Henrique Fendrich 15/05/2018
Li este livro pouco tempo depois de ser as Maravilhas do conto alemão.
Se os contistas alemães parecem seguir os passos do Goethe, os italianos fazem o mesmo com o Boccaccio. O resultado é que temos uma porção de escritores fazendo graça com situações cotidianas. Os que achei melhores são dois mais modernos, o Giovanni Guareschi e o Ignazio Silone, que escreveu "Don Aristotile", o conto mais divertido do livro.
Também escreveram contos tendendo ao humor: Matteo Bandello, Nicolau Maquiavel, Luigi Capuana, Renato Fucini, Trilussa, Massimo Bontemplelli (esse com um humor surrrealista), Pitigrilli e ainda outros .
Mas há uma dimensão dramática também, na qual se sobressai o Gabriel D'Annunzio com o "A arca de pão". Contos tristíssimos também foram escritos por Edmundo D'Amicis, Matilde Serao, Cruzio Malaparte e Vasco Pratolini.
Um dos que eu mais gostei foi "A bebedeira de Toni Bianchini", do Lucio D'Ambra. O tema do conto é basicamente aquele de "O feijão e o sonho", o clássico Orígenes Lessa, isto é, o conflito entre ser escritor e botar comida na mesa. Nesse conto o humor e o drama acontecem ao mesmo tempo.
E o meu conto favorito do livro é o sensível e lírico "Idílios desfeitos", do Antonio Fogazzaro, também um conto triste, mas não depressivo. Vai entrar para a lista dos belos contos que eu li neste ano.
Falou-se muito bem no livro de Giovanni Verga, mas o conto dele, também dramático, não me atraiu. Gostaria de conhecer melhor.
Há ainda contos do Pirandello e da Grazia Deledda, dois vencedores do Nobel, mas que não me chamaram a atenção em especial.
Os contistas italianos me pareceram mais irregulares que os alemães. Grande parte deles já é do século XX. Mas valeu a leitura.