Bruna 18/03/2015Problemas familiares, o peso dos segredos, bullying, problemas de comportamento, distúrbios alimentares. Essas são algumas das questões abordadas no livro, que de uma sensibilidade incrível.
Annabel Greene é a caçula de três irmãs, e está prestes a começar um novo ano escolar, porém como pária da escola, dessa vez. Antes das férias de verão começarem, ela foi pega com Will Cash, o namorado de sua melhor amiga, Sophie, em uma situação comprometedora, o que acabou com sua imagem na escola. Sophie é a garota super popular, e é daquelas populares arrogantes e prepotentes, que humilham os outros, e garante que Annabel seja prontamente ignorada e mal vista.
Ao se ver sozinha, ela conhece Owen, um dos rapazes mais misteriosos do colégio, que tem fama de ser esquentado e violento. E essa amizade começa a mudar a vida de Annabel e sua forma de ver o mundo. Ele é DJ de uma rádio comunitária, e é uma pessoa super sincera, que incentiva Annabel a fazer o mesmo e se abrir mais, sem nem imaginar o tamanho de todos os segredos e traumas que a menina guarda.
Apesar de Annabel ser a protagonista, toda a família Greene é foco do livro, em especial as irmãs. As três começaram a trabalhar como modelos quando criança, embora Annabel fosse a única a continuar na profissão, mesmo sem querer, mas sem coragem de dizer isso a mãe. Kristen, a irmã mais velha, era a popular de sua época e daquelas pessoas explosivas e super sinceras. Withey, a do meio, era a reservada e contida, e acabou desenvolvendo anorexia ao investir demais no trabalho como modelo. E Annabel é a doce e gentil, a que nunca dava problemas ou preocupação à família. E por isso mesmo ela tem tanta dificuldade de se abrir, mesmo estando passando por sérios problemas.
Em caso de dúvida, era melhor deixar o assunto de fora - fora do campo de visão, fora de casa - mesmo se isso na verdade significasse guardá-lo dentro de mim.
Pág. 29
Não posso falar mais, porque qualquer coisa além disso seria spoiler. Procurei me prender a informações próximas às contidas na sinopse, além disso só posso dizer que esse livro é incrível! Os personagens são muito bem construídos e totalmente reais. Tenho certeza que nesse exato momento muitas famílias ao redor do mundo estão passando pelos mesmo problemas apresentados no livro.
A falta de comunicação da família Greene, a aparente fragilidade da mãe, a distância emocional entre as irmãs, a forma como a mãe projetava seus sonhos e desejos nas filhas, tudo isso contribuiu, e muito, para todos os problemas enfrentados. Muitas vezes nos perguntamos como uma família não percebe o que está acontecendo com um de seus entes, e Just Listen mostra bem que isso acontece porque eles não querem ver!
Eu estava tão sozinha e com medo, e sim, com raiva, e de alguma maneira Owen enxergou isso, mesmo quando todas as outras pessoas preferiram desviar o olhar e fingir que nada estava acontecendo.
Pág. 246
"Não pense ou julgue. Apenas ouça (just listen)", essa é a grande mensagem do livro, e mexeu demais comigo. Me vi repensando várias situações familiares e de conhecidos, e parei para pensar em quantas vezes nós realmente paramos para ouvir os outros? Não digo apenas escutar, mas sim ouvir de verdade e nos propormos a fazer algo. Quando buscamos enxergar além das aparências e entender de verdade uma situação? Acho que problemas de comunicação são cada vez mais comuns, e muitas vezes não percebemos como isso realmente nos afeta.
Just Listen é um livro sensível e muito bem escrito. A autora soube passar bem as emoções propostas. Senti meu coração apertar em vários momentos, senti raiva de alguns personagens em outros (em especial da Sophie), e ri bastante em vários outros. Com narração em primeira pessoa, pela Annabel, o livro realmente nos prende do início ao fim. A revisão e tradução está muito bem feita, e se havia erros, eu não percebi. A diagramação é simples, e papel é branco, o que não me agrada muito, mas que acabei esquecendo disso, depois que mergulhei na história.
Bom, acho que deu para perceber que eu realmente gostei do livro. Ele mexeu demais comigo, me fez pensar e refletir. Está mais que recomendado, para todos e de todas as idades.
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