@tenbooks10 10/11/2018
Marco da literatura brasileira
O Sertanejo não foi um livro que eu optei ler por livre e espontânea vontade. A obra fez parte do Projeto Mindlin iniciado pela Nina do Instagram ‘Nina & Suas Letras’. Admito que, se não fosse por essa iniciativa, talvez eu passasse outros tantos anos sem conhecer essa obra maravilhosa de José de Alencar.
Em ‘O Sertanejo’, publicado em 1875, o autor dá vida ao sertão brasileiro do século XVIII. A obra se desenrola mais especificamente no município de Quixeramobim, estado do Ceará.
‘O Sertanejo’ faz parte das obras do romantismo regional de José de Alencar. A forma como o autor aborda a cultura nordestina e as características típicas desse povo é extremamente poética, muitas vezes exaltando o nordestino pela sua bravura e alegria, apesar dos percalços que vive.
“Quem pela primeira vez percorre o sertão nessa quadra, depois de longa seca, sente confranger-se-lhe a alma até os últimos refolhos em face dessa inanição da vida, desse imenso holocausto da terra.”
Há no livro um personagem-narrador que, segundo alguns websites, se chama Severino. A identidade desse personagem não está explícita na obra, então estou apenas reproduzindo o nome que achei ao pesquisar sobre.
O personagem-narrador é nitidamente um representante do nordeste brasileiro, sendo a sua apresentação do sertão muito detalhada e saudosista. Por vezes, esse personagem faz comentários pessoais acerca da paisagem que está sendo descrita ou das atitudes dos personagens.
“Esta imensa campina, que se dilata por horizontes infindos, é o sertão de minha terra natal.”
O livro começa com o retorno da família Campelo em comitiva à sua terra natal, onde residem na fazenda da Oiticica. A família é composta pelo capitão-mor Gonçalo Pires Campelo, sua mulher Genoveva e sua filha Flor.
Sob uma vigilância secreta, esse grupo é seguido de perto por Arnaldo que, mesmo não se sujeitando às ordens de nenhum fazendeiro, é fiel ao capitão-mor e sua família, protegendo-os de todos os perigos. A atenção e zelo de Arnaldo recaem principalmente em D. Flor, por quem nutre uma secreta e enorme devoção.
“Irresistível devia ser a paixão que submetia assim um caráter indomável e altivo ao ponto de rojá-lo na humilhação, ao simples aceno de uma mulher!”
O amor proibido entre D. Flor e Arnaldo, a filha do fazendeiro e um simples vaqueiro, é o ponto central da obra. Nesse cenário, a chegada de outros pretendentes aterroriza Arnaldo, que faz de tudo para que a sua amada não se case com outro.
Eu amei ‘O Sertanejo’, então fica aqui a minha recomendação para que todos leiam essa obra. Esperava encontrar na escrita de José de Alencar uma descrição muito longa e cansativa, mas acabou sendo o oposto. Eu me vi embriagada pela forma poética como ele descreve o sertão e suas paisagens.
Além disso, os personagens são construídos com perfeição. Embora José de Alencar os descreva de forma romântica, achei muito positivo poder detectar tanto as virtudes quanto os defeitos deles. O amor de Arnaldo, por exemplo, ao mesmo tempo em que é belo e puro, é um tanto possessivo. No que diz respeito à D. Flor, apesar de ser comparada a um anjo, tem traços de menina mimada e orgulhosa.
Em suma, ‘O Sertanejo’ é, de fato, um marco na literatura brasileira.
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