spoiler visualizarRuivo 15/05/2024
Macunaíma, Herói da nossa gente?
Meus cumprimentos e saudações, irmão/irmã leitor(a)!
Comumente , gosto de subir as análises para o site do scoob sem muito aprofundar, garantindo comentários breves e boas impressões. Nesta ocasião, pretendo sair da mesmice e, de uma vez só, iniciar com resenhas de minhas leituras.
Não esperava que fosse este livro que comprei tão despretensiosamente ? o nome muito me intrigou ? uma leitura tão complexa, profunda, riquíssima, diga-se de passagem; e, para um total espanto inicial, que se sem tardar desvelou-se numa das mais fortuitas experiências literárias que já tive.
Dado o posto que este livro ocupa na história da literatura brasileira e, sobre todos os aspectos antropológico-culturais do Brasil que ele, o autor, se dispôs a retratar e analisar, que somadas as transformações que passavam na sociedade - me convenceram, ainda na leitura do prefácio - a aceitar o inovador desafio de não só ler o livro, mas buscar conhecer, apreender e compreender os aspectos que permeiam o mesmo, como vida e obra de Mário de Andrade, sua importância no movimento modernista, a cultura da época, e mais sobre a temporalidade, nos mais importantes aspectos?
Abordemos alguns aspectos mais prementes que antecederão a análise:
1.
Um dos fenômenos mais marcantes no Brasil, que o faz ser amplamente definido e conhecidamente rico no mundo todo, são a presença de nos mais diversos aspectos culturais e étnicos, a sua Especificadas de povos e culturas que estão presentes e compõe o país e sua identidade. Fazendo da diversidade cultural umas de suas marcas registradas.
Nesse sentido é válido mencionar que cada povo dispõe de uma série de manifestações artísticas próprias de acordo com seus hábitos e costumes: música, pintura, literatura, escultura, religião, idioma, festividades, crenças?
Contudo, era entendido pelos intelectuais da repica que não que as tidas manifestações culturais eram quase que plenamente de caráter regional, não havendo uma integração, centralização, portanto homogeneização de uma cultura ampla e interligada que falharam em conceder numa identidade puramente nacional. Na literatura e nas artes, até mesmo na cultura erudita no geral, prevaleciam influências europeias - O que num cenário de produção de cultura nacional popular adivinha um certo caráter resultaram num aspecto elitista e excludente de tudo aquilo que era das camadas mais pobres, indígenas, marginalizadas, que produziam culturas.
2.
Nas artes e também na linguagem, uma vez que na época Mario de Andrade teria citado expressamente seus escritos ter percebido a diferença entre a língua escrita e a falada. O que novamente aborda falta de homogeneização.
Uma cultura rica em expressões, ditos, vocabulários e todo tipo de modalidade de discursos que poderiam ser tematizadas e reunidos em algo novo. Essas constantes estruturais perderam Espaço para expressões lusitanas que não representavam o Brasil. Mário de Andrade entendeu também que a literatura da época não era o suficiente para representar as transformações da sociedade e que nele ocorre.
2.1
São Paulo vive o auge da suas transformações sociais, Uma vez que naquele tempo estava na época da alta do café. Um verdadeiro ?boom? para com a industrialização que impulsiona modernização. Fazendo com que avançasse seu Urbanismo. Dando espaço para grandes construções arquitetônicas, prédios públicos, construção de mais estradas, forçando o desenvolvimento do transporte e um dos mais importantes aspectos, aumento da população nas cidades.
3.
Ao decidir elaborar um projeto literário que atendesse às demandas especificadas acima, que construísse uma cultura genuinamente Brasileira que, atendendo suas inclinações vanguardistas, Mario usa de sua experiência de anos pesquisando culturas populares indígenas, somados a todos tipo de estudos em que acumulou conhecimentos sobre diversas formas de manifestações de cultura de todas as partes do Brasil, às convergirá em sua totalidade na composição de Macunaíma.
4. Tendo em vistas os aspectos, expresso algumas anotações que entendi serem pertinentes após a leitura.
- A definição mais adequada, segundo o que apreendi é entender/defini-lo síntese de brasilidade, plural, composta, divergente na medida em que explora um país de proporção continental e multifacetado. Visando atender demandas vanguardistas e (até então emergindo) modernistas.
- Uma série de discussões foram feitas para definir o gênero do livro. Romance, rapsódia, fábula, sátira, paródia? Destaca-se originalidade e riqueza em sua estrutura (José de Paula);
- É uma pujante reflexão sobre a cultura.
- O aspecto mítico/imaginário estará em diversas partes da obra. Mesmo quando a história se passa na grande São Paulo. Visto através das prosas, rapsódias, ditos e crendices que o protagonista carrega, sobretudo ao se deparar com o cotidiano das cidades e o que englobam nas situações descritas;
- A preguiça de Macunaíma é muito pertinente é favorito bordão do personagem. ?Aí, que preguiça? - não apenas significa ócio. É, segundo Pedro Fragelli uma resposta à lógica mecanicista, cinzenta e burguesa alienadores do capitalismo, e o racionalismo desumanizante.
- A falta de caráter, expressa no título é ambígua. Tanto para o caráter no sentido de moral, tendo em vista que Macunaíma é cheio de traquinagens, articulado, contraditório, obsceno, indecente e lascivo. E, no outro sentido, é abordada a falta de homogeneidade da cultura brasileira para constituir uma identidade própria.
- Dou destaque especial para as leituras de ?carta para as icamiabas (possível sátira a carta de Pero Vaz e riquíssimo texto metalinguístico), Macumba (complô de eventos tradicionais culturais do Brasil, em questões antropológicas e religiosas) Ci mãe do mato, Piaimã (apresentação do detentor da joia, seguimento essencial da história e período que marca a transição do cenário do mato ao campo moderno).
Muita Saúva, Pouca Saúde, Os Males do Brasil São?