Euflauzino 27/07/2015Visionário ou bon vivant?
Não escondo de ninguém minha predileção por biografias, por chafurdar a lama da vida alheia, mesmo que pública, melhor se privada. Olhar pelo buraco da fechadura, coisa muito rodrigueana, é natural em mim. Quero saber o que há por trás da fachada de gente que fez história.
Então, já era de se esperar que, ao me deparar com o livro de Denilson Monteiro – Dez, nota dez! Eu sou Carlos Imperial (Planeta, 407 páginas), ficaria alucinado. E foi o que aconteceu. Nem todos que ouvem o anúncio das notas do carnaval do Rio de Janeiro sabem que quem criou o bordão “dez, nota dez!” foi Carlos Imperial.
Imperial é um desses caras que, assim como Nelson Motta, viveram tudo na música brasileira, o inferno e a glória. Nascido em família abastada, pôde curtir a vida como ninguém, sem respeitar quem quer que seja. Lançou Roberto Carlos, Tim Maia, Wilson Simonal, Erasmo Carlos (que fazia pequenos favores para Imperial, como por exemplo, comprar sanduíches), Clara Nunes, Elis Regina, só pra ficar entre os mais populares.
Sabia aproveitar o embalo, não deixava passar o momento. “A banda” de Chico Buarque fazia sucesso na voz de Nara Leão e lá vinha ele com sua canção “A praça”, que até hoje abre o programa do SBT.
Imperial sempre levou consigo a máxima apregoada por seu pai: “as oportunidades são carecas e temos que agarrá-las pelos cabelos”. O único problema é que para isso não importavam os meios, apenas o fim. Tentou sem sucesso introduzir seu protegido na turma da Bossa Nova (Carlos Lyra, Roberto Menescal, Nara Leão e o líder Ronaldo Bôscoli), ninguém menos que o rei Roberto Carlos. Menescal acabou chamando o garoto e lhe deu um conselho:
“— Por que você não tenta encontrar o teu próprio estilo? Você quer cantar como o João Gilberto, e nós já temos o João Gilberto.”
Conseguiu perceber que algo diferente acontecia com a música brasileira, a Jovem Guarda mantinha uma briga acirrada com a MPB, que ficou evidente no terceiro festival musical da Record:
“Apesar das vaias aos representantes do iê-iê-iê (como o rock era conhecido no Brasil), o festival demonstrava que algo de novo estava chegando. A corrente da MPB havia tirado o primeiro e terceiro lugares, respectivamente com Edu Lobo (“Ponteio”) e Chico Buarque (“Roda Viva”). Mas no segundo e no quarto lugares, Gilberto Gil (“Domingo no Parque”) e Caetano Veloso (“Alegria, Alegria!!!”), classificavam-se com canções que, acompanhadas pelas ameaçadoras guitarras elétricas, receberam aplausos do público.”
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