Guilherme 22/01/2022Original e disruptivo desde o inícioA originalidade e autenticidade na condução e criação da trama, presentes e pujantes nos últimos dois romances do Reinaldo (pornopoeia e maior que o mundo) dão as caras desde os dois primeiros romances dele, publicados juntos nesse livro.
Não há nada de igual ao que Reinaldo faz em língua portuguesa, nem hoje nem na década de 80. Melhor ou pior, não vem ao caso. Mas inigualável.
A ironia e o sarcasmo são tão sutis que corre-se o risco de serem deixados para trás por olhos menos atentos.
Tem hora que você não acredita no que tá lendo. Volta e lê de novo. Da conta de que, sim, ele tá falando isso aqui.
Um livro que é difícil de largar, mas não tem absolutamente nada de interessante para dizer. Nenhuma grande mensagem, nenhuma grande reflexão. As aventuras de um homem de 30 anos sem uma grande catarse, evolução espiritual, uma iluminação. Ele acaba o livro como começa.
E é tudo isso, essa falta de pretensão, ausência total de peso moral e ético, liberdade não só nos acontecimentos da trama mas também no fato deles estarem sendo escritos e publicados (fictícios ou não), além do fato de ter sido escrito e publicado durante o regime militar, é o que faz o livro ser uma grande obra da nossa literatura.