spoiler visualizarmarialauraeulalio 28/10/2024
Indicado e emprestado pela minha sogra
É um livro cristão de auto ajuda que explora os estereótipos que a sociedade utiliza para rotular as mulheres, fazendo um paralelo com versículos da Bíblia que abordam essas questões e retratam mulheres bíblicas. Convida à reflexão, oferece recomendações sobre como lidar com esses rótulos e expectativas sociais, e disponibiliza exercícios práticos ao final de cada capítulo.
Meu principal ponto de incômodo é em relação às críticas superficiais ao feminismo. Quando discute o papel da mulher - argumentando que ela ou se dedica inteiramente à família e ao trabalho, negligenciando a si mesma, ou prioriza excessivamente a aparência em detrimento dos outros aspectos da vida (o que eu concordo) - a autora sugere que o feminismo leva as mulheres a se afastarem de sua "verdadeira essência", e consequentemente a "perda de valores tradicionais".
A sociedade de hoje é diferente daquela de décadas ou séculos atrás, quando muitos dos valores tradicionais foram estabelecidos. Ainda que valores antigos possam ter aspectos positivos, tivemos grandes evoluções desde então. Nenhuma mulher pode negar os benefícios conquistados pelo feminismo.
Ao meu ver, essa visão é limitada e não se alinha com a realidade da mulher na sociedade atual, além de revelar um entendimento superficial sobre o que o feminismo representa, já que, na verdade, ele trouxe conquistas essenciais para a autonomia e liberdade feminina.
A própria autora, em um passado mais restritivo, talvez não pudesse publicar seus livros sem correr riscos - provavelmente precisaria escrever escondido, usar um pseudônimo ou depender da conta bancária do marido para receber pelo trabalho, caso ele concordasse em colaborar. Suas ideias dificilmente seriam ouvidas e, se fossem, poderiam ser apropriadas por um homem para que tivessem valor na sociedade. O cenario em que invenções e contribuições de mulheres foram creditadas a homens aconteceu diversas vezes ao longo da história: Lise Meitner, Esther Lederberg, Ada Lovelace, Nettie Stevens e Margaret Keane, (essa história inclusive é retratada no documentário Big Eyes, na Netflix)
O feminismo, nesse sentido, não afastou a mulher de sua essência, mas nos deu a oportunidade de ocupar nosso espaço, o que não tira em nada o valor dos homens ou a necessidade de priorizarmos nossa família.
Quanto à visão sobre a "submissão" da mulher ao homem, pode ser apenas uma questão de ignorância minha perante ao assunto. Não tenho o contexto completo que leva a esse tipo de fala e ideia. Mas não posso negar que me causa repulsa, especialmente pela escolha das palavras.
Para além disso, ela fala muito sobre a mulher sempre se ocupar, nunca ter descanso, pois está sempre tentando se aprimorar e melhorar a vida de sua família. Por um lado, isso parece fazer sentido. É verdade que somos constantemente bombardeadas por distrações (principalmente redes sociais atualmente). De fato, devemos focar no essencial e deixar de lado o que é superficial. No entanto, focar no essencial também implica compreender o que se passa em nosso emocional e em nossa mente para assim ter clareza sobre nossas prioridades e não apenas reprimir sentimentos em prol da produtividade. As mulheres são, muitas vezes, condicionadas a servir, a estar à frente de tudo e a priorizar os outros, colocando a si mesmas em um papel secundário. Esse pensamento reforça a ideia de auto-sacrifício, ainda que o livro destaque que é importante que a mulher tenha tempo para si mesma.
No mais, essas foram as reflexões que eu achei interessantes durante a leitura:
Muitas vezes, nos mantemos fiéis a pensamentos e crenças que nos atormentam há anos. Isso inclui uma auto percepção negativa, onde acreditamos que nunca seremos alguém na vida e não podemos alcançar sucesso ou realização. Insistimos em nos dizer a mesma coisa, sem cessar, para que não tenhamos esperanças, não esperemos algo melhor. Nesse contexto, o acreditar proporciona um movimento. Quando temos fé, conseguimos planejar e agir, sem precisar de justificativas, mesmo quando não temos plena clareza de como alcançar os objetivos.
O ócio é uma porta para pensamentos negativos. Manter a mente ativa e produtiva é fundamental para evitar esse ciclo. Uma vida ocupada com propósito se sustenta no habito de:
- Cuidar da saúde
- Cultivar da vida espiritual
- Ser autêntica e cuidar de si
- Focar nas responsabilidades (trabalho, casa?) e fazer o seu melhor em cada área
A mulher virtuosa reúne qualidades como doçura, humildade, honra, criatividade e autenticidade. Ela mantém a paciência e a amabilidade, mesmo em meio às dificuldades. O autocuidado é essencial para esse bem-estar. Quando nos cuidamos, tendemos a sentir mais confiança e realizar o que queremos com mais satisfação. O autocuidado começa com a consciência do porquê de se cuidar e, em seguida, a ação.
Quando somos louvados, nosso sacrifício é honrado. Qualquer mulher pode ser boa mãe, dona de casa, amiga, funcionária ou chefe se quiser. Tudo que precisa é dar seu melhor e ser uma boa aprendiz para que possa melhorar. A mulher virtuosa, contudo, também teme a Deus, o que a faz ser excelente em todas as coisas. A mulher que teme a Deus e o tem como centro da vida é mais propensa a agir com diligência e integridade, dificilmente desviando atenção para o que não é importante. Dificilmente se torna dormente ou pouco ativa. Temer a Deus é se manter afastada do que atrapalha seu relacionamento com ele, e assim, manter o foco no que é importante, evitando distrações que prejudicam seu crescimento.
A mulher extraordinária se destaca sem precisar exigir reconhecimento, é notada por seu exemplo e pela sua capacidade de inspirar. A dignidade está diretamente ligada à reputação e ao caráter. Respeito é conquistado através de uma vida digna, onde o caráter e a humildade se destacam. Essa humildade advém da força, que está na capacidade de reconhecer os próprios erros, buscar o que é certo e reconstruir sempre que necessário. O caráter também se constrói pela capacidade de discrição, agindo e falando de forma a preservar a sua privacidade e evitar ofensas.
Por fim, essas mulheres influentes costumam apresentar características como
- Coragem e proatividade
- Capacidade de se colocar à vista dos outros
- Excelência nas suas ações e aparência