Queria Estar Lendo 23/06/2015
Abandonei: Lolita
Lolita é um dos clássicos universais mais falados por ser tão controverso: a história de um professor de meia idade obcecado por uma pré-adolescente divide opiniões e já foi banido de diversas escolas pela polêmica.
Faz algum tempo que eu tentei ler Lolita (talvez uns dois ou três anos) justamente por toda a polêmica. Na época eu tinha uma biblioteca enorme a minha disposição com diversos livros e como eu não tinha nada mais para ler, dar uma chance a Lolita parecia sensato.
Errado. Foi uma experiência que eu nunca tinha vivido antes, porque gosto de pensar que sou bastante tolerante com muitas coisas, não achei que um livro pudesse me fazer sentir dessa forma. E não é porque o livro é ruim, muito pelo contrário. Ele é ótimo!
É bem elaborado, inteligente e muito bem escrito, tão bem escrito que se tornou impossível terminar de ler. Nabokov descreve Humbert Humbert - seus sentimentos e desejos - tão bem, que me senti mal, como se estivesse realmente lendo as memórias de um pedófilo. Não consegui chegar nem mesmo a metade do livro, pois a profundidade com a que o professor de meia idade é descrito é de assustar, tamanha realidade que ganha nas palavras do autor russo.
Horrendo e perturbador são as palavras que melhor descrevem a narrativa e, embora sejam palavras de conotação negativas, servem como elogio, pois não é qualquer um que consegue escrever algo tão real.
Ainda quero lê-lo, ainda quero chegar ao fim, mas sou da opinião de que devemos respeitas os nossos limites em qualquer coisa que fazemos na vida - mesmo ao ler um livro - e acho que ainda não chegou a minha hora de saber lidar com Lolita.
Se você, assim como eu, costuma se envolver muito com o que está lendo, recomendo cautela e estômago forte. Acho engraçado que eu consiga ler fantasia com temas tão perturbadores quanto, mas quando falamos de um livro mais "real" eu trave tanto. Mais um item para a minha longa lista de tiques literários.