Resenhas - Hard-Boiled Wonderland and the End of the World

Mari 25/09/2024

Não sei, talvez esse livro seja incrível
O que me chamou atenção, desde o começo, foi o ritmo contemplativo e a atenção aos detalhes.

A conexão entre as duas histórias e as formas sutis que o autor cria uma união entre elas é sensacional.

São pequenas dicas, elementos em comum, reflexões e analogias que abrem espaço para nós, como leitores, interpretarmos. Para mim, isso é sinal de uma narrativa coesa e aprimorada.

Os diálogos são construídos de uma forma muito natural, realmente simulam conversas reais, com suas nuances e características.

Esse livro dá uma aula de escrita, narrativa e linguagem. É sensacional.

O ritmo lento às vezes torna a leitura um pouco pesada, que precisa ser feita aos poucos. É justificado, com certeza, mas pode ser difícil de se adaptar.

Nath @biscoito.esperto 12/09/2024

Lido entre 04/08/24 e 08/09/24.
Este foi o quarto livro publicado pelo Haruki Murakami. O livro saiu em 1985 no Japão, 12 anos antes de eu nascer, e tive vontade de mencionar este fato pois eu acho que muitos temas desta obra ainda são bastante atuais, e é curioso pensar que o Murakami já estava abordando esses assuntos há quase 40 anos.

O livro já apresenta a narrativa envolvente e caótica que me faz amar a escrita do Murakami, mas acho que o autor ainda não sabia desenvolver muito a fundo seus personagens. Não me entenda mal, eu adorei este livro! Mas é engraçado lê-lo depois das obras mais recentes do autor e perceber que ele melhorou muito ao longo dos anos.

E eu fiz bingo DUAS VEZES com esse livro! É o puro suco do Murakamismo!

site: www.nathlambert.blogspot.com

Piazzarollo 28/08/2024

Eu queria saber o nome dele.
A história é incrível. Confesso que na primeira centena de páginas fiquei um pouco entediado, mas depois entendi o estilo da escrita do autor. Bem que já tinha lido em outras resenhas que a forma que ele escreve era um pouco diferente e é.
Mas ótima, foi me cativando ainda mais por isso.
O enredo é fascinante e o desfecho é sublime.
No começo do livro eu ria várias vezes sozinho, os pensamentos do calculador são hilários.
Difícil falar do final sem dar spoilers.
Vale a leitura.

douglaseralldo 02/06/2024

Não sei, talvez! 10 Considerações sobre O Fim do Mundo e o impiedoso País das aravilhas, de Haruki Murakami
1 - Potencialidade máxima da capacidade imaginativa humana, o Fim do Mundo e o impiedoso País das Maravilhas é destas narrativas que te transportam ao universo pretendido pelo autor, do mesmo modo que desfila uma delicada e bonita rede de influências e referências que atravessada pelo insólito de seus acontecimentos a passo que conduz suas personagens a novas descobertas, também conduz seus leitores a reflexões um tanto agridoces numa sensação ambígua entre a escolha da utopia e a melancolia de que esta só nos cabe na individualidade da consciência;

2 - Isso porque se de um lado o livro de Murakami aponta para o resquício da utopia, esta, porém, mantém-se apenas no campo do indivíduo, na consciência de seu narrador-protagonista, uma figura mundana que tem sua rotina atravessada por acontecimentos cada vez mais insólitos e inesperados. Aliás, Murakami é magistral na forma com que é capaz de produzir cenas que a despeito do caráter insólito, soam da forma mais natural possível. Isso é reverberado pela postura um tanto resignada, caracterizada pelos seus não sei e talvez diante dos acontecimentos mais estranhos que lhe sucedem; Ele é um calculador, profissão de base; trabalha para uma megacorporação, empresa que está em guerra com outra megacorporação numa luta pelo universo dos dados (aliás, é uma obra dos anos 80, contudo, ainda que possamos ver as marcas temporais de uma tecnologia um tanto distinta da nossa presente, conceitos e ideias por trás da relevância dos dados parecem-nos pertinentes ao presente). A imersão nesse universo das megacorporações, aliás, indicam-nos diferentes camadas de sociedade, a aparente e partilhada, que mal se tem visão na narrativa e uma intermediária-para-o-subterrâneo na qual o narrador viverá sua jornada;

3 - Aliás, aqui já nos importa tratar dos caminhos duplos trazidos pela narrativa. Num deles, o impiedoso País das Maravilhas é o mundo em que encontramos nossa narrador em sua função laboral que passo a passo vai sendo atravessada por eventos e acontecimentos estranhos. Poderíamos dizer que esta retrata "o mundo real" ou o mais próximo disso. Já O Fim do Mundo é narrativa que transcorre em paralelo, uma narrativa com marcas de fantasia trazendo ao leitor um local e espaço idílico desprovido das ambições, das angústias e das lutas que geralmente hão noutro espaço. No passo que avançamos pela narrativa mais e mais as duas jornadas insinuam-se em um encontro por vir. Como se estivessem de algum modo conectadas. Conexão, diga-se, que paulatinamente o leitor vai construindo, sempre conduzido pela narrador, obviamente;

site: https://www.listasliterarias.com/2024/06/nao-sei-talvez-10-consideracoes-sobre-o.html

Martha37 09/09/2023

Em estilo Murakami surrealista, mais uma história envolvente e sutilmente profunda. Um livro sobre a ideia do ser, e de como a mente nos pertence mesmo quando a estamos perdendo.

thaispmendes 03/01/2023

Já li vários livros de Murakami, e como todo livro dele, amei a escrita deste. Realmente parece que você está lendo um sonho. Acontecem coisas impossíveis que não vão ter explicação, mas te afetam de um jeito profundo e você passa o dia com aquilo te acompanhando. Gosto demais da falta de seriedade na reação do personagem diante das diversas situações absurdas ao longo do livro.

O problema de Murakami é como ele escreve personagens femininas, o fetiche por partes específicas do corpo, o jeito que ele fala sobre o corpo das mulheres na história é muito ofensivo. A personalidade que ele cria para elas também é sempre misteriosa, muito inteligente, "quirky" e sexy... elas sempre apresentam essa qualidade fantástica. Não se assemelham nada com uma mulher real. Se pensarmos que as histórias dele se parecem com sonhos, faz sentido elas serem assim. Mas sendo mulher, incomoda bastante ler os livros dele nesses momentos. Se não fosse por isso, eu daria 5 estrelas.

Thaisa 05/04/2022

Um livro extremamente confuso, estranho e melancólico
Antes de tudo, já aviso: esse é o livro mais confuso que eu já li na vida!
Aqui nós encontraremos duas narrativas: a de Hard-Boiled Wonderland é mostrada nos capítulos ímpares, e a de The End of the World, nos capítulos pares.
Na primeira, somos apresentados ao protagonista, que é um Calcutec (passou por um procedimento e consegue criptografar e descriptografar informações apenas com o seu cérebro). Ele é chamado por um cientista que fez uma grande descoberta e precisa que essas informações fiquem seguras, pois se caírem em mãos erradas (como nas dos Semiotecs, antigos Calcutecs que tentam roubar informações, ou nas dos Inklings, criaturas que vivem embaixo da terra), será o fim do mundo.
Já na segunda, vemos o protagonista chegando em uma cidade completamente murada, com um grande portão. Ao entrar, o Porteiro avisa que seu trabalho será ler sonhos antigos presos em caveiras de unicórnios; pra isso, ele passa por um procedimento nos olhos e é separado de sua sombra.
Essa obra de Murakami mistura fantasia, ficção científica, terror, romance, drama... Uma leitura densa, complicada, com elementos próprios, e que, se o leitor resistir a confusão que o livro traz, será recompensado com uma história linda e melancólica, lotada de simbolismos e cheia de reflexões.
Um aspecto negativo que me fez querer desistir da leitura várias vezes foi o protagonista gordofóbico - e como ele escancara isso sempre que possível. Além disso, esse não é um livro recomendado para quem quer começar a ler Murakami, pois é completamente maluco e pode desagradar quem não estiver disposto a embarcar nessa louca jornada.
No entanto, eu mergulhei na história, criei teorias, tentei encaixar as peças que faltavam, e adorei essa experiência tão única, além da ousadia do autor em criar algo tão complexo, singular e bonito.
Mesmo que o livro seja arrastado por ser confuso, o último ato é maravilhoso: quando as narrativas se encontram e chegamos ao clímax da história, Murakami demonstra toda a sua genialidade com uma conclusão extremamente profunda, brilhante e, principalmente, inesquecível.

Mais resenhas no instagram literário @livre_em_livros e no canal do Youtube "Livre em Livros"!

Lali 23/09/2021

Um dos melhores do Murakami. História surpreendente, fluida, bem estruturada, com ótimos pontos de virada. Fantástico.

Pappa 12/11/2009

Murakami e a Fantasia
Uma explêndida obra de fantasia cyber-punk. O livro é dividido em duas tramas que correm simultaneamente: uma é a história de um tipo de "programador", um rapaz que é capaz de introduzir dados em seu cérebro e encriptá-los (embaralhá-los), que se envolve com um cientista maluco e suas experiências; a outra é a história de um homem que chega a um lugar estranho - uma cidade toda murada, cheia de regras e costumes bizarros - e tenta entender como ela funciona e porque ele está ali, já que não lembra de nada antes de sua chegada. É claro que as histórias se relacionam, e descobrir a ligação entre elas é um dos prazeres da leitura.

Os personagens são o ponto forte, são verossímeis, profundos, emotivos, têm seus problemas e traumas, e também suas qualidades, e interagem com uma trama alucinante e diria até alucinógena de tão louca. Por falar na trama, apesar de ser altamente "viajante", não deixa o leitor desistir pelo exagero. É fantasiosa, porém a forma como é passada faz com que seja aceitável e muito agradável.

Tendo lido apenas dois livros de Haruki Murakami já me transformou em um fã. Para mim suas histórias surreais, cheias de referências à cultura pop japonesa e internacional, me deixam fascinado. Neste romance novamente ele não decepciona, mostrando toda sua criatividade e a profundidade de seus trabalhos.