spoiler visualizarVictoria.Fernanda 01/11/2020
Macunaíma o herói sem caráter
Esse conto de Mário de Andrade conta a história de um anti herói, o Macunaíma, que nasceu de uma tribo indigena na Amazônia e cresceu vivendo às margens do rio Uraricoera, filho do medo e da noite, cresceu como uma criança preguiçosa, birrenta e indiferente, sempre usando de sua inteligência e destreza para conseguir tudo que queria. Ele vivia com seus dois irmãos mais velhos, Maanape e Jiguê e sua mãe, mas que depois de um tempo, por culpa de suas ações e traquinagens na tribo, sua mãe decide deixá lo na floresta, onde logo depois encontra o Curupira, que prepara uma armadilha para o herói, da qual ele acaba escapando por simplesmente ser preguiçoso demais para seguir os falsos conselhos que o Curupira havia lhe dado. Em uma aventura sua, ele acaba encontrando sua avó Cotia, que lhe dá um banho de mandioca, com que faz que seu corpo se transforme num corpo de adulto.
Após outros incidentes na tribo e da morte de sua mãe, Macunaíma e seus irmãos decidem viajar juntos, onde no caminho acabam se deparando com Ci, mãe do mato, conhecida como rainha das Icamiabas. Com a ajuda de seus irmãos Macunaíma consegue dominar Ci, se apaixonando e fazendo dela sua mulher, se tornando o imperador do mato virgem. Juntos acabam tendo um filho, mas que logo mais morre, o que deixa Ci extremamente triste e por isso, ela acaba entregando um muiraquitã, um amuleto de pedra verde para Macunaíma, logo depois subindo aos céus para ser transformada em estrela. Amuleto esse que ele perde para o gigante Piaimã, comedor de gente, que vive em São Paulo. Em uma tentativa de ter seu amuleto de volta, Macunaíma e seus irmãos vão até São Paulo atrás do gigante, mas acaba falhando em sua tentativa.
Em seguida ele foge para o Rio de Janeiro em busca de ajuda, onde se encontra com Vei, a deusa do sol, que propõe que ele case com uma de suas filhas jurando fidelidade para tal, mesmo namorando uma portuguesa. Após conseguir seu amuleto verde de volta, o herói volta a sua tribo, mas Vei acaba descobrindo sua traição e joga um forte calor para os braços de uma Uiara traiçoeira, fazendo com que Macunaíma perca seu amuleto novamente e cansado de todas as coisas, e sua batalha com a lua, voa para o céu se transformando na constelação da Ursa maior
Essa obra foi uma obra muito interessante de ser analisada, pois traz uma visão fantasiosa misturada a pequenas sacadas de realidade, e sendo uma obra rapsódia, acaba por trazer uma colagem da cultura brasileira, como lendas, tradições, mitos, regiões e outros elementos, demonstrando que a obra é totalmente focada no Brasil, o que pessoalmente me deixou empolgada, pois temos muito pouco desse conteúdo sendo apresentado dessa forma no país. Deixando claro que o autor da obra quis exatamente passar essa mensagem, fazendo da obra um compêndio da cultura brasileira, junto a críticas, sendo o personagem uma criança no corpo de um adulto, sendo preguiçoso e sendo chamado de herói mau caráter, deixando isso claro que ele faz uma ligação ao Brasil e ao povo brasileiro, já que o Brasil é um país muito novo de povo muitas vezes imaturo e mau caráter. Outro ponto que podemos observar novamente essa ligação, mais precisamente falando sobre identidade racial no país, é quando o protagonista e seus irmãos tomam banho e dos três saem um branco, que representa o europeu, um pardo que representa os indígenas e um preto, que é claramente uma metáfora genial para miscigenação no país. Esses e outros pontos me fizeram ficar muito interessada, justamente por se tratar da cultura brasileira, que muitos de nós são ensinados a não gostar e a não ter um interesse. Finalizando eu realmente recomendo essa obra a todos que querem conhecer o Brasil por outros olhos e explorar a sua imaginação, pois é isso que esse livro trás, uma perspectiva fantástica.