Mecanismos internos

Mecanismos internos J. M. Coetzee




Resenhas - Mecanismos Internos


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Alexandre Kovacs / Mundo de K 05/08/2011

J.M.Coetzee - Mecanismos Internos
Editora Companhia das Letras - Lançamento 2011

O que podemos esperar de um livro que reúne críticas literárias escritas por um autor que foi vencedor do Nobel de literatura em 2003 e também de dois prêmios Booker Prize com Vida e Época de Michael K em 1983 e Desonra em 1999. Eu certamente esperava muito, em parte por considerar o sul-africano John Maxwell Coetzee um dos melhores ficcionistas vivos da atualidade e também pela expectativa de conhecer os tais mecanismos que poderiam ter influenciado na formação da sua obra. No entanto, o que mais me surpreendeu nas resenhas de Coetzee foi justamente a simplicidade e até mesmo humildade com que desenvolveu os 21 textos integrantes deste Mecanismos Internos. Nenhum malabarismo intelectual ou estrelismo tão característico de alguns críticos que parecem esquecer que o objeto principal da literatura não é a resenha e sim a obra resenhada.

Como professor, tradutor e pesquisador, além obviamente de autor consagrado, Coetzee está plenamente habilitado a comentar literatura e os seus ensaios, quase todos publicados na New York Review of Books, seguem uma fórmula equilibrada entre a resenha de divulgação e o ensaio crítico mais aprofundado, sempre com respeito ao trabalho do autor e a inteligência do leitor. Mesmo quando discorda do valor literário de determinado autor celebrado como Sándor Márai, por exemplo, Coetzee o faz após uma análise completa da biografia, estilo e época. Quando comenta sobre o alcoolismo de William Faulkner é no sentido de explicar o contexto de criação de seus romances e as dificuldades financeiras que originaram a elaboração de roteiros para Hollywood.

Um livro que mostra a importância e também ajuda a entender o significado de uma resenha bem escrita. Ver abaixo a relação completa dos 21 ensaios que cobrem épocas e estilos muito diferentes, da primeira metade do século XX até os autores contemporâneos.

Italo Svevo
Robert Walser
Robert Musil, O jovem Törless
Walter Benjamin, Passagens
Bruno Schulz
Joseph Roth, os contos
Sándor Márai
Paul Celan e seus tradutores
Gunter Grass e o Wilhelm Gustloff
W. G. Sebald, After Nature
Hugo Claus, poeta
Graham Greene, O condenado [Brighton Rock]
Samuel Beckett, os contos
Walt Whitman
William Faulkner e seus biógrafos
Saul Bellow, os primeiros romances
Arthur Miller, Os desajustados
Philip Roth, Complô contra a América
Nadine Gordimer
Gabriel García Márquez, Memórias de minhas putas tristes
V.S. Naipaul, Meia vida
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Paulo Sousa 27/01/2021

Leitura 02/2021
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Mecanismos internos [2007]
Orig. Inner workings - Literary Essays 2000-2005
J. M. Coetzee (South Africa, 1940-)
Cia das Letras, 2011, 360 p.
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?A função do escritor é agir de tal maneira que ninguém possa ignorar o mundo, nem dizer que não tem culpa do que está acontecendo? (Posição Kindle 4109/81%).
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Quando ?Desonra?, em novembro de 2016, tinha me prometido ler outras cousas do escritor sul-africano J. M. Coetzee. De lá para cá, juntei alguns romances seus, mas a minha teimosa preguiça e a ainda mais insolente e caótica maneira como vou dirimindo minha infindável lista de livros a ler, o projeto foi ficando esquecido. Aí de mim!
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Então pego para ler o ?Mecanismos internos?, uma coletânea de ensaios literários que Coetzee produziu entre os anos 2000 a 2005. Nela, estão reunidos 21 textos seus sobre vários autores e suas ?manobras? criativas. Sempre que posso, gosto de buscar livros assim, que narram o processo criativo do escritor, que buscam desvendar o que há por trás de cada romance produzido.
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No livro de Coetzee, apesar de os textos terem uma franqueza clara e simples, penso que seu teor vai agradar muito mais a especialistas do que um leitor comum. Mas é claro que é possível navegar neles sem muita dificuldade, principalmente por abordarem escritores que povoam minha estante e a memória de meu kindle, como Sándor Márai, Garcia Márquez e Philip Roth, a cujos ensaios mais gostei. Contudo, o livro é recheado de vários outros excelentes escritores e Coetzee mostra um bom estofo ao tratar com a devida atenção de algumas das obras mais importantes da literatura contemporânea, tais como os romances de Robert Musil, Robert Walser, Bruno Schulz, Beckett, Sebald, Bellow e Naipaul. Um tudo de tudo reunido num bom e honesto livro de ensaios.
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