Maryy.Maria 22/06/2024
Olha, surpreendeu. Achei que não iria gostar.
Um livro de 1876 em que você já vai esperando aquele clichê. Você sente o gosto daquela história clássica, a ingenuidade dos sentimentos humanos, especialmente em relação ao casamento, que não se assemelham em nada com a realidade, mas que faziam para trazer bons exemplos para a sociedade da época.
Portanto, deve ser uma história repleta de conservadorismo, não é mesmo? Bom, mais ou menos. Conservadorismo é o que não falta, mas o Machado se inspirou nos Targaryen e o casal apaixonado são irmãos! Sim, meus amigos, quebrando tabus desde 1870.
O mais interessante mesmo da história é o retrato da sociedade burguesa carioca no século XIX. Nessa época, você tinha, por um lado, a elite dona de terras que controlava o governo e os cargos públicos. Por outro lado, havia a grande maioria da população sem direito a nada, vivendo o auge da escravidão. A sociedade brasileira não permitia que você conseguisse sua independência sem ter nascido em uma família com prestígio e dinheiro. Assim, bajular essas pessoas mais ricas era questão de sobrevivência, e Helena é obrigada a fazer exatamente isso. Ela tem plena consciência de sua condição e sabe que não sobreviveria. E tem vários momentos em que ela dá fecho no insuportável do Estácio, como por exemplo quando eles encontram um escravo na estrada. São essas cenas sutis que faz "Helena" não ser uma história típica do romantismo.