Rafa 14/02/2016
Trancam e jogam a chave fora!
O livro retrata a história de uma das primeiras mulheres no comando das prisões do Rio de Janeiro.
O livro é marcado de acontecimento inusitados, outros até já batidos, porém a essencialidade do livro, no meu ponto de vista, está principalmente em ver a luta de pessoas que prezam pela dignidade da pessoa humana, a omissão do estado em caráter humanitário para com a sociedade brasileira, e, logicamente de uma forma mais ampla, com os presos.
As cadeias surgiram com a ideia de Focault, com a chamada ressocialização do preso, com o mesmo realizando trabalhos em prol da sociedade, e ao sair da cadeia se inseria novamente na sociedade. Porém o que ocorre hoje em dia, é o exposto no livro, cadeias lotadas, presos saindo piores, nada de ressocialização, condições degradantes, presos gerando prejuízos ao estado, e reincidindo na vida do crime, resumindo, o estado (nós) estamos "tapando o sol com a peneira".
Investir em educação é o princípio de tudo. "Educação não muda o mundo, educação muda pessoas, pessoas mudam o mundo" - Paulo Freire (Não entrarei em detalhes sobre a minha opinião política, porém concordo plenamente com a frase)
Julita nos mostra o "mundo carcerário", que como eu disse, parece que faz parte de uma outra sociedade, a qual não pertencemos, trancafiamos presos, chutamos- os para dentro dos presídios, e problema resolvido.
Um ponto crítico que tenho com base a opinião da autora, é com relação a quando ela fala que "os jornais, mídia, não querem saber de nada na cadeia, muitos não são entrevistados, etc".
Luto arduamente para que as pessoas tenham direito a "voz", do contrário, retornaremos à ditadura, porém chefões serem capas de jornal, terem repercussões exageradas, seria uma forma de dignificar o preso, sendo até exemplo a ser seguido. Na minha opinião o meio termo seria o razoável, pouca publicidade, e direito a voz, porém nada com relação a honrarias criminosas(quantos homicídios, roubos .. ).
Muito bom o livro, principalmente pela coragem da autora em expressar dramas em todos os âmbitos, familiares, seja com ameaças, no trabalho, no campo político, e no âmbito pessoal, inseguranças, desafios que ao meu ver dignifica, e muito o trabalhos de pessoas assim!