jota 06/03/2017Lupino e canino...Algum tempo atrás li a biografia de Jack London (escrita por Alex Kershaw, excelente), também O Chamado Selvagem, O Lobo do Mar e Martin Eden, três de seus livros mais importantes. Recomendo um conto primoroso de JL, lido e relido, que muitos críticos consideram seu melhor texto curto: Acender Um Fogo (ou Preparando Uma Fogueira, em algumas edições), que é angustiante, imperdível. Mas faltava ler este título, uma de suas obras mais admiradas.
Antes da história de Caninos Brancos, lobo e cão ao mesmo tempo, lemos a interessante introdução de Daniel Galera, Lobos Dóceis, Deuses Caprichosos, onde são feitas considerações sobre personagens do reino animal e destacadas as qualidades do livro de London. Galera conclui que o modo como JL se vale da antropomorfização (atribuição de qualidades humanas aos animais) passa quase que despercebida aos leitores, pois esse recurso é utilizado sem exageros e com coerência. De fato.
O livro propriamente é dividido em cinco partes. A primeira é simplesmente eletrizante e se passa antes de Caninos Brancos entrar em cena; conta a história de dois homens e seus cães cercados por um grupo de lobos famintos e com a munição no fim. A futura mãe de Caninos Brancos, uma loba mestiça, participa dos ataques aos homens e seus cães.
A segunda parte é centrada na alcateia, com destaque para um velho lobo, Caolho, e a loba mestiça (depois chamada de Kiche), os pais de Caninos Brancos. É narrado o nascimento do lobinho, sua vida no mundo selvagem, suas descobertas, os perigos que o cercam e sobretudo a luta de sua mãe, também do filhote depois, para conseguir alimentos sem virar alimento de outros predadores.
As partes três, quatro e cinco contam as aventuras do lobo em novos ambientes, sob três diferentes donos: um índio, Castor Cinzento, um branco mau caráter, Belo Smith, e um jovem californiano, Weedon Scott. Todas histórias muito, muito interessantes, que fazem de Caninos Brancos uma obra que empolga o leitor do começo ao fim.
Lido entre 02 e 06/03/2017.