PehYan 09/03/2024
A magia na nossa relação com as coisas
Um livro mágico, figurativamente. O livro inteiro é conduzido de uma forma que evoca suspense, mistério, até mesmo magia: afinal, é de tudo isso que se trata o livro, além de amor e fé. É uma história deliciosa de se ler.
! ALGUNS SPOILERS, CONTINUAÇÃO DA RESENHA:
E a escassez de personagens não incomoda (basicamente só há Brida, o Mago, Lorens e Wicca, com outros personagens recebendo papéis menores, como o bibliotecário e a mãe de Brida), além de ser recheado de citações e tocantes passagens filosóficas. Só me incomoda ao longo da história o possível romance entre Brida e o Mago, mas acontece de forma tão brilhante e é encerrado de forma tão genial (que quase chegou a me arrancar lágrimas) que até isso me satisfez. Acho que seguirei com trechos memoráveis do livro:
“Assim é a vida. Errar. As células se reproduzem exatamente da mesma forma durante milhões de anos, até que uma delas errava. E por causa disso alguma coisa era capaz de mudar naquela repetição infindável.”
“Foi o erro que colocou o mundo em marcha. Jamais tenha medo de errar.”
“Jamais tenha vergonha. Aceite o que a vida lhe oferece, e procure beber das taças que estão na sua frente. Todos os vinhos devem ser bebidos: alguns, apenas um gole; outros, a garrafa inteira. [Como posso distinguir isso?] Pelo gosto. Só conhece o vinho bom quem provou o vinho amargo.”
“As pessoas dão flores de presente porque nas flores está o verdadeiro sentido do Amor. Quem tentar possuir uma flor, verá a sua beleza murchando. Mas quem apenas olhar uma flor num campo, permanecerá para sempre com ela. Porque ela combina com a tarde, com o pôr do sol, com o cheiro da terra molhada e com as nuvens no horizonte.”
Sem falar em como é interessante essa temática de a magia ser a ponte entre o visível e o invisível, estar presente em tudo, mesmo nas coisas mais banais, e pessoas conseguirem dominá-la mesmo sem saber. E também a Tradição do Sol ser a mais difícil, por ser a mais simples, onde as pessoas aprendem sozinhas, com si mesmas. Além de toda a relação das mulheres 'bruxas' medievais com a Tradição da Lua. Só me desagrada essa ideia de 'Outra Parte', divisão da alma em masculina e feminina e reencarnações, mas na ficção dá para aceitar, até porque aqui em “Brida” são trabalhados de forma interessante.
Pedro H. T. Mandú (29/10/2023)