Kamilla 23/05/2023Scarlett PsicopataGillian MacAllister é pura maldade, da unha do pé até o último fio de cabelo, uma força maligna que destrói tudo o que toca, pelo menos essa é a opinião dos homens que conviveram com ela rs
Na verdade Gillian é uma espécie de Laura Palmer, que nós iremos conhecer mais pela percepção dos demais personagens a respeito da sua personalidade do que através de suas próprias palavras.
O narrador é um dos homens mais insuportáveis que eu já tive que aturar, mas a história de Gillian consegue manter o livro interessante e o mistério proposto perdura até a última página.
De fato, pelas atitudes da beldade creio que ela tivesse algum desvio mental, fico entre bipolaridade, sociopatia ou até mesmo uma forma bem extrema de narcisismo, o problema é que todos os personagens que irão testemunhar o caráter de Gillian tem bastante a perder dependendo o rumo do testemunho em questão, o que torna todos eles narradores não confiáveis.
O livro é um retrato do Sul americano pós guerra civil, foi publicado pela primeira vez em 1960, então o teor de machismo e racismo é bem problemático para os leitores atuais.
O herói tem uma trajetória interessante de cair bem jovem no 'feitiço' de Gillian a precisar reconstruir a própria vida enquanto se recupera dos efeitos do relacionamento. A suposta heroína e rival de Gillian na narrativa me despertou o interesse por pouco tempo, mas no final eu não consegui gostar dela.
Gillian, como a maioria dos personagens sem voz, deixa alguns eternos pontos de interrogação na cabeça do leitor mesmo depois que o livro termina, ela pode não ser a florzinha mais delicada do Sul, mas sem dúvida é a mais interessante da história.