Adriana F. 30/08/2010
Superação e final otimista.
Quando li pela primeira vez, aos 11 anos, odiei. Lembro que eu tinha dó daquele garoto que era perseguido por ter asas no lugar dos braços. Por ser obrigada a ler aquela história triste, tentei rasgar o livro ao meio (e o pobre ainda possui as cicatrizes da violência momentânea).
Reli o livro antes de ontem e vi o quanto a história é boa. Muito bem escrito, o autor usa uma sutil metáfora para falar da perseguição às minorias (talvez ao Comunismo, ao qual o autor era adepto), da discriminação ao incomum. Com uma visão crítica, ele narra a história de Menino de Asas, um garoto que nasceu alado, mas que pela imposição da sociedade viu-se obrigado a caminhar, a esconder suas asas, a se privar do que ele melhor fazia: voar. O voo era, por sua vez, as ideias de uma sociedade melhor, mais justa, sem preconceitos.
Outro ponto importante é a questão do menor abandonado. Crianças marginalizadas, consideradas perigosas e criminosas, mas que Menino de Asas vê apenas como crianças. Por fazer parte da minoria, não enxergava Pilão como um assaltante, mas como um bom e fiel amigo, o único que estendeu a mão para ampará-lo em seu pior momento. As minorias se apoiam.
Por fim, relata a evolução de uma sociedade preconceituosa e conservadora, que ao perceber que aquelas asas poderiam ser usadas em prol da grande cidade, passou a aceitar as ideias daquele garoto de bom coração que só queria ser visto como qualquer outro humano, colocando o Rio de Janeiro (no caso) em posição de destaque, como a única cidade do mundo a conviver bem com as diferenças.