chrissie 04/11/2024
E Deus, existe?
Críticas, crime, romance, drama, culpa, loucura, fé. Bem diferente da novela e outros romances do Fiódor, embora com essas características, você vai achar que é mais do mesmo. Não é.
O arco acompanha três irmãos abandonados por um pai racionalista, grotesco, egocêntrico e narcisista. Os três são muito diferentes um do outro, o que é interessante, eu diria, é cada um ser desenvolvido com uma característica muito específica.
Cada um é um sentimento, para mim.
Aliocha, meu preferido, com uma fé inabalável, nos traz ensinamentos da espiritualidade e conversações excepcionais que provém da sua busca de crescimento no monastério, onde se passa boa parte da história, em meio a discussões impossíveis, cabíveis apenas ao Dosto a ser escrito. Acredito que ele poderia facilmente ser a esperança, como tenho separado os personagens em sentimentos, vamos rotular assim. Esse, traz a pacificação de passagens tão bem cuidadas, amorosas, sobre a vida, o amor. Sua paixão e dedicação em sua fé e crenças, num todo, é apaixonante.
É put*ria o quanto o Ivan é um personagem moralista, talvez ele seja o próprio significado de culpa ou medo, ou hipocrisia, ainda não decidi, e talvez um dos meus preferidos de todos os romances que já li. Ainda assim, um filósofo, no fim das contas. Esse, em específico, traz frases questionadoras que você para até de respirar, e gasta um bom tempo se perguntando como ele chegou a ter esse pensamento ou ideia que você nunca ousou questionar. Excepcionalmente bem desenvolvido. Dimitri inquestionavelmente é a raiva, a pura e sequencial fúria e explosão. Também diria que é a ilusão da carne, o comprometimento humano com a imaginação, sei lá. Uma loucura.
Sei que existe um mundo de definições para os irmãos, e até mesmo Dosto tenha escrito com uma pré definição, mas aí que tá, é tão imensurável, tão devastador, feito pra você imergir e se diluir entre a história e os personagens e criar a tua própria paralela diante disso.
Os nomes dos capítulos são muito importantes, preste atenção nisso.
Cada debate é uma resposta.
Você vai amar um irmão e odiar outro.
Existe um mistério por fim, você vai descobrir quando menos esperar.
A leitura inteira, pode-se dizer que é um grande debate interminável, o gosto pelas perguntas da existência está todo aqui, nesse livro.
Pra mim, Fiódor só não é meu autor russo preferido porque existe Tolstoi, sempre fugi dos grandes depois de Anna, eu vivo falando isso, foi meu trauma literário, mas de uns tempos pra cá eu soube que precisava enfrentar o medo de me decepcionar ou amar uma nova história, então, é aqui que te convido a participar dessa obra prima, que é o que Irmãos Karamázov é, simplesmente.