Paulo Sousa 27/01/2021
Leitura 02/2021
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Mecanismos internos [2007]
Orig. Inner workings - Literary Essays 2000-2005
J. M. Coetzee (South Africa, 1940-)
Cia das Letras, 2011, 360 p.
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?A função do escritor é agir de tal maneira que ninguém possa ignorar o mundo, nem dizer que não tem culpa do que está acontecendo? (Posição Kindle 4109/81%).
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Quando ?Desonra?, em novembro de 2016, tinha me prometido ler outras cousas do escritor sul-africano J. M. Coetzee. De lá para cá, juntei alguns romances seus, mas a minha teimosa preguiça e a ainda mais insolente e caótica maneira como vou dirimindo minha infindável lista de livros a ler, o projeto foi ficando esquecido. Aí de mim!
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Então pego para ler o ?Mecanismos internos?, uma coletânea de ensaios literários que Coetzee produziu entre os anos 2000 a 2005. Nela, estão reunidos 21 textos seus sobre vários autores e suas ?manobras? criativas. Sempre que posso, gosto de buscar livros assim, que narram o processo criativo do escritor, que buscam desvendar o que há por trás de cada romance produzido.
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No livro de Coetzee, apesar de os textos terem uma franqueza clara e simples, penso que seu teor vai agradar muito mais a especialistas do que um leitor comum. Mas é claro que é possível navegar neles sem muita dificuldade, principalmente por abordarem escritores que povoam minha estante e a memória de meu kindle, como Sándor Márai, Garcia Márquez e Philip Roth, a cujos ensaios mais gostei. Contudo, o livro é recheado de vários outros excelentes escritores e Coetzee mostra um bom estofo ao tratar com a devida atenção de algumas das obras mais importantes da literatura contemporânea, tais como os romances de Robert Musil, Robert Walser, Bruno Schulz, Beckett, Sebald, Bellow e Naipaul. Um tudo de tudo reunido num bom e honesto livro de ensaios.