Felipe 03/11/2009
O vencedor está só
Na minha adolescência eu li muito Paulo Coelho e tinha lembranças agradáveis de seus livros. Passaram-se uns quinze anos e resolvi comprar “O vencedor está só” quando visitava a Feira do Livro de Criciúma. Não saberia dizer o que me levou a isto, mas, sem dúvida, a curiosidade de saber se ainda sentiria prazer em ler Paulo Coelho, agora eu na idade adulta, foi o maior de todos os motivos.
A resposta foi não, o livro foi muito desagradável e toda a impressão positiva que eu tinha dos livros de Paulo Coelho foi perdida. Se pudesse resumir “O vencedor está só” em duas palavras eu diria que ele é chato e enrolado. Não passa de um romance policial com personagens mal construídos e confusos. Existem muitos enredos paralelos que fazem a narrativa entrar em um emaranhado que o leitor tem dificuldade de sair, pois parecem mais vários contos paralelos em vez de um romance. Existem muitos personagens que são totalmente inócuos na narrativa, que parecem ter surgido apenas para encher algumas páginas para “engrossar” o livro.
O final é péssimo, mesmo quando comparado com os mais medíocres romances policiais. Outro ponto que desagrada é o apelo evangélico, onde as palavras “Deus” e “Jesus” são insistentemente repetidas, sem nenhum propósito ou ligação com o enredo. Um trecho especialmente ridículo é o da página 227 “Até mesmo o Rei dos Reis, Jesus Cristo, precisou passar pela prova diante da qual Igor agora se encontra: a sedução do demônio. [...] O demônio é um profissional de primeiríssima qualidade, e assusta os fracos com sentimentos de medo, preocupações, impotência, desespero. No caso dos fortes, as tentações são muito mais sofisticadas: boas intenções”. Haja estomago para continuar a ler quase duzentas páginas depois de ler esta bobagem!!
O enredo se passa no Festival de Cannes, durante vinte quatro horas e narra à execução de um plano de vingança de um marido traído. O plano é de vários assassinatos (que o vilão apesar de ser um senhor milionário na casa de mais de 40 anos é um exímio assassino em várias técnicas diferentes) e envolve vários personagens secundários que não contribuem para o desenvolvimento do enredo.
Mas existem pontos positivos em “O vencedor está só”, a editoração do livro. Com capa dura e letras grandes seria uma leitura agradável se a qualidade do texto fosse ao menos razoável, que evidentemente não é o caso.