Marinafreire 08/05/2021
Segunda vez do livro,
Primeira vez depois de ter assistido a adaptação de 2013 como DiCaprio, que eu amo. Foi muito gostoso ler o livro de novo com aquela explosão de cor e movimento e música do filme. E claro, pensando no DiCaprio toda vez que o Gatsby aparecia no livro. Logo depois de terminar, fui assistir o filme. De novo. Eu particularmente amo essa mistura da década de 20 com alguns elementos mais atuais. No livro não evitei, mas no filme, como sempre, não vejo o fim.
A questão da crítica aos valores sobre os quais o sonho americano pós-guerra se sustentavam não fica tão explícita no filme, acredito que no livro, por você ter que ler, fique um pouco mais fácil de ser observada. No filme isso se mistura um pouco com o vislumbre da riqueza de detalhes e da riqueza que essas pessoas apresentavam de forma rápida. Em alguns momentos essa crítica pode ser ouvida, vista e percebida. Mas pra muitos pode passar despercebida. E aí, o principal objetivo da obra se perde. Esse é o ponto em que o filme deixa a desejar, por sair do trilho construído no livro.
É uma história e tanto, que apresenta vários elementos dentro de um contexto que gira em torno daquilo que faz todo homem, admitindo ou não, escalar na vida: o amor por alguém.
Gatsby é um sonhador ambicioso. Ou um ambicioso sonhador. Esse negócio da história ser contada por um narrador não confiável ficou muito boa na história, pq traz mais mistério pra vida misteriosa de Gatsby, e ver toda a história sob a perspectiva de Nick, mesmo que desconfiável, indica os caminhos que o leitor tem que seguir pra tirar as próprias conclusões, quanto à sociedade, época que a história se passa e foi escrita (isso é bom ter em mente o tempo todo), história do Gatsby (mas será que importa?), enfim. Essa sensação de história não acabada, mas acabada. Trágico.
A perspectiva de Nick sobre a sociedade, tanto a conservadora de onde ele vem quanto a emergente em Nova Iorque, mostra que ele se apega a seus valores de interiorano. Porém, alguém que em partes vai abrindo mão disso pra experimentar mais dessa nova realidade que acontece ali onde ele mora, onde trabalha, sempre guiado por Dayse, Tom, JG e Jordan, uma personagem interessantíssima. Eu penso que Nick, mesmo criticando aquela sociedade que vive de aparência e futilidades, acaba deixando transparecer uma pontinha de inveja.
Minha leitura e visão da obra sempre se aperfeiçoa a cada vez que me envolvo. Tanto a questão dos amores, das duvidas e da crítica aberta à sociedade norte americana da década de 20, e isso mais por parte do autor do que de qualquer personagem.
Vale muito a pena como objeto de conhecimento de época e vida social, quanto para um momento prazeroso numa história que prende do início ao fim.