Coruja 10/01/2012Continuando na minha tradição de começar o ano lendo Pratchett (esse é o quê? O terceiro ou quarto ano consecutivo?), o primeiro livro a sair da estante no alvorecer de 2012 foi o livro de receitas da tia Ogg. E que livro, pessoas... que livro...
Para quem não conhece (embora a essa altura não acredito que algum leitor do Coruja que não conheça), Gytha Ogg é parte da respeitável trindade de bruxas de Lancre que aparecem em Estranhas Irmãs, Quando as Bruxas Viajam e mais uma pá de livros de Pratchett ainda não lançados em português. Ela é a pessoa mais próxima da poderosa Vovó Cera do Tempo, já enterrou mais de um marido, tem um monte de filhos (cujas esposas têm verdadeiro terror dela) e um gato – Greebo – que ela considera uma coisinha fofa, mas é uma das criaturas mais ferozes e mortais do Disco.
O livro começa com uma troca de memes entre os editores que, já vacinados contra o repertório humorístico de tia Ogg, revisam o texto para ter certeza que a esposa de um deles não vá encontrar motivos para rir histericamente dos comentários altamente ambíguos da bruxa (sem sucesso, adianto logo), para, em seguida, se desdobrar entre receitas colhidas de todos os pontos do Disco (algumas incluindo ingredientes peculiares, como o arsênico do humbugs de menta de Lorde Downey, presidente da Guilda dos Assassinos); conselhos para a vida e instruções de etiqueta.
É claro que não-iniciados no mundo do Disco não terão o total benefício de ler Nanny Ogg’s Cookbook porque, para entender a graça por trás de algumas receitas, é necessário conhecer o personagem que está por trás delas – e o contexto em que estão incluídos. Pontos extras valem para quem reconhece alguns dos pratos mais exóticos, como o molho Wow Wow passado de geração em geração na família do Arquichanceler Mustrum Ridcully e que é usado em Hogfather para curar a ressaca do Oh, Deus de todas as Ressacas.
Não obstante, embora tia Ogg tenha realmente uma mente bastante poluída e não seja lá a especialista em etiqueta que acredita ser, muitos de seus conselhos e lições têm um bom fundo de verdade e bom senso.
Seja como for, é um livro bem divertido – não experimentei nenhuma das receitas porque elas precisariam de algumas adaptações para funcionar em nosso mundo (nem todas, mas a maioria...) e não sou exatamente uma sumidade na cozinha (para não dizer que sou um desastre). Acho que vou levar o livro para o Dé quando for para Fortaleza no final do mês e verei se ele topa fazer algum prato típico do Disco para mim...
É tão bom ter amigos que sabem cozinhar...