Carla.Parreira 02/11/2023
Ação e reação
Eis um breve resumo: André e Hilário vão à ?Mansão da Paz?, no umbral, para aprendizados ou complementações referentes à Lei de Causa e Efeito. Assistem a uma conferência, na qual são descritas as várias concepções das antigas civilizações sobre a vida além-túmulo, com resultantes respectivamente boas ou más, sob império implacável da Justiça, segundo as ações de cada um. No exterior da ?Mansão da Paz? uma ventania ululante movimentava no ar uma substância escura, qual lama aeriforme, dentro da qual rostos humanos surgiam com lamentos de horror. Eram criaturas cruéis que, segundo o instrutor Druso, ?odeiam e aniquilam, mordem e ferem?. Tais criaturas não podiam ser abrigadas pois aniquilariam selvagemente seus eventuais acolhedores. Algumas vivem ali por séculos! Não é a primeira vez que vemos situação similar nas obras de André Luiz. O livro leciona que ao criminoso não bastam sofrimentos e purgações, em regiões infernais, sob revolta e inconformismo, mas sim, a cessação da febre de loucura e de rebelião, com o culpado entregando-se ao remorso e à penitência. Por permissão do Senhor, em tais locais, as atividades do mal, de forma direta, fustigando os maus, proporcionam que eles se curem com o próprio mal. Em recinto confortável e amplo da ?Mansão da Paz? reunem-se cerca de duzentos assistidos, na maioria de semblante disforme e triste.
O livro contém numerosos ensinamentos sobre o bom ânimo e à construção individual do ?destino?, quando cada um de nós estagia ora no plano físico, ora no espiritual. Em suma: somos vítimas de nós mesmos, tanto quanto todos somos beneficiários da Tolerância Divina a nos conceder infinitas oportunidades de correção e ressarcimento.
Há a informação de que para espíritos equilibrados, ao desencarnarem, retornam-lhes a memória de vidas passadas; já os espíritos intranqüilos, culpados, vêem-se acometidos de amnésia, qual sombra eclipsando-lhes a visão (do passado). Há velada crítica à regressão de memória, por hipnose.
Também é relatado sobre espíritos trevosos que, munidos de canhões de bombardeio eletrônico, atacam a Instituição ?Mansão da Paz?, mas logicamente esta possui defesas eficientes.
Equipes socorristas da ?Mansão da Paz? atendem recém-desencarnados em desequilíbrio mental, mas credores de imediata assistência. Há várias narrações de recém-libertos da matéria e que só agora se mostram grandemente arrependidos. Um desses dolorosos casos, de grande impacto emocional, mostra a ingratidão filial, e em contraposição, o sublime amor maternal, que a tudo perdoa.
O livro leciona que as sombras da consciência só desaparecerão da alma do devedor com o suor do trabalho ou sob o pranto da expiação.
Vemos também como a literatura perniciosa que descreve figuras demoníacas pode impressionar espíritos frágeis, que os ideoplasmam, passando a conviver grandes tormentos com essas formas-pensamento auto-edificadas. Há proveitosa explanação sobre como as energias mentais exteriorizadas por cada espírito (na forma de pensamento, por exemplo) sempre retornam à origem, intensificadas pelos elementos - bons ou maus - que com elas se harmonizam. Uma caminhada pelos arredores da ?Mansão da Paz?, pelas regiões das sombras densas, mostra compacta multidão de almas em reajuste, conturbadas e sofredoras, soluçando, gritando e blasfemando. Esses infelizes espíritos são prisioneiros de si mesmos; só conseguirão ser amparados quando superarem a crise de perturbação ou de angústia na qual mergulharam, o que pode perdurar por dias, meses ou anos. Cães enormes prestam relevantes serviços naquela área trevosa. Espíritos desencarnados, tanto quanto encarnados, vivem cercados de energia que se irradiam, impressionando o olfato daqueles que estejam próximos, de modo agradável ou desagradável. Três Espíritos são mantidos em celas individuais, tendo cada um, por companhia, apenas e tão somente, permanentemente, as escabrosas formas-pensamento que criaram, reflexo de sua equivocada vida terrena. Só poderão ser amparados quando modificarem sua tela mental. Numa dependência da ?Mansão da Paz?, destinada à prece, há grande tela translúcida, de mais ou menos 6m², denominada ?câmara cristalina?. Ouvimos então comovente quanto sublime prece, enfatizando a excelsitude do perdão, mesmo para os espíritos de suprema perversidade.
O grupo em oração vê na ?câmara cristalina? surgir à figura do ministro Sânzio, figura essa branda e aureolada de intensa luz, que se materializa. Tal episódio se reveste de capital importância para o entendimento de como o Plano Espiritual reúne espíritos reciprocamente faltosos numa mesma família, a fim de que, também em conjunto, agora, reparem arestas, refaçam o que também juntos, no passado, destruíram. Essa a oportunidade de restabelecerem, por fim, laços de fraternidade e amor. Vemos também o caso de uma esposa de marido criminoso e extremamente infeliz que se vale da prece para ajudá-lo, rogando retorno de ambos ao plano físico. A fixação no ouro leva os espíritos à perda da razão, os quais, no plano espiritual, passam a apresentar aspecto horripilante.
Há impressionante notícia da existência, lá no plano espiritual, de ?escolas de vingadores?, organizadas e mantidas por inteligências criminosas, que identificam o chamado ?desejo central? de cada espírito para sobre ele passar a exercer influência obsessiva, dilatando-lhe, na personalidade, a ânsia resultante desse interesse íntimo. Crueldade, cobiça, maledicência, escárnio e irritação refletem desequilíbrio, tanto quanto elevação moral reflete santidade. A ação de um vigoroso hipnotizador desencarnado sobre um cobiçoso fazendeiro encarnado entremostra o perigo da fixação nas posses materiais.
Noutro caso citado vemos como um bondoso espírito confessa, de público, todos os descaminhos que palmilhou, entregue que estava à usura e amor ao ouro. A confissão, expondo os tormentos da colheita obrigatória da má semeadura, evidencia a Bondade Divina que concede ao criminoso incessantes e inapreciáveis oportunidades de reconstrução moral, a qual passa, em primeiro plano, pelo trabalho em soerguer suas vítimas. A reflexão de que a má ação de um minuto por vezes demanda enorme tempo para o devido reajuste e refazimento, emoldura o ensinamento sobre a ação do mal, que pode ser rápida, mas que ninguém sabe quanto tempo exigirá o serviço da reação.
Vários casos seguem-se de exemplo. No ?Templo da Mansão? uma cruz informa e recorda a todos os que ali vão orar que Jesus está presente. Nichos, aparentemente vazios, proporcionam a cada espírito eleger diante de qual fará suas preces, segundo a fé que abraça. Vê-se ali como o ser humano ainda carece de símbolos, mas vê-se também como os poderes divinos, diante da fé sincera, propiciam amorosa veneração. Assimilando a faixa mental dos espíritos em oração foi dado ver nos nichos as belas imagens que suas mentes formavam, bem como ouvir o que diziam, seus rogos e esperanças, expressando-se com respeito e fé. É explicado como um espírito protetor (no caso, o Dr. Bezerra de Menezes) atende às dezenas de súplicas, simultaneamente: ?centenas de Espíritos estudiosos e benevolentes obedecem-lhe às diretrizes nas lavouras do bem, nas quais opera ele em nome do Cristo?. Já do lado de fora do Templo, outro era o clima: ali era o ?parlatório? da Mansão, onde grandes fileiras de almas sinceras e sofredores, em desespero, oravam também, mas aos gritos e com rogativas ardentes e apelos desenfreados.
Espíritos com ?sentimentos tigrinos? não podem ser acolhidos em ambientes onde reina a Paz (no caso, o ?Templo da Mansão?) pois não resistiriam ao impacto da claridade dominante, dosada em fotônios de teor eletromagnético, ajustada à segurança daquela casa de oração. Só com sinceridade nas rogativas e ausência de revolta na alma é que o acesso se torna livre. Isso caracteriza que o socorro espiritual está sempre de braços abertos à provação e ao sofrimento, mas não à rebeldia e ao desespero.
Ao apelo de uma mãe, acontece um sublime atendimento espiritual à filha, evitando o suicídio desta. Uma prece humilde, de um Espírito bom, plena de fé e caridade, subtrai uma mulher à desencarnação precoce. Conhecemos o assombroso caso de um espírito (ora encarnado) que há mais de mil anos vinha praticando delitos cruéis, em ambos os planos, e por isso, cristalizado que se acha no crime, teve seu débito ?congelado?, com hibernação espiritual compulsória. Na atual reencarnação, esse Espírito, ?prisioneiro ainda perigoso?, renasceu em corpo de anão e paralítico (?engaiolado?, na expressão do Autor espiritual). Essa forma proporcionou-lhe ocultação provisória, tornando-o incomunicável e irreconhecível não só às numerosas vítimas (buscando vingança) como suas ligações nos planos infernais.
Na Terra ou no Espaço, reconhecível, provocaria perturbações e tumultos de conseqüências imprevisíveis. A partir dessa explicação, o mongolismo, a idiotia e os demais casos de deficiência mental-cerebral a ter um enfoque de lógica irretorquível, não espelhando castigo, mas sim, grande bênção. Um marido infiel torna-se rancoroso com a esposa e um filhinho, ao tempo que mantém amor paternal por duas filhas. Tresloucado, intenta assassinar a esposa para poder entregar-se por inteiro à paixão infeliz. O pensamento do marido forma imagens nítidas e sucessivas, recebidas com extrema nitidez por desencarnados. Impedido pelos protetores de praticar o homicídio o marido opta pela deserção dos compromissos com a família.
Por isso, em outra reencarnação terá que voltar perante os débitos que agora não quita, os quais estarão acrescidos. Comentários sobre o divórcio trazem à tona que os casais, via de regra, se unem por vínculos do passado, quase sempre com débitos recíprocos, daí surgindo arestas a serem amparadas, em esforço mútuo. O cônjuge que de forma mais proveitosa velar pelo bem familiar, com mais sacrifícios no serviço incessante pela felicidade familiar, certamente mais se elevará à glória do Amor Divino.
O livro ainda aborda, de início, o trabalho do famoso médico austríaco Sigmund Freud (18561939), comentando que nele faltou estudos sobre a reencarnação, com ênfase na explicação do ?campo emotivo das criaturas pela medida absoluta das sensações eróticas?.
A seguir, obtemos preciosos ensinamentos sobre o sexo, que é de substância mental e mentalmente determina as formas em que se expressa.
O sexo, assim, é uma energia variável da alma, uma força do Criador nas criaturas, destinada a expandir-se em obras de amor e luz. A irresponsabilidade sexual, do homem ou da mulher, resultarão em dolorosas conseqüências, sendo que o autor espiritual cita um grande elenco de doenças advindas dos abusos sexuais, que tanto mal causam aos parceiros; e por reação, ao agentes. A inversão sexual é tratada como renascimento corretivo, em alguns casos, raros, não se trata de correção e sim de renúncia de espíritos de belos caracteres que solicitam esse quadro pessoal para melhor poderem se desincumbir de tarefas missionárias, que a solidão ajuda a cumprir.
Um homem com doença grave dedica-se a ajudar ao próximo! No desdobramento do sono é atendido por dois médicos espirituais. O caso, mostrando esse comportamento heróico e fraterno, expõe como um débito do passado se alivia. Esse homem fraternal, no passado cometeu grave crime contra o pai e após sofrer horrível perseguição paterna, obsessiva-vingativa, reencarna e logo se vê órfão para aprender a valorizar a bênção de se ter pai.
É de sublime poesia a inefável maneira de como um espírito (encarnado), afetado por cruel enfermidade, administra sua existência, recebendo com amor paternal filhos enjeitados, que em vida pretérita ele desencarminhara. Também é citado o caso de um enfermo grave que na atual reencarnação ressarce seu pesado débito: suportando com humildade e paciência os golpes reparadores, consegue conquistar a felicidade de encerrar citado débito, em definitivo. Transcrevo a lição: ?Quando a nossa dor não gera novas dores e nossa aflição não cria aflições naqueles que nos rodeiam, nossa dívida está em processo de encerramento?.
É descrito o socorro espiritual às vítimas fatais de um acidente aéreo. A equipe dos atendentes era formada de espíritos rigorosamente treinados em técnicas especialíssimas para esse tipo de auxílio. Dentre os mortos, alguns poderiam ser logo desligados dos despojos, outros ainda se demorariam jungidos à armadura física, tudo proporcionalmente ao nível de desprendimento material, quando encarnados. Também achei válido distinguir que ?Morte física? é uma coisa, ?emancipação espiritual?, outra: o trabalho no bem comum e a caridade, a fé e o bom ânimo, a arte, o otimismo e a arte, bem como as preces intercessórias, são fatores que amenizam as duras provações! Diz o livro que, o corpo humano, quando em enfermidades, estas correspondem ao estado evolutivo espiritual e constituem retificação.
O álcool, a gula, a leviandade nos esportes e na dança, a calúnia, a perversão dos sentimentos, os abusos dos dotes físicos, o escárnio e a audição que desencardeiam a criminalidade.
Todas essas deficiências comportamentais geram, em vidas futuras, veículos fisiológicos com problemas patológicos correspondentes. É de se notar que tais expiações são imploradas pelos próprios agentes, sendo concedidas como exaustores cármicos. Eis algumas dessas solicitações: câncer, lepra, lesões genésicas, paralisias; reumatismos; neoplasmas; mudez; surdez; cegueira; inibições cerebrais; diabetes; epilepsia; pênfigo; etc. etc. Tais anomalias orgânicas surgem por zonas de atração magnética, configurando exteriormente as deficiências do espírito.
Há ainda reflexões e conceitos extremamente lógicos sobre a dor:
a. ?dor-evolução? - nos animais e nas plantas
b. ?dor-expiação? - regeneração do ser
c. ?dor-auxílio? - para evitar maiores quedas ou para recuperação de antigos enganos.