Morienti 27/12/2023
Finalmente, do pouco dormir e do muito ler, secou-se-lhe o cérebro, de maneira que veio a perder o juízo.
Do latim, "coxas", derivou o nome das armaduras chamadas coxotes, que cobriam a parte das coxas. Em Castelhano antigo, Quijote, traduzido como Quixote para o dar nome ao protagonista Dom Alonso Quijano.
Escrito habilmente por Miguel de Cervantes, esse romance épico de cavalaria, muito além de uma sátira, é uma obra reconhecida mundialmente e um ode ao espanhol antigo. Tão ricamente trabalhado e descrito que pode, com presteza, servir como o dicionário, que se não oficial, então canonizado, da língua castelhana.
Conta a história de Dom Alonso, que após ter metido na cabeça muitos livros de cavalarias delirou ele mesmo como cavalheiro, e largando toda sua escassa fortuna de fidalgo quebrado, lançou-se na estrada com uma armadura e lança velhas que tinha guardado. No caminho encontra e convence Sancho Pança para seu escudeiro, com promessas mil de fortunas e riquezas.
Um delirante com rasgos de grandeza e outro inocente com rasgos de sensatez, Quixote alucina sobre problemas fantasiosos que não existem realmente, traça tramas maquinados habilmente por sua loucura, se põe à frente para combater situações meramente mal-entendidas e se estrupia em cada nova história.
Apesar disso, nos encanta com discursos heroicos (que aqui novamente Cervantes nos deleita com sua oratória abarrotada de descrições e extensão, por vezes, de duas páginas para uma mesma fala ininterrupta), seu senso de justiça e boa vontade em ver um mundo melhor e protegido. Ah, Dulcinea!
"Finalmente, do pouco dormir e do muito ler, secou-se-lhe o cérebro, de maneira que veio a perder o juízo."
"Porque as lágrimas são o argumento da verdade, e o vencedor da verdade não pode ter coração de bronze."
"As desgraças não vêm sozinhas, mas em tropas."