Natália 18/05/2020Podemos dizer que Emma Bovary é uma mulher à frente de seu tempo. Numa época em que as mulheres deveriam se contentar com a vida de afazeres domésticos e obrigações familiares, Madame Bovary, de certa forma, se volta contra isso, por ser um tipo de vida que não a atrai. Emma é muito romântica, idealiza tudo, lê muitos romances e espera que a vida tenha as mesmas emoções intensas. Ela começa a ter relações extraconjugais justamente porque ao lado de seu marido ela não sente tais emoções. Nos momentos em que Emma precisa ser esposa, dona de casa e mãe, ela é retratada como uma pessoa infeliz, entediada, irritada.
Porém, conforme avança a narrativa, ela se decepciona de formas diferentes com os dois amantes que teve; o primeiro a abandona e o segundo acaba culminando numa relação tão tediosa quanto o seu casamento.
Como não poderia ser diferente num livro que inaugura o realismo na literatura, as situações são muito reais. Nenhum relacionamento ou personagem nesse livro é totalmente perfeito. Todos possuem suas imperfeições que são muito humanas. A própria Emma não é uma típica mocinha da literatura, ela tem seus defeitos. Mesmo assim, me apeguei muito à personagem e torci muito pela sua felicidade.
Um aspecto que me chamou muita atenção no livro foram as críticas à religião através do personagem Sr. Homais, o farmacêutico. Ao longo da história ele faz diversos apontamentos a respeito da hipocrisia e incoerências da igreja e de seus devotos.
O livro traz muita coisa interessante para se discutir, é um livro bem rico no sentido de que é possível puxar vários temas levantados na história para análise.
Além disso, a escrita é um tanto poética, muito bonita e envolvente. É interessante em alguns momentos quando o autor descreve os acontecimentos pela "ótica" de Emma (o livro é na terceira pessoa, mas os pontos de vista divergem durante a história), ele simula uma escrita igual à utilizada em livros do Romantismo, como uma forma de ironizar o gênero.
O livro é incrível, e apesar de ter achado o final triste, é bastante real e faz sentido com o rumo dos acontecimentos da terceira parte do livro.