Leo Lipe 20/06/2021
Confuso, maniqueísta e monótono.
O trabalho do Paulo Coelho sempre me confunde. Na maioria das vezes, a confusão é boa, mas este livro é uma grande decepção.
Os problemas começam pela confusão de egrégoras e mitologias. Não entendi porque escolher um grupo chamado As Valkírias quando, na verdade, o enredo está totalmente embasado nas crenças do cristianismo. É questionável a decisão do autor de escrever uma personagem que faz referência à Mitologia Nórdica, mas que na verdade cultua o Deus Hebraico. A contradição fica ainda maior quando ela põe em prática a oração do Arcanjo Miguel para quebrar todos os pactos que não estejam ligados à crença cristã, mas continua fazendo parte de uma ordem/grupo que utiliza elementos do paganismo europeu.
A história em si não é ruim. É interessante ver a jornada do casal e como o contraste de crenças e desejos se manifesta ao longo de uma relação duradoura. Algumas metáforas são interessantes, tem cenas envolventes, porém, como um todo, a escrita carece de clímax. Em determinados momentos a narrativa parece esquecer de contar a história para fazer apenas divagações soltas a respeito do processo de encontrar o Anjo da Guarda.
O maniqueísmo também é algo que prejudica o potencial da obra. Parece que com As Valkírias o Paulo tenta dizer que o único jeito certo de alcançar o "caminho da luz e do amor" é pela egrégora cristã. Se levarmos em consideração o rompimento que o autor teve com determinadas tradições ocultistas, devido à terrível experiência que o mesmo relata neste livro, faz sentido. Entretanto, acho que faltou inventividade para desenvolver as convicções de maneira mais sutil.
site: https://leolipe.com.br/