócio para um vidraceiro. Portanto, a conclusão seria de que a destruição pode proporcionar benefícios, empregos. Entretanto, não se pensa que o dinheiro empregado pelo dono da vitrine na aquisição de nova, caso a antiga não tivesse sido quebrada, seria empregado em outra coisa... por exemplo, na aquisição de uma roupa ou alimentos. Esta é a visão ampla e a longo prazo que o autor busca demonstrar. Neste ponto, o autor ainda exemplifica com as destruições oriundas da guerra, pois aqueles que veem pequenos benefícios na reconstrução ignoram a visão geral, ampla.
Outro ponto levantado e criticado pelo autor são as obras públicas inventadas, a fim de que sejam gerados empregos. Esquece-se que a obra deve ser paga e a receita do Poder Público quase integralmente provém dos impostos. Então, caso se reduzissem os impostos, os empregadores teriam maior capital e poderiam gerar mais empregos.
Critica o crédito fornecido pelo governo, pois este oferece crédito que o particular não forneceria, assumindo maior risco. Então, o governo tributa as empresas bem sucedidas a fim de amparar as mal-sucedidas, o que – afirma – prejudica a produção.
Quanto aos impostos, o autor reconhece que certa soma é essencial para a execução de funções governamentais. Aduz que impostos razoáveis não prejudicam a produção. Porém, afirma que imposto é roubo:
“Quando seu dinheiro é tomado por um ladrão, você nada recebe em troca. Quando seu dinheiro é tomado por meio de impostos para sustentar burocratas desnecessários, existe, precisamente, a mesma situação.”
Trata sobre o sistema automático de preços baseado no livre comércio (oferta e demanda), onde critica qualquer tipo de tentativa de tabelamento de preço (seja para baixo, para “proteger” o consumidor; seja para cima, para “proteger” o produtor). Inclusive, trata o salário mínimo como preço do trabalho e critica sua instituição sob o argumento do desemprego causado. Esclarece as funções do lucro, dentre a qual está guiar e canalizar os fatores da produção. Critica o fetiche do “pleno emprego”.
Explica a inflação, inclusive como um tipo de imposto, e alerta sobre a diferença entre dinheiro e riqueza. A inflação poderá trazer, a grupos favorecidos e durante curto prazo, benefícios. Entretanto, isto ocorrerá à custa de outros, mas a longo prazo as consequências serão desastrosas para todos. Chama a inflação de “O ópio do povo”.
No final, ressalta a importância da poupança já que estes valores, ainda que não empreendidos pelo titular, poderão ser investidos e gerar empregos. Repete, então, A Lição sobre o olhar econômico acerca do interesse geral e à longo prazo.
Ao analisar A Lição trinta anos depois analisa a inflação, inclusive na América Latina e afirma que “a mentalidade anticapitalista parece mais profundamente impregnada que nunca.”