DANIZINHA 19/12/2017O discurso do reiDepois que o Rei Edward VIII, da Inglaterra, abdicou o trono por um amor proibido, em dezembro de 1936, seu irmão Albert assumiu o governo sob o pseudônimo George VI em homenagem ao pai, o Rei George V - morto em janeiro daquele ano. No entanto, tal responsabilidade exigia-lhe a habilidade de falar em público, pois, quanto maior é a ascensão social e profissional, maior é a necessidade de comunicar-se bem, e o Rei George VI era gago.
Por conta deste distúrbio da fala, nas aparições públicas, o Rei apresentava sintomas comuns a quem não domina a arte da oratória e, principalmente, as técnicas de dicção e respiração para controlar o nervosismo. Consequentemente, o problema da fala do Rei ampliava-se, o que comprometia a reputação do seu reinado, uma vez que os discursos eram obscuros e revelavam a incompetência do Rei em falar aos súditos.
Para treiná-lo, Lionel Logue, um terapeuta da fala, foi contratado pela Rainha Elizabeth I, a dedicada esposa do Rei. E, assim, a cada discurso em público ou pelo rádio, Logue treinava-o exaustivamente por meio das técnicas de relaxamento, aquecimento vocal, leitura em voz alta com pausas expressivas e muito ensaio. Ao longo dos atendimentos personalizados, o Rei George VI passou a ter autocontrole sobre a gagueira.
O livro O discurso do rei (José Olympio; 279 páginas) traz, então, os diários de Lionel Logue, organizados por seu neto Mark Logue em parceria com o jornalista Peter Conradi, os quais retratam o relacionamento amigável e cúmplice entre o terapeuta da fala e seu paciente mais famoso, o Rei George VI, pai da Rainha Elizabeth II. Trata-se de uma história inédita da monarquia britânica, sob o ponto de vista de um plebeu que transitava livremente pelo Palácio de Buckingham para servir ao Rei.
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O discurso do rei foi adaptado para o cinema em 2010. Os atores Colin Firth, Geoffrey Rush e Helena Bonham Carter dão vida ao Rei George VI, Lionel Logue e Rainha Elizabeth I, respectivamente. Em 2011, ganhou o Oscar de melhor filme.
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Minha opinião: “Tanto o livro quanto o filme são maravilhosos. Obviamente que o livro é mais completo por seus detalhes. Nele, há trechos transcritos dos diários de Lionel Logue, nos quais são descritas a força de vontade do Rei George VI em superar os problemas de fala e a evolução do comportamento linguístico - desde os primeiros discursos, proclamados em substituição ao seu pai muito adoecido, até os últimos já na condição de Rei. Esta história nos mostra que é preciso treinar, treinar e treinar para transformar o medo de falar em público em poder de arrebatar multidões pelo discurso organizado, convincente e seguro. Sob o aspecto histórico, O discurso do rei revela uma intimidade curiosa da realeza britânica, cujas histórias mais amplamente divulgadas são marcadas por escândalos e sensacionalismo. Portanto, é um enredo histórico de caráter inovador”.
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