Pandora 01/11/2017Lula Bernardo é um alagoano que decide ir para Recife tentar uma vida melhor. Lá passa muitos anos, até que resolve voltar para sua terra para procurar a família e também para, com o seus conhecimentos, ajudar o seu sofrido e miserável povo.
Estabelecido em Bebedouro, uma pobre vila no meio do manguezal, Lula decide criar carneiros, uma novidade na região. Apesar do estranhamento, seu jeito simples de patrão que quer ser ao mesmo tempo amigo, o faz ser conhecido por toda a gente como uma pessoa boa, mas, também um estrangeiro, um diferente, não um deles. Determinado a melhorar as condições de vida daquele povo miserável, sujo e doente de malária, Lula tenta explicar a eles coisas básicas sobre higiene, mas com o tempo, descobre que tem muito a aprender com eles também.
Além da vida difícil num lugar onde a natureza pode ser muito traiçoeira, há a figura do coronel Totô de Canindé, um criador de porcos violento e dissimulado, que às vistas trata Lula com deferência e uma fingida humildade, mas que pelas costas vai destruindo tudo o que ele constrói. Pioca, o braço direito de Lula, tenta alertá-lo o tempo todo que ele deve ter uma atitude mais rígida e de enfrentamento com o vizinho, mas Lula, na sua ingenuidade de paz nunca o ouve, com graves consequências.
Uma narrativa essencial sobre o nordeste e sobre o povo brasileiro que a gente não vê.
"- Zé Pioca, estou aqui para viver, para fazer vocês viverem de novo numa terra nova. Isso é o começo da terra, Zé Pioca.
- Desculpe a palavra, patrão, mas a gente está aqui mais pra morrê do que mesmo pra vivê. Não acho isso começo de terra não, patrãozinho. Isso é mais antes o rabo do mundo. Isso fede, não está sentindo não, patrãozinho?"