Resenhas - Madame Bovary

eueduardalima 16/07/2024

Madame Bovary
Emma, era uma uma mulher egoísta que não se importava com os sentimentos das pessoas que a amavam. Ela ansiava por felicidade e por um amor intenso e verdadeiro, mas são sentimentos que ela seria incapaz de retribuir, pois era uma egoísta sem sentimentos.

"Ela não era feliz, jamais fora. Donde vinha então essa insuficiência da vida, essa podridão instantânea das coisas onde se apoiava? Mas se havia em alguma parte um ser forte e belo, uma natureza valorosa, cheia ao mesmo tempo de exaltação e refinamentos, um coração de poeta em forma de anjo, lira com cordas éreas, soando para o céu epitalâmios elegíacos, por que, por acaso, ela não o encontraria?"

Mari Uchôa 15/07/2024

Madame Bovary
A Sra. Bovary é uma personagem complexa, que me fez refletir bastante. Primeiramente, ela me fez pensar sobre a sociedade da época e como as mulheres eram podadas, podendo sonhar (?) no máximo com romances. Um mundo de homens.

Uma curiosidade que instigou minha leitura: O livro foi publicado em 1857 e causou grande controvérsia na época devido ao seu conteúdo considerado imoral e à crítica à sociedade burguesa. Flaubert foi levado a julgamento por ofensa à moral pública e religiosa, mas foi absolvido, e a obra se tornou um marco na literatura realista.

O Sr. Bovary é uma pessoa simplista e tem tudo o que mais sonhou: médico, casado com uma mulher que acha linda e que ele ama, vivem em uma boa casa. A vida para ele é isso, e é maravilhosa para ele sendo assim! Mas, a Sra. Bovary espera mais.

Como disse, é uma personagem construída na complexidade humana, não cabendo em dicotomias como: boazinha ou malvada. Entendi profundamente ela em alguns trechos e senti raiva em outros.

Gostei muito da leitura!

Fer 15/07/2024

Li por ser um clássico, confesso. Não sabia o que esperar, mas de um clássico francês eu tinha alguns palpites: drama, burguesia, descrições imensas e mulheres se f&rrando. Adivinhem se eu não acertei tudo?
Achei a leitura bem exaustiva, com descrições de tanta coisa que eu acabava me perdendo no ambiente. Não podemos negar que Flaubert é um BAITA autor, a forma que ele narra as situações traz as sensações de uma forma muito viva, mas ainda assim me arrastei.
Com certeza na época esse livro foi polêmico e surpreendente, mas pra quem conhece um pouco dessa literatura clássica francesa ele não traz nada tão uau.
É um bom livro para pensarmos: ufa, ainda bem que eu não nasci nessa época. Eita como o ódio às mulheres era ainda mais escancarado que hoje! Feliz em ver que de pouco em pouco, avançamos.
Enfim, recomendo por ser clássico, mas não sei se recomendo o livro em si.

Gabi 13/07/2024

Madame Bovary não amava ninguém
Arrisco dizer que não amava nem a si mesma, ou jamaia se sujeitaria a situação de se casar por um motivo que não seja amor.
Emma, nossa madame Bovary era uma garota culta, diferente das meninas da epoca, ela estudou, aprendeu a ler, escrever, tocar piano, era uma grande mulher, mas como eu disse, mimada, quando teve que voltar para o campo a fim de cuidar de seu pai, foi infeliz, uma vez que estava acostumada com a cidade grande, e as madames que nela moravam.
Charles, era um médico, não um médico de grandes status, nem nada do tipo, este foi obrigado a estudar medicina, ele era um homem qualquer, sem muitas ambições.
Emma, queria alguém como ela, não, ela queria alguém que pudesse bancar o que ela na cidade grande, e o que era melhor para isso do um médico?
Infelizmente, ou felizmente ela se deu mal, Charles não era o que ela pensava ser, e este a amava, porém a madame Bovary jamais valorizara isso.
No decorrer, a vemos se frustar, se magoar e magoar aos outros, com um narzizismo doentio, eu a vejo como uma mulher louca e safada, sem caráter, porque até entendo, que na época, separação era realmente só na morte, mas foi ela que se colocou nessa vida, logo devia o minimo de respeito ao marido, que fazia o maximo para bancar
suas vaidades, vestidos caros, empregadas, casa grande, decorações rebuscadas. Enquanto ela, corria atrás de outros homens pela cidade, fiquei satisfeita quando as
coisas deram errado, e na minha opinião seu final foi mais que merecido, pois deixou Senhor Bovary livre para encontrar alguém melhor, e ela, bom ela achou o que procurou...


Eu odiei o livro, pois odeio ler sobre mulheres não virtuosas, ela tinha tudo para ser alguém incrível e a frente de seu século, mas ela se rebaixou a homens e homens, viver a vida não é ter milhares de pretendentes e enganar seu marido, viver a vida, teria sido, não se casar, e então poder ser uma mulher com muitos homens e inteligente, eu teria preferido ler sobre isso, mas o enredo não é tão ruim, porém a história é muito enrolada tem muito detalhe desnecessário, isso torna ela chata e maçante, mas eu li até o final para ter lugar de fala

Vinipr63 12/07/2024

Não esperava tanto erotismo em um livro de quase dois séculos. Essa surpresa trouxe personalidade a personagem que se utiliza disso para se livrar do tédio. Quem pode culpa-lá?

Lalis17 11/07/2024

Achei a narrativa apesar de bem escrita, arrastada, demorei pra concluir a leitura,a história da protagonista é complicada, pois ela é uma mulher insatisfeita com sua vida, vive de sonhos, fantasias, fora de sua realidade. Sempre busca mais do que alcança. Quem gostou me fala, porque eu confesso que achei tediosa.

Silvania.Beatriz 10/07/2024

Bovary Mulher
Madame Bovary vai contar a história de Emma, uma mulher que gostava de ler e sonhava em viver um romance cheio de paixão, aventura e êxtase como descrito nos livros. No entanto, ao casar-se cm Charles Bovary, Emma sente-se frustrada ao perceber q ele não era um homem como ela esperava, idealizava. Logo Emma sente-se entediada com a vida de casada e de mãe (como era a vida das mulheres na época), e a história começa a se desenrolar nos apresentando os dois homens q virão a ser os amantes de Madame Bovary e os problemas que ela vai ter no decorrer da narrativa.

Em alguns momentos dá uma raivinha de Emma, por sua ingenuidade em acreditar em tudo o q seus amantes falavam e sempre ela saia prejudicada, por sua imprudência em relação aos gastos e por seu completo abandono pela filha, por vezes percebe-se a falta de amor q ela sente pela menina (Berthe), que no fim é a mais prejudicada.

Mas a escrita de Flaubert é maravilhosa e me fez imaginar e sentir o q as personagens sentiam. Na história tem muitos outros personagens, até fiquei um pouco perdida no começo, mas depois deu para compreender a importância de cada um para na obra. Gostei!

Manuzinha_xd 10/07/2024

Clássico bom, mas não ótimo; muito menos excelente.
Gustave Flaubert possui uma escrita muito prolixa, cansativa, mas que no ponto máximo, instiga (por exemplo: no final do livro). Pelo menos o começo do livro é bem chato.
Já as personagens, não gostei de nenhuma, nem consegui gostar direito da coitada da Berthe, já que ela mal aparece, mas pelo menos são complexas. Futilidade, hipocrisia, ego, ilusões, mentiras, traições, dinheiro, consequências, paixões estão em todo o livro, e todas são culpa das próprias personagens. Emma, pra MIM, é uma péssima esposa, mãe e pessoa. Já Charles, tenho pena e raiva dele, ele é a prova da frase "o 🤬 #$%!& é sempre o último a saber", e era tão vazio por dentro. Já Berthe, a filha, fico triste por tudo que teve que passar.

Vitoria 10/07/2024

Paixão, felicidade e prazeres
?Madame Bovary? é uma ficção francesa escrita por Gustave Flaubert e protagonizada por Emma Bovary. Emma é uma mocinha criada na região rural francesa que sempre possuiu sonhos burgueses, sonhava com os bailes, a moda e o estilo parisienses, e é inspirada pelos livros românticos adquiridos inicialmente no internato, mas que a acompanharam pela vida, Emma quer viver as paixões mais puros, os amores mais intensos e os prazeres mais imediatos, é uma personagem única, que ama amar e se deixar levar pelas emoções do momento. Emma é bela, jovem e sensível, mas é também ingênua, mesquinha e imprudente, a personagem consegue dividir opniões, pois suas ações são em parte justificáveis, mas tornam-se descontroladas.

Emma Rouault casa com Charles Bovary, na crença de que suas fantasias românticas burguesas seriam satisfeitas, mas a realidade a decepciona. Charles é um médico feliz com seu casamento e contentado com o seu estilo de vida, de pensamento medíocre e sem grandes ambições. Emma não é a típica burguesa, que encontrou felicidade matrimonial no casamento (pois é infeliz com seu marido), nem realização econômica (pois apesar de não serem ricos, Emma consumia como se fossem, contraindo muitas dívidas) e muito menos realização materna (pois nunca ligou para sua filha). Portanto, Emma é a quebra com o padrão burguês que estava se formando na época.

Além disso, Emma comete adultérios e se deleita com a ideia de ter amantes, é, constantemente, levada pela paixão e erotismo, que a fazem enxergar almas gêmeas em homens medianos e babacas. Na época, mais que hoje, o adultério era mal visto, porém estava presente em grandes romances do século XIX em Anna Kariênina, de Tolstói. Flaubert justifica as atitudes de sua mulherzinha afirmando que ?Emma Bovary sou eu?, ou seja, Emma pode ser Flaubert, pode ser eu, pode ser você. Todos somos deixados levar pela paixão e emoção. E essa é a importância de Madame Bovary. Apresentar uma realidade alternativa da qual estava sendo propagada, um modelo no qual o Iluminismo burguês falhou.

Quanto a parte ética, acredito que Emma tem atitudes condenáveis, e que seu marido, na maioria das vezes é um trouxa apaixonado. Mas enfim, gostei muito da obra, acredito que traz problemáticas muito relevantes, e misturado com uma linguagem coesa e acessível e descrições impecáveis de ambientes e sensações, Madame Bovary é um livro de cinco estrelas.

Recomendo!!

Mariana113 09/07/2024

Trágico e arrastaaaado
A proposta é taooo boa, o enredo geral é realmente instigante e muitíssimo a frente de seu tempo, não é atoa que seja tão venerado depois de anos.

Mas as descrições detalhadas e incessantes deixam a história lenta demais, mas temos que pensar que é um livro 1850 ?

A Bovary passou por maus bocados, teve um marido que fez de tudo por ela e mesmo assim, dois amantes que se provaram indiferentes pq no final, ela só estava entediada.. a monotonia da cidade pequena foi mais forte para ela, que só queria grandes momentos.

Fim trágico e família desgraçada, acho que eles mereciam mais. Foi difícil terminar, acabei apelando pro audiobook q foi uma ótima alternativa pq ?li? a terceira parte inteira em dois dias, oq seria impossível lendo, levaria no mínimo uma semana.

Haddie 08/07/2024

Emma, Emma..
O livro é mto bom , merece ser lido. Emma para mim era uma personagem extremamente narcisista e seu marido extremamente iludido. Um livro mto bem escrito mas no final acho q deixou a desejar , um final um tanto trágico , que acaba afetando uma família inteira e principalmente pessoas inocentes ( não que isso não aconteça na realidade). Esperava que a pequena Berthe encontrasse melhor destino

MaGiaC 05/07/2024

"Emma Bovary c'est moi"
Flaubert usa a frase "Emma Bovary sou eu" na defesa de seu romance acusado de ofender a moral e religião da frança do século 19.

Emma Bovary sou eu, pode ser você, e qualquer outra pessoa.

Essa é uma história de como uma mulher arruína uma vida perfeitamente "ok", monótona e segura em busca da sensação de paixão avassaladora retratada nos romances que lia.

Emma mora numa cidade comum, tem uma condição social comum, é casada com um cara comum, e pra ela a mediocridade é sufocante.

"Antes de casar, ela acreditava amá-lo; mas como felicidade que deveria resultar desse amor não aparecera, só podia ter se enganado, pensava. E Emma buscava saber o que significava exatamente, na vida, as palavras "felicidade". "paixão" e "embriaguez de amor", que tão belas pareceram nos livros."

Ricardo Acioli 02/07/2024

Madame Bovary - a idealização da realidade
Li esse livro por mais de uma vez e coloquei-o como um dos meus prediletos - enquanto estava no colégio. Em muitos momentos, identifiquei-me não só com Madame Bovary, como também com suas vontades, já que meu conhecimento de mundo se limitava aos livros e, por consequência e por fato, a realidade demonstra ser totalmente diferente.
Acredito que, em razão disso, Madame Bovary age como agiu e teve o final que lhe era designado em razão de suas próprias escolhas - arrisco, aqui, a ser bastante racional para com ela.

Sophie556 02/07/2024

Madame
Emma Bovary, a protagonista, é uma personagem complexa e contraditória,
cuja insatisfação com a vida medíocre leva a decisões impulsivas e autodestrutivas.
Flaubert (19981) oferece uma análise profunda de suas motivações e de sua busca
incessante por um ideal romântico inalcançável. A narrativa, que acompanha Emma
desde seu encontro com Charles Bovary até seu trágico fim, detalha suas frustrações
e desilusões de maneira minuciosa, revelando a profundidade de seu desespero.
crítica à sociedade burguesa é um elemento central na obra e que Flaubert
descreve com precisão a superficialidade e mediocridade dos personagens que
rodeiam Emma, especialmente Charles Bovary, um homem de poucas ambições e
ainda menos talentos. A vida do casal é retratada com uma precisão quase cruel,
evidenciando a monotonia e o vazio existencial que caracterizam que conectam a obra
aos estudos posteriores de autores como Sartre. Ademais, esse apresenta uma forte
leitura da questão social a época quando faz crítica a futilidade e o materialismo da
burguesia.
A prosa de Flaubert (1981) é marcada pelo seu estilo claro e preciso que
objetiva capturar a realidade com autenticidade. Ademais, sua construção rejeita a
inspiração romântica em favor de uma abordagem que valoriza o trabalho árduo e a
meticulosidade. Esta opção é evidente na estrutura do romance, que avança
lentamente, permitindo ao leitor imergir na monotonia e frustração da vida de Emma.
Ademais, seu estilo narrativo estabelece um novo padrão para o romance moderno,
combinando descrição detalhada com análise psicológica profunda.
Diante da complexidade da obra, é possível fazer uma análise holística sobre
sua construção. Por exemplo, quando da compreensão hermenêutica permite
interpretar seu contexto histórico e cultural quando o autor opta por expor as
frustrações e as ilusões de uma mulher presa em um mundo de expectativas sociais
e culturais restritivas. Verifica-se ainda uma abordagem estruturalista revela a
complexa rede de signos e significados que compõem o texto. Essa marca pode ser
vista quando da oposição entre realidade e ilusão é central na narrativa, com Emma
Bovary personificando o conflito entre suas aspirações românticas e a banalidade de
sua existência cotidiana. A estrutura do romance reforça essa dicotomia, sublinhando
a tensão constante entre desejo e realidade.
Outra percepção é o critério psicanalítica que oferece uma leitura profunda dos
desejos inconscientes e dos conflitos internos dos personagens. Esse elemento é
possível de ser verificado quando o autor remete elementos narrativos a personagem
e a em um ambiente de tensão e com a personalidade emblemática de insatisfação e
busca incessante por preenchimento emocional. Suas ações refletem um vazio
existencial e uma tentativa desesperada de encontrar sentido em uma vida marcada
pela monotonia e pela frustração.
Estilisticamente, Flaubert (1981) é reconhecido por sua prosa precisa e límpida
cuja descrição detalhada e a construção cuidadosa de cenas criam uma narrativa que é objetiva e rica em significado. Esse estilo faz com que a condução da escrita evite
excessos emocionais, mas consegue transmitir uma intensidade profunda através de
sua atenção minuciosa aos detalhes.
É possível ainda fazer uma abordagem sociológica examina Madame Bovary
como uma crítica mordaz à sociedade burguesa de sua época. Nessa perspectiva,
verifica que o autor utiliza seus personagens para expor a superficialidade e o
materialismo que caracterizam essa classe social. Através de Emma e de outros
personagens, o autor critica a mediocridade e as limitações de uma vida centrada em
valores superficiais e frívolos.
Há ainda elementos que permitem a percepção genética evidenciados quando
o autor explora o processo criativo ao revisar incessantemente seus manuscritos,
buscando a perfeição em cada detalhe. Esse perfeccionismo é evidente na elaboração
de Madame Bovary, onde cada palavra e cada frase são escolhidas com extremo
cuidado para criar um texto harmonioso e preciso.
Por sua vez, análise poética destaca os aspectos estéticos e artísticos da obra
e opção de Flaubert (1981) em descrever e transformar o cotidiano em algo
extraordinário através de descrições vívidas e imagens sensíveis. Sua prosa possui
uma qualidade quase poética, que eleva a narrativa e confere profundidade emocional
aos eventos aparentemente banais da vida de Emma.
E como mencionado, ligando a abordagem existencialista, ainda que de fato
essa escola só seja reconhecida algumas décadas depois, e com traços niilista
abordagem filosófica explora as questões existenciais e morais levantadas pelo
romance. O autor aborda temas como a busca pela felicidade, a insatisfação crônica
e a alienação. Flaubert questiona a possibilidade de realização verdadeira em um
mundo repleto de ilusões e de expectativas frustradas, oferecendo uma reflexão
profunda sobre a condição humana.
Retomando a análise dos elementos subjetivos do autor que impactaram na
construção da narrativa, um exame das cartas de Flaubert (1981) revela sua
centralidade no processo de escrita e ainda possibilita uma visão íntima das
dificuldades enfrentadas pelo autor e de sua obsessão pela perfeição estilística que
implica em uma escrita como um processo de escultura, em que cada palavra e frase
deveriam ser cuidadosamente lapidadas para alcançar a harmonia desejada. Este
enfoque revela o compromisso do autor com a qualidade literária e a precisão
expressiva.
A construção dos personagens refala a habilidade do autor de criar figuras
humanas realistas e complexas. Por exemplo, Emma, com suas ambições
desmedidas e constante insatisfação, é simultaneamente trágica e fascinante. Sua
busca por uma vida cheia de paixão e aventura contrasta dolorosamente com a
realidade banal e sufocante que enfrenta, tornando-a uma figura emblemática da
literatura. Este contraste ressalta a tragédia de sua existência e a profundidade de seu
desespero.
Ademais, esse consegue criar uma ambientação de elementos psicológicos
que revelam ao leitor sua tentativa de fuga da monotonia e bucolismo que é superador
ao envolver em dívidas e relações extraconjugais que apenas aprofundam sua
miséria. Flaubert (1981) descreve essa espiral descendente com uma clareza e frieza
que destacam a futilidade de suas aspirações. Esta crítica é uma reflexão sobre os
valores materialistas da sociedade e a busca vazia por gratificação imediata.
Outro ponto que mercê destaca é a opção pela construção de um eu marcado
pela onisciência do narrador, que oferece uma visão abrangente dos pensamentos e
sentimentos dos personagens, especialmente de Emma Bovary. A voz narrativa é
impessoal e objetiva, caracterizada pela busca incessante de Flaubert pela "palavra
justa", o que confere ao texto uma precisão linguística notável. A estrutura narrativa é
linear, com um ritmo deliberadamente lento que reflete a monotonia e a insatisfação
da vida provinciana. O ponto de vista é predominantemente em terceira pessoa, mas
Flaubert (1981) utiliza o discurso indireto livre para mergulhar na subjetividade de
Emma, permitindo ao leitor uma compreensão mais profunda de suas emoções e
motivações.
Além disso, o romance apresenta uma caracterização detalhada e realista,
onde cada personagem que é construída com traços psicológicos complexos. A
ambientação é rica em detalhes, proporcionando uma visão vívida da sociedade
francesa do século XIX. A temática central gira em torno da insatisfação e do desejo,
explorando as ilusões românticas de Emma e suas consequências trágicas. O estilo
de Flaubert é marcado pelo uso de descrições minuciosas e um tom crítico que
sublinha a superficialidade e o materialismo da burguesia.
Nesse ponto, destaca-se um clímax que está em torno da desilusão existencial
e amorosa de Emma Bovary é amplificada pelos padrões patriarcais e pela rigidez
social da época, refletindo as tensões entre os ideais iluministas e a realidade do
século XIX. A personagem se percebe e é descrita como aprisionada em um casamento que lhe oferece segurança material e sem nenhuma realização emocional,
busca desesperadamente um amor que transcenda as limitações impostas por uma
sociedade dominada pelo patriarcado. Essa busca incessante por paixão e significado
a leva a uma série de relações extraconjugais que, longe de lhe trazerem a felicidade
desejada, aprofundam seu sentimento de vazio e desespero. A obra critica a forma
como o patriarcado sufoca as aspirações femininas, relegando as mulheres a papéis
subservientes e negando-lhes a possibilidade de autodeterminação. O contraste entre
os ideais iluministas de liberdade e razão e a realidade opressiva que essa enfrenta
revela uma profunda crítica à hipocrisia da sociedade burguesa, que proclama valores
de progresso e igualdade enquanto perpetua estruturas sociais que aprisionam e
oprimem, especialmente as mulheres.
Já a linguagem é precisa e econômica, evitando sentimentalismos e focando
na clareza e na objetividade e utiliza de simbolismo sutil, mas significativo, com objetos
e situações que refletem o estado interior dos personagens. Destaca-se ainda a
utilização da ironia enquanto uma ferramenta constante, utilizada para criticar a
hipocrisia social e os valores burgueses. Outro ponto são os cenários e narrativas
secundárias que fazem com que trama subtramas que enriquecem a narrativa
principal e desenvolvem temas como o adultério, a religião e a medicina.
Percebe-se que o estilo narrativo de Flaubert (1981), que combina descrição
detalhada com análise psicológica penetrante, estabelece um novo padrão para o
romance moderno que se afasta dos excessos do romantismo para abraçar uma
abordagem mais realista e crítica, que antecipa muitas das inovações literárias do
século XX. Essa marca o faz, tanto uma obra de seu tempo quanto uma antecipação
das complexidades da literatura moderna. Este avanço estilístico e temático solidifica
a importância da obra no cânone literário.
Verifica-se que a obra, ao mesmo tempo em que oferece uma crítica mordaz à
sociedade de sua época, também proporciona uma análise profunda e trágica de seus
personagens. Esta combinação de realismo e crítica social define a importância
duradoura do romance e a habilidade única do escritor cuja influência continua a ser
sentida na literatura contemporânea, evidenciando a relevância de seu trabalho.
Ademais, através de sua narrativa meticulosa e crítica social incisiva em que a a
essência de sua época estabeleceu novos padrões para a narrativa literária.

Jeanine 01/07/2024

Tentei ler esse clássico e gostar, mas a verdade é que não gostei. Pra mim foi monótono, chato, cheio de palavras arcaicas... a única coisa que me prendeu foi saber como ela iria dar um jeito nas dívidas. Pra mim fala sobre luxúria sem muita expertise da parte de Emma e um amor(?) q não consegue enxergar nada a sua frente, como o do seu marido. A vida deles mesmo antes de casarem sempre foi medíocre e acabou em egoísmo sem pensar na filha. Achei triste esse egoísmo todo.