Lavoura Arcaica

Lavoura Arcaica Raduan Nassar




Resenhas - Lavoura Arcaica


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Breno 07/03/2022

Odeio fluxo de consciência.

Leitura rápida, fiquei perdidão no começo mas depois que você se acostuma fica fácil, o final realmente me surpreendeu, enfim, bem diferente, eu acho.
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Thalia.Mutuana 27/02/2022

Em Lavoura Arcaica, obra escrita em 1975 durante o período em que a Ditadura Militar assolava o país, somos envolvidos por uma narrativa que, tomada por uma série de alegorias e referencialidades, remete-nos a uma resposta indireta à “impossibilidade de uma expressão artística sem barreiras censórias” (SUSSEKIND, 1985, p.11). André, o narrador do livro em questão, é o filho epilético de uma família numerosa e regida por valores tradicionalistas e religiosos que, transtornado pela paixão incestuosa por sua irmã Ana, decide fugir do seio familiar.

André foge não só pelo anseio proibido que sente por sua irmã, como também pela asfixia ocasionada pelas relações arcaicas estabelecidas em seu núcleo familiar. Quando escapa para um pensionato em uma outra cidade interiorana, o personagem balança os laços já desequilibrados de sua família que, lamentando sua falta, pedem a Pedro, seu irmão, para trazê-lo de volta à casa da lavoura. O exílio voluntário de André é apresentado no livro em duas partes: “A Partida”, onde são apresentados os motivos que levaram à fuga, e o “O Retorno”, onde são expostos os acontecimentos que sucederam à falsa paz que o retorno do personagem trouxe.

Nota-se no exílio de André uma alegoria à parábola bíblica do filho pródigo, aquele que abandona a sua casa, usufrui dos prazeres mundo afora e que, mesmo assim, é recebido de braços abertos por seu pai, como o próprio André ao ser recepcionado com uma festa. Além disso, muitas são as referências feitas a outros ensinamentos bíblicos, visto que o pai do personagem não poupa sermões para o ensinamento pudico e controlado de seus filhos, objetivando sempre manter a ordem patriarcal da família, onde todos os membros possuem uma determinada função já ao nascerem. Sentindo-se sufocado pelo labor exigido por seu pai — controle esse semelhante ao orquestrado pelo governo durante os anos de chumbo com a utilização de censura e de outras estratégias —, o personagem chega a indagar com raiva a seu irmão: “Pedro, não vê que os sermões do pai são inconsistentes?".

É possível notar tamanho sentimento de asfixiamento nos sentimentos do personagem, seja em relação à família de forma geral ou à paixão por sua irmã, pela própria estrutura textual do livro e pelo cuidado evidente que o autor toma com as escolhas das palavras. Mesmo que apresentado por capítulos curtos, eles são formados por poucos parágrafos de períodos muito longos os quais são separados, na maioria das vezes, somente por vírgulas, não possibilitando uma quebra do fluxo contínuo de pensamento do narrador, e transmitindo a sensação de sufocamento e imersão durante a leitura.

Observa-se também, na obra de Raduan Nassar, o "aniquilamento da ação narrativa” (SUSSEKIND, 1985, p. 11), visto que o livro não segue uma narrativa linear entre seus capítulos, misturando passado e presente, embora isso não impossibilite a compreensão do texto. As escolhas estilísticas de Nassar, como o tom lírico que o texto assume (até mesmo ao descrever uma cabra!), somadas aos contantes fluxos de pensamentos confusos e intrincados de André, indefinem o que realmente aconteceu e potencializam a relação do não-dito e do que verdadeiramente foi vivido pelos personagens de Lavoura Arcaica.


Referências

NASSAR, Raduan. Lavoura Arcaica. Editora Companhia das Letras, 1989.

SUSSEKIND, Flora. Literatura e vida literária. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 1985.
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Lucikelly.Oliveira 09/02/2022

Requer atenção na leitura
Por diversas vezes eu me senti completamente perdida na leitura, Raduan da um nó em nossa cabeça durante desenrolar da história.

Eu imagino que na época do lançamento do livro ele deve ter gerado grande alvoroço tendo em vista o mote central da história - o incesto e o desapego a unidade familiar tradicional- leiam com máxima atenção e calma pois apesar de um livro curto, seu enredo e denso.
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ticinhachan 05/02/2022

Só vai, o livro te guia.
Esse é o primeiro livro que eu pego do autor e eu peguei indicação dele por um vídeo, mas eu também tinha interesse em ver a adaptação pro cinema. O vídeo me prometeu que eu iria chorar lendo e foi verdade. Não quero muito falar da história aqui porque eu acho que ela merece ser lida e vivida. Engoli cada capítulo com muito gosto porque é uma escrita tão estilosa e fluida que dá vontade de permanecer lendo, como uma enorme poesia. Tudo no livro tem sentido, tem força e tem identidade. Cara, eu tô muito apaixonada com certeza se tornou um dos meus favoritos. Incrível como é possível se construir tanta coisa com tão poucas páginas. Só vai, só lê. O resto o livro faz.
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Anthony 04/02/2022

Curioso
A estética narrativa assumida pelo autor nós leva a uma leitura particular. A história é cativante.
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anapaivapaula_ 02/02/2022

Melhores momentos
?mas não se questiona na aresta de um instante o destino dos nossos passos, bastava que eu soubesse que o instante que passa, passa definitivamente?

?rico não é o homem que coleciona e se pesa no amontoado de moedas, e nem aquele, devasso, que se estende, mãos e braços, em terras largas; rico só é o homem que aprendeu, piedoso e humilde, a conviver com o tempo, aproximando-se dele com ternura, não contrariando suas disposições, não se rebelando contra o seu curso, não irritando sua corrente, estando atento para o seu fluxo, brindando-o antes com sabedoria para receber dele os favores e não sua ira; o equilíbrio da vida depende essencialmente deste bem supremo, e quem souber com acerto a quantidade de vagar, ou de espera, que se deve pôr nas coisas, não corre nunca o risco, ao buscar por elas, de defrontar-se com o que não é?
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Daysio 02/02/2022

Primeiro do ano
Um livro sobre a fuga e o retorno de Pedro ao seu lar mediado pelo tempo e suas memórias de infância.
Impressiona a poética e força narrativa do autor. Sente-se os capítulos de maior êxtase/clímax. Apesar disso, não é livro dos mais fáceis de serem lidos.
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Neilson.Medeiros 23/01/2022

O lirismo se coloca como o fio condutor dessa história densa e forte. A narrativa se torna interessante pela alternância presente em sua construção: ora mergulhado no fluxo de consciência de André, ora testemunhando os diálogos tensos entre os membros da família.
Achei interessante a forma como o tempo se apresenta a partir do ponto de vista do pai e de André. Enquanto para aquele o tempo se constitui de uma rigidez calculada, para este se trata de um dínamo. Ambos os personagens nos brindam com descrições belíssimas sobre o tempo.
Foi uma experiência de leitura interessante, porém exige uma atenção disciplinada tal qual a régua do patriarca da família.
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Ana Bellot 21/01/2022

Obra prima
Voltei nesse livro que após a leitura só cresceu em mim. Fantastico. Apenas leiam!!! Meu livro nacional favorito.
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Mion 05/01/2022

Que livro!!! ???
É poesia em prosa ou prosa poetica?

Bom, tanto faz. Ler é uma baita experiência e vivencia nessa obra
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de.ler.eu.gosto 01/01/2022

Sensível e tocante.
E para encerrar 2021 a última leitura, nada menos primorosa que Lavoura Arcaica.
Publicado em 1975, Lavoura Arcaica foi o romance de estreia do escritor Raduan Nassar.
Escrito em primeira pessoa, em uma forma lírica, André, filho que saiu de casa,melhor dizendo da fazenda onde vivia com seus pais e cinco irmãos, é procurado por Pedro , seu irmão mais velho, para que o leve para casa.
André, revive seus momentos pouco antes de sair de casa, até o seu retorno, para esse lar dominado por um pai severo e metódico.
Para muitos, a escrita de Raduan é um misto de Clarice Lispector e João Guimarães Rosa, pois o autor caminha livremente entre o lirismo e fluxo de consciência ao domínio das palavras .
Na minha concepção, é uma livro pequeno que parece ser rápido mas há muito o que se pausar e refletir.
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Fernanda M. 11/12/2021

1ª Impressão


Lavoura Arcaica


Raduan Nassar


O tempo. Este elemento responsável pelo modo como o espaço se manifesta, para frente (futuro) ou para trás (passado) é capaz de surpreender os transeuntes, a saber, nós humanos, meros fantoches, a se arrastar pelos vales sombrios, que é a vida.


A lavoura, regada pelo sangue e pelas lágrimas de homens e mulheres presos nos dias em que a secura das relações familiares, completam sua trajetória de dor e sofrimento por entre as paredes do mausoléu que é uma morte adoentada.


O desespero alimentado dia-a-dia e pelos corredores da noite, sem fé, sem lugar, sem uma palavra; pela dor aumentada pela falta do olhar empático. Todo um horror criado pela vontade de ser, e não poder.


O tempo. Ele leva e traz; constrói e destrói. É como um poço e seu eco. É feito e desfeito.A espera dos cansados; a paciência dos inquietos; o intento dos perversos; a causa; o veredicto; a lei. E tudo cessa.


Assim a lavoura, seca, inerte, sentada à direita, prostra-se também e enfim ao tempo, se torna, ou se perpetua, ARCAICA.
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Marcelo H S Picoli 08/12/2021

Lavoura arcaica
A parábola do filho pródigo ganha uma nova roupagem nesta obra de Raduan Nassar.

?amar e ser amado era tudo o que eu queria, mas fui jogado à margem sem consulta, fui amputado, já faço parte da escória, vou me entregar de corpo e alma à doce vertigem de quem se considera, na primeira força da idade, um homem simplesmente acabado, bastante ativo contudo para furar fundo com o indicador a carne podre da carcaça, e, entre o polegar e o anular, com elegância, fechar trópicos e outras linhas, atirando num ossário o esqueleto deste mundo; pertenço como nunca desde agora a essa insólita confraria dos enjeitados, dos proibidos, dos recusados pelo afeto, dos sem-sossego, dos intranquilos, dos inquietos, dos que se contorcem, dos aleijões com cara de assassino que descendem de Caim (quem não ouve a ancestralidade cavernosa dos meus gemidos?)?
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Tuyl 23/11/2021

Belo livro, de uma prosa poética. Uma leitura que exige atenção e muita reflexão. Primeiro livro do autor, gostei.
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