A. Mendes 15/08/2024
Entre o selvagem e a civilização
Caninos Brancos é um meio lobo, meio cão, nascido e criado na vida selvagem, conhecemos cada passo e cada novo aprendizado do lobo na sua interação com o mundo selvagem, em que ele aprende duras leis da sobrevivência. Neste ambiente ele experimenta a crueldade e a luta constante pela vida, seja através de outros animais ou até mesmo elementos da natureza que o ensinam sobre a lei. Esse ambiente está ali para moldar Caninos Brancos e transforma-lo em um lobo, mas um certo acontecimento faz com que ele saia de sua vida selvagem ainda filhote para viver em um ambiente doméstico, uma comunidade humana.
Agora ligado aos ?deuses? Caninos Brancos começa a ser moldado pelas mãos humanas. A partir disso, a narrativa mostra o contraste entre selvagem e civilização, abordando temas como a sobrevivência e a complexa relação entre humanos e animais. Caninos Brancos se adapta a ambos os mundos e aos desafios de cada um. A sua constante luta pela sobrevivência em ambientes hostis e suas adaptações para sobreviver nesses mundos o transformam e moldam sua identidade.
Desde o seu primeiro contato com o homem, Caninos Brancos enfrenta a brutalidade e a crueldade do ser humano. Cada um de seus donos esculpe nele uma nova identidade, Caninos Brancos é fiel a cada um deles mesmo sendo o mais cruel dos homens, como é o caso de Belo Smith, que faz de Caninos Brancos um cão de briga o transformando no animal mais feroz, trazendo a tona todo o seu instinto selvagem, até a chegada de Weedon Scott, que o resgata e o ajuda a descobrir a bondade e a lealdade, ele é o responsável por domesticar Caninos Brancos por completo. A criação desses dois personagens personagens representa a dicotomia entre o bem e o mal. Belo Smith é a personificação do mal, marcada por suas ações, além disso, o autor descreve suas características físicas como monstruosas, enfatizando a ideia do mal. Por outro lado, Weedon Scott é retratado como o herói bondoso. Isso faz com que os personagens sejam unidimensionais.
Foi uma leitura lenta, o livro é bem curtinho, mas poderia ser menor ainda. Há muitas partes repetitivas na história, algumas passam lentamente enquanto outras passam rapidamente tornando o ritmo da narrativa inconsistente. Embora a trajetória e transformação de Caninos Brancos seja emocionante, ela carrega um caminho previsível sem deixar o leitor extasiado.
Ademais, as descrições dos indígenas estão carregadas de estereótipos da época e trazem uma narrativa de supremacia branca, ao descrever o homem branco como "deus superior".