Sofia Dionísio 31/12/2023
Uma leitura incompleta
Querendo ou não, essa é uma edição para estudo. Estou marcando como lido e fazendo uma resenha porque senão não vai contar como algo que li esse ano, mas eu não cheguei a ler todo o material extra que essa edição trás, que é bastante. Foi uma jornada interessante, que eu precisei para fazer um trabalho longo de faculdade, mas que ao longo da leitura descobri que eu estava cada vez menos interessada nessa jornada. Macunaíma é um livro denso e erudito, bem hermético, o que é até uma falha se você para para pensar que a proposta modernista era justamente romper com o hermetismo acadêmico da literatura que o precede. E bem, é profundamente distinto desse hermetismo ao qual ele se opõe, mas termina sendo tão hermético quanto. Não é uma análise incomum que a vanguarda de 22 abriu as portas para uma nova literatura, mas não soube executá-la, cabendo assim aos romances de 30 a cultivar esse novo "solo fértil". Em resumo... eu não entendi. Não por falta de conhecimento de mundo ou por falta de uma leitura dedicada. Essa é a edição mais completa de qualquer forma, então eu tive mais recursos para me aprofundar, mas ainda sinto que não foram suficientes. Eu cheguei a me divertir, sim, e a entender a importância desse livro (e mais ainda do filme) na cultura brasileira, mas sinto que preciso ler mais algumas teses de mestrado para "entender" de verdade tudo que há aqui. Inclusive, essa é até uma certa decepção minha com essa edição. Sim, ela é mega completa no quesito de versões que Macunaíma já teve, traz todas as variações possíveis em notas e constrói uma "versão definitiva" a partir delas, muito bem elaborada. Mas senti falta de notas de rodapé explicando as referências, as figuras históricas, as interpretações mais comuns de cada trecho. Não posso condenar essa edição crítica por não ser o que não é, mas lamento que não seja, pois seria a melhor forma de aproveitar esse livro.
P.S.: O Mário chamar o Manuel Bandeira, nas cartas que eles trocavam, de "Manu" é a coisa mais fofinha do mundo, iti malia, quero pôr num potinho.