Mariana Destacio 31/07/2020Cansativo ao extremoNão consigo me lembrar de um livro que me deixou tão cansada quanto este. Trinta e cinco dias pra ler 360 páginas. Nem acredito que terminei.
O livro conta a história de Emma, moça jovem, bonita e de poucas posses que se casa com Charles, por mera conveniência, um médico simples, pobre, que não desejou mais nada nesse livro inteiro a não ser agradar a protagonista, sempre sem sucesso. Pobre Charles, foi um bom homem.
Emma está constantemente entediada. Sempre procurando algo. Sempre com aquela sensação de que a vida já estava inteira escrita e nada de novo nunca ia acontecer. Ela se casou, nunca seria rica, teve uma filha, seria sempre a esposa e mãe, vivendo em uma casa pequena, sem luxo e com uma marido que ela não amava e não admirava nem um pingo.
O que leva ela a se aventurar no adultério. Começando com pequenos flertes onde a empolgação não chegava, mas se não viria dali, então de onde? Até que se chega as vias de fato. Têm-se aquele fogo repentino, mas logo resulta em um coração partido, seguido de uma depressão. Então, surge outro romance.
Assim segue a história. Emma se desdobrando para ter esses casos escondidos, fazendo
dívidas que não pode pagar, implorando por ajuda e enfim se encaminhando para um final
trágico que não poderia ser diferente, mas que me surpreendeu mesmo assim.
O que mais me incomodou no livro todo foi a execução da história, a escrita do autor. Achei bem arrastada, com descrições imensas, poucos diálogos. E apesar de eu ter passado mais de um mês com a Emma, nunca consegui ouvir ao certo sua voz. O autor sempre me dizia o que ela pensava, o que ela sentia, o que queria ou não fazer, mas ela raramente falava. E quando falava eu não conseguia senti-la. Faz sentido?
Talvez porque ela sempre estava em busca de algo, sempre naquela "bad", "summertime sadness", (olá Lana Del Rey). Gosto de acreditar que isso foi proposital do autor. Acho que ele quis que nós nos sentíssemos assim como Emma. Presos. Sem perspectivas. Procurando uma alegria falsa, encontrando em pequenas e concentradas doses, e depois ficando naquela abstinência. Terminei a parte I assim como Emma: me sentindo sufocada, precisando mudar de ares. As outras partes não melhoraram.
Mas nada disso quer dizer que seja um livro ruim. Foi apenas difícil lê-lo. Ainda assim, não sei bem como classificá-lo. Gostei? Não gostei? Indico? Não indico? Não sei. Pra mim, é um
daqueles livros do tipo "veja por si mesmo". E claro, uma leitura é sempre válida.