Rodrigo 22/02/2024
Não se abandona o mar
Meu autor brasileiro predileto, Jorge Amado já mostrava, desde o primeiro romance, seu amor poético à Bahia.
Narrando as lutas e amores de um povo guerreiro e sofrido, o autor constrói o imaginário do cais e das viagens que rasgam o território de Iemanjá. Ela acompanha tudo: atenta, amorosa; severa!
O início do livro é um tanto repetitivo, com a insistência sobre as qualidades do mar, bem como sobre o destino imutável dos marítimos. Após alguns capítulos, o autor sossega, e a história se desenvolve, com toda a beleza característica da obra de Amado.
Nutri expectativas sobre um levante dos marinheiros, que se materializa apenas parcialmente. Assim, o autor propõe o embrião de uma revolução que fica para o futuro. No entanto, isso também demonstra a realidade: a vida é luta que se ganha a cada pequeno passo. Mais real, impossível.
Terminei o livro devastado, mas Jorge Amado me avisou: "ninguém pode nascer ou morar no mar sem o amar como amante ou amigo. Pode-se amar o oceano com amargura. Pode esse amor ser medo ou ódio. Mas é um amor que não se pode trair, que nunca se abandona. Porque o mar é amigo, é doce amigo" (p. 249).
Recomendo demais!