Ivonete 14/06/2023
O Brasil, por Mário de Andrade
Aqui está um livro que foi um desafio. Cheguei até a página 125, e tive que recomeçar a leitura porque percebi que não tinha entendido nada.
Então humildemente voltei para o início e me propus a pesquisar e anotar todos os termos e lendas que não conhecia. Preenchi umas boas páginas do meu caderno e umas boas lacunas no meu conhecimento (superficialmente, confesso, mas satisfatório para concluir a leitura).
Santo Google que sana nossas dúvidas!
Macunaima não é um livro para ler procurando uma lógica, mas um livro para ler procurando uma lenda.
Ele é repleto de seres folclóricos e mitológicos brasileiros, a leitura é difícil pois não conhecemos a nossa própria cultura em sua totalidade.
Como uma leitora livre e descomprometida, me despi de qualquer forma de julgamento sobre Macunaíma, o herói da nossa gente. Aceitei como ele é, e acompanhei sua jornada pela busca da Muiraquitã perdida.
Esse herói sem nenhum caráter (não mau e nem bom caráter, veja bem, apenas Sem caráter) enfrenta monstros, percorre longas distancias, morre, ressucita, se transforma...parece que ele está o tempo todo fugindo, e assim, percorre todo o Brasil, sem se ater ao tempo ou espaço.
Há muito a ser dito sobre esse livro, usado em vestibulares ou leituras obrigatórias nas escolas...o que faz ele ser temido e odiado, tenho certeza.
Sou apenas leitora e não acadêmica. E essa leitura descompromissada me proporcionou um prazer de poder gostar do livro pelo horizonte que ele descortinou aos meus olhos. Eu vi um Brasil que não conhecia, e senti vontade de saber mais sobre ele.
Creio que essa foi um pouco da intenção de Mario de Andrade. Que nossos olhos se voltassem para a nossa terra. Ele pode não ter sido o mais feliz em sua intenção (em suas palavras, ele produziu uma "obra prima fracassada"), o livro quase precisa de uma tradução de tantos termos que não conhecemos! Mas abriu um horizonte de uma parcela de nossa cultura. Nem Mário de Andrade seria capaz de abarcar em um livro toda essa miscelânea que é o nosso jeitinho.
E mais do que nunca a frase preferida de Macunaíma é parte do que eu penso:
- Ai que preguica! de quem julga sem saber, das opiniões sem fundamento, da mesquinhez de desprezar sem conhecer.
"Muita saúva e pouca saúde os males do Brasil são. - tem mais não".