melmelmelmel 17/06/2024
Madame Bovary me trouxe sensações mistas durante todos os momentos da leitura, eu não consigo saber ainda se eu gostei ou não da obra. Apesar de ter ouvido falar muito bem sobre esse livro, eu não senti que ele atingiu tudo o que eu esperava dele, porém ainda assim é uma leitura boa.
Por ser um livro clássico eu já esperava que fosse um livro com uma quantidade exagerada de descrições e, particularmente, eu adorei o jeito que o autor escreveu cada uma delas, ele sabe dar um toque romântico para cada cena. Havia uma quantidade exorbitante de detalhes, seja sobre a aparência de Emma, seus vestidos, as paisagens, as casas... mas eu não senti que essas coisas foram escritas de forma exaustiva, ficou bem encaixado nos momentos da história.
A Emma é uma personagem que te faz sentir emoções completamente opostas em um curto período de tempo, ao mesmo tempo que eu me empolgava em observar sua maneira ambiciosa de ser, me irritava profundamente como ela conseguiu ser uma mulher mimada e estúpida em diversos momentos. Ela é uma personagem cheia de expectativas e com uma sede insaciável de aventuras, ela quer ler todos os romances, tocar todas as músicas, conhecer todas as pessoas e lugares e, portanto, acaba se desiludindo diversas vezes durante seu percurso. Por ser uma mulher em uma época bem mais conservadora, como ela mesmo diz durante a história, não haviam muitas aventuras que lhe fossem concedidas, sua vida, suas experiências, seu conhecimento é basicamente o que acontece na vida dos homens ao seu redor.
Emma é uma personagem extremamente ingênua, ela comete diversos erros durante seu percurso e em nenhum momento aprende com esses, volta a repeti-los depois, é seduzida facilmente com algumas palavras encantadoras e jogada de um lado por outro. Ela que tantas coisas ao mesmo tempo que acaba ficando indecisa, completamente inconstante e temperamental como o mar.
Tudo que ela esperava da vida de casada acaba sendo jogado pelos ares, rapidamente percebe que a empolgação que tanto esperava sentir não existe e o mesmo se repete com a tarefa de ser mãe, logo perde completamente o interesse por aquela pequena criança à quem deu a luz. Como leitor podemos perceber isso ainda mais porque o Charles e Berthe são completamente jogados para escanteio em vários momentos, eles somem em diversas partes e não recebem, por parte da Bovary, nem uma menção sequer.
Eu imaginei que o Charles seria o típico marido babaca, que ele seria super controlador e machista durante toda a história, mas ele era realmente um cavalheiro. Mesmo sendo um tanto quanto sem sal, quando você olha para a sede de novidades da Emma, Charles se esforçava muito pra sempre manter a esposa satisfeita e dar tudo que ela queria, o que me fez sentir ainda mais ódio da Emma durante a história.
A Emma tem diversas nuances que poderiam me fazer me identificar com ela, esse desejo ardente de consumir e ser consumida pela vida é a característica que mais marcou nesse quesito, mas ela é uma personagem que eu tive muita dificuldade em me conectar.
É uma leitura para se fazer em um momento muito específico da vida. Não recomendaria de jeito nenhum para pessoas que estão começando clássicos agora ou que não gostam de muitas descrições. Porém, se você é uma mulher e chegou na fase adulta agora, talvez esse livro vire um favorito da vida.