spoiler visualizarUedison Pereira 27/08/2023
Olá a todos.
Faço esse pequeno comentário sobre o livro Moby Dick (ou A Baleia) de Herman Melville. Para quem vá lê-lo é uma ótima escolha, mas esteja para um tipo de narrativa profunda. Diria, mais precisamente, detalhista e minimalista ao ponto de o leito se perguntar: "como terminarei esse clássico?". Li o livro na sua versão original, em inglês, na qual há algumas notas interessantes sobre o autor e a obra, que diz que à época, tanto Herman Melville quanto o seu livro Moby Dick não sofreram com a má recepção e crítica. Sugiro não fazer nenhuma conexão da obra literária MOBY DICK com qualquer interpretação da personagem animalesca Moby Dick, um cachalote, ou sperm whale (como prefetirem), que decide se vingar de um barco pesqueiro de óleo de baleia. Para quem näo sabe, os cavhalotes eram caçados para extração de um líquido oleoso (o famoso esperma de baleia) usado para a iluminação da época. O livro fialoga com a revolta da natureza sobre o homem, suas fraquezas diante da orça temível e tenaz demonstrada pelo cetáceo. O autor vale além e choca o leitores da época ao mostrar canibalismo praticado por homens, ditos civilizados. O leitor tem de entender que ainda no século XIX as pessoas tinham o canibalismo como uma prática exclusiva de selvagens e que tal nunca poderia ser praticado por homens civilizados. É por isso que o livro sofre duras críticas e não cai no gosto popular. Na verdade o que Herman Melville queria era contar uma "estória" (desculpem mas não uso "h". Não concordo com a mudança gráfica...🙂 e sempre escreverei "estória" para narrativas ficcionais ) na qual pudesse mostrar que o homem era capaz de fazer coisas impensáveis para sobreviver: até de se alimentar da carne e de ossos de um semelhante.
Essa frieza, ou bem, essa narrativa crua, como se gosse um diário marítimo, pode também ter contribuído para que o leitor da época não lesse o livro. Não é um livro de poucas páginas e os capítulos são por, digamos, longos. Todavia considero uma obra espetacular. O leitor só tem de estar preparado. A sensação que tive foi estar lendo os pensamentos do marinheiro Ishmael. Note que o nome Ishmael é de origem hebráica e tem como significado algo como "Deus ouve", "Deus escuta". Se o leitor gizer um bom estudo poderá interpretar que o autor usa a personagem Ishmael como um chamado, seja para conhecer as próprias fraquezas e seus limites, seja para convocar a acreditar no impossível diante do sobrenatural, que na estória vem na exuberança, na beleza, na tenacidade de um enorme cachalote branco. Cachalotes são geralmente acinzentados. Já a baleia de Herman Melville é um cachalote albino, único, solitário, como um fantasma ou um espírito a puni-los por algo que fizeram.
Mas tudo isso não foi inventado por acaso pelo autor. Melville tinha experiência como marinheiro e inclusive contatos com tribos canibais da Ásia e contou essas experiências em outros livros anteriores como Taypee. Mas como disse anteriormente, Merville sugere em Moby Divk que homens civilizados, dependendo do contexto, também poderiam comer carne humana.
É um clássico que merece ser lido com uma devida pesquisa antes de se aventurar no início da leitura, pensando que vá ler mirabolantes aventuras com um marinheiro a la Robinson Cruzué. Não é. E tão pouco um livro da corrente naturalista que descreva até as mínimas entranhas do canibalismo humano. Não é. É na verdade um livro no qual o autor estar sempre chamando o leitor para a dualidade das coisas: homem vs natureza (a baleia e o mar), civilização vs selvageria, natural vs sobrenatural (o homem e a albinês e o gigantismo da baleia), luta vs fulga, crença vs realidade ou o que se gosta de ver vs o que se nega a ver,...
Bem, é isso. Espero que minhas palavras possam contribuir com a sua leitura de Moby Dick.
Pensava em escrever algumas poucas palavras e acabei por fazer uma rezenha. Postarei-la na minha área também para que outros possam também usufruir deste texto.
Agradeço à Mariana por me invocar a uma reflexão sobre essa obra.
Boas leituras.
Uedison Peteira (sou também o autor do livro "O Leão e ad Hienas e Outras Estórias" da editora Primeiro Capítulo)